Ídolos Colorados

Ídolos Colorados: Bodinho (esq) e Larry (dir)

Quem na vida não teve seus ídolos: atores, cantores, personagens e como não poderia deixar de ser, jogadores de futebol. Nunca esqueço em meus tempos de criança, no meu time de botão (futebol de mesa), que era sempre o INTER, tinha uma dupla de ataque infernal: Larry e Bodinho. Eram meus ídolos na época, depois inúmeros outros vieram, alguns verdadeiros craques de bola.

Contudo, para melhor situar-me no espírito do texto, parto de uma pergunta que me foi formulada tempos atrás, que dizia respeito ao jogador mais importante que vira jogar vestindo a camisa do INTER. Na resposta indiquei que não poderia citar um, mas três, de acordo com o gênero e espécie de importância a ele atribuída.

Sendo assim, não tenho dúvidas que o mais eficiente (e também eficaz) foi VALDOMIRO. Suas jogadas pela direita eram mortais para o adversário, tanto nos chutes, como nos cruzamentos e passes. Em grande parte foi devido a ele que o INTER empilhou 8 (oito) Campeonatos Gaúchos consecutivos e 3 (três) brasileiros. Foi o jogador que mais vestiu a camisa Colorada (Em 13 anos estima-se em 800 jogos). Em determinada oportunidade ouvi o Jairzinho (furacão do Tri Mundial de 70) a dizer: “O Valdomiro com seus perfeitos cruzamentos, consagra qualquer centroavante”. Não é para menos que, em fins dos anos 70, ouvi um jornalista a comentar que mais de 40% dos gols assinalados pelo INTER tinham a participação de Valdomiro, quer na feitura, quer no cruzamento, como no passe realizado. Em termos de eficiência (e eficácia) o dado, por si só, já diz tudo.

Time dos Sonhos Revista Placar

Entretanto, se for para responder qual teria sido o melhor (mais craque) jogador que vi vestindo a camisa Colorada, também não hesitaria em citar FALCÃO. Jogava demais, conhecia tudo no trato da bola, notadamente no meio de campo, tanto no aspecto defensivo (1º volante) como na armação e ataque (2º e 3º volantes). Por isso foi denominado o Bola-bola e Rei de Roma. Em texto anterior de nosso BLOG: “A Contratação de um Ídolo”, foi anexado um vídeo contendo uma seleção de jogadas e gols feitos pelo grande Falcão. Vale a pena rever.

Agora, em se tratando de maior, em termos de soberania e grandeza, para mim o jogador chama-se: DOM ELIAS RICARDO FIGUEROA Blander. Não tenho dúvidas em afirmar que foi o maior zagueiro colorado que vi jogar. Meu pai sempre falava em Nena e Oreco (está no Time dos Sonhos), porém de gerações anteriores que não cheguei a presenciar. Além de jogar muito, Figueroa possuía tudo o que se requer de um zagueiro: grande impulsão e cabeceio, domínio de bola, exímio na marcação e desarme, chute certeiro, batida com os dois pés e plena visão de jogo, especialmente na área. Era fino no trato da bola, mas quando precisava engrossar e até jogar feio para evitar o gol adversário, não fazia cerimônias: Palhinha do Cruzeiro e Tarciso lá da Azenha que o digam. Seu lema era: “A grande área é minha casa e na minha casa só entra quem eu convido”.

O capitão Dom Elias Figueroa

Vejam que até Nelson Rodrigues referenciou o ídolo: “Elegante como um conde de smoking, perigoso como um tigre de Bengala. Elias Figueroa foi o zagueiro perfeito”. Nada a contrapor, muito pelo contrário.

Além do mais, Figueroa possuía todas as virtudes de um grande líder e capitão: personalidade, carisma e autoridade. Todos o respeitavam e até o admiravam, inclusive os adversários. Em faltas e erros de arbitragem estava lá para conferir e reclamar, junto aos juízes, impondo sua condição de capitão, por vezes, com gestos ostensivos que, embora não se soubesse exatamente o seu conteúdo, motivavam aclamação e respeito da torcida e, porque não, até dos adversários.

Em 5 (cinco) anos jogando pelo INTER, somente perdeu 1 (um) GreNAL e ganhou todos os títulos disputados (6) contra o time da Azenha. E com ele o colorado obteve o recorde de invencibilidade em Grenais, totalizando 17 jogos seguidos.

Presenciei em diversas ocasiões, quando o time tomava um gol, o grande líder pegar a bola, caminhando em direção ao centro do campo, como a dizer para seus companheiros: “Agora chega, vamos pra cima deles“. Quando necessário jogava na frente e no ataque, fazendo diversos gols na carreira. Nunca esqueço num Grenal (1972) em que perdíamos por 2×1 e veio um pênalti a nosso favor. Figueroa bateu e converteu, mas o juiz, sob a alegação de invasão da área, mandou cobrar de novo. Dom Elias, com uma segurança plena, própria dos grandes comandantes, segundo o repórter atrás do gol que presenciou de perto a cena, informou que Figueroa disse o seguinte: “Não tem problema, eu faço de novo”. E fez. Assim era Figueroa que, embora com toda essa forte personalidade e ousadia, nunca foi expulso em sua carreira.

Figuero no "gol iluminado" - 1º brasileiro do Colorado, 1975

Quando falei em grandeza, é porque vejo em Figueroa o símbolo da dimensão que o INTER alcançou com sua participação. É claro que os dois jogadores antes citados: Valdomiro e Falcão estiveram com ele nas grandes conquistas da década de 70 (Figueroa só não participou do TRI Brasileiro invicto). Na foto anexa do Inter dos sonhos podem ser vistos os 3 (três) juntos além de Carpeggiani e Manga, importantes nos citados feitos. Talvez por ter feito aquele seu “Gol Iluminado” contra o Cruzeiro em 75, em que o INTER passou a ser o pioneiro gaúcho em conquistas além do rio Mampituba e que passamos a ficar situados em outro patamar, respeitados em todo o Brasil, depois América e Mundo é que o chileno manteve esse símbolo, cuja referência da nova dimensão que o mesmo deu ao INTERNACIONAL, está contida na revista do Centenário do Clube.

Ademais, não deve ser esquecido que o nome e imagem de Figueroa extrapolaram para terras muito além das brasileiras, visto que era o capitão da Seleção Chilena (jogou os Mundiais de 1966, 1974 e 1982) e segundo consta em sua biografia, quando ainda atuava no Peñarol do Uruguai foi considerado duas vezes melhor jogador do Mundo, no INTER duas vezes o melhor central do mundo e duas vezes melhor central da América. Em 1975 foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Recebeu quatro bolas de prata da Revista Placar (1972, 74, 75 e 76), além de inúmeros outros títulos de destaque nacional e internacional.

Em seu país, é considerado o melhor jogador chileno de todos os tempos. Isto pode ser constatado ainda hoje, mesmo depois de décadas de sua passagem pelo futebol. É notório que depois dele e os citados Valdomiro e Falcão vieram outros ídolos com bastante carisma e admiração do torcedor, a exemplo recente de FERNANDÃO.

No entanto, como antes referido, ele se tornou a marca da arrancada das grandes conquistas e dimensões mundiais atingidas pelo nosso S.C. INTERNACIONAL. E teve este reconhecimento na festa do Centenário do INTER, quando participou como convidado homenageado, tendo a imprensa comentado ter sido ele o personagem mais procurado e assediado pelos fãs. Isto que vestira o glorioso manto vermelho há mais de 30 anos atrás. Mas, como pode ser transformado em dito popular: “Quem viu FIGUEROA jogar, não esquece FIGUEROA”.

Heleno Costi – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado é a minha paixão!

 

10 thoughts on “Ídolos Colorados

  1. Grande Minossi do Blog Vamo, Vamo INTER, seja sempre benvindo.
    Olha meu amigo, é doloroso para nós que conhecemos um time com comportamento de grande, até temido e respeitado pelos adversários, a que ponto chegamos.

  2. Amigo Heleno, um time que pensa pequeno vai jogar como time pequeno, não tem explicação nós termos um dos melhores centro avantes do País e ele não receber uma bola para chutar, além do fato de estar isolado lá na frente. O Alecssandro já foi queimado pelo mesmo motivo.
    Não entendo a sindrome de pequenez que assola os treinadores e atuais dirigentes do Inter.

  3. É estarrecedor.
    Quem escutou o esporte na Band na hora do almoço de hoje deve ter ouvido o Cláudio Cabral mais de uma vez afirmar: “O Loss colocou o Wilson Mathias em campo para agradar ao Fernando Carvalho”.
    Não podemos desmerecer que o Cláudio Cabral já foi dirigente do INTER no tempo dos mandarins, ao lado de seu primo Ipsen Pinheiro Cabral. Ele tem informações privilegiadas. E como!
    Olha meus amigos, sendo assim a torcida deveria colocar uma faixa no domingo no Beira-Rio com os seguintes dizeres: “Fernando Carvalho, por favor, leve o Mathias para fora do Beira-Rio”. Ao que parece está se repetindo o episódio EDU, o qual tivemos que aguentar um ano, sem qualquer rendimento. É que havia uma grana investida nele.

  4. Vamos por partes,
    Ainda estou indignado com o jogo de ontem. Era jogo para fazer 3 pontos, mas com postura de time pequeno não dá. Se o INTER não pensar grande e não jogar como time grande, sem essa preocupação somente de não perder (volantes e mais volantes) o resultado é o que se viu. A derrota acaba acontecendo. Ontem num debate esportivo da Band ouvi e pensando bem é verdade, diziam que em todas as grandes conquistas do colorado ele jogava geralmente com três e, no mínimo, com dois atacantes. Mesmo na última Libertadores, nas finais, tinha lá na frente: Sobis e Alecssandro. Nem vamos falar no INTER de Dom Elias FIGUEROA (que saudades!) era um time compacto e bastante ofensivo. Pudera, com Caçapava ou Batista na cabeça de área, dois meia atacantes que sabiam tudo como Falcão e Carpeggiani e dois laterais de apoio como Cláudio Duarte e Vacaria, mais Valdomiro, Flávio ou Dario e Lula lá na frende era um abraço. Com essa filosofia tacanha dos treinadores atuais não veremos mais um INTER, ao menos próximo daquele.
    Por favor: Enio Andrade, Telê Santana e Daltro Menezes mandem algumas luzes lá de cima para esses nossos treinadores.
    Bem, vamos ao texto:

    Simone,
    É verdade, o que fizeram com Falcão foi revoltante.

    Melo,
    Já tinhas comentado isso. De qualquer forma, demonstra que o cara, além de tudo que se disse sobre seu futebol era um excelente ator.

    Luciano,
    Conforme te respondi, enviando cópia de e-mail de indignação que mandei para outros colorados. O INTER está tendo comportamento de time pequeno. Acovardado como bem disseste. E quanto a Damião, recebendo aqueles balões, estando de costas sozinho contra 3 ou 4 adversários, é quase impossível fazer acontecer. E mesmo assim, conseguiu um pênalti, que foi mal cobrado pelo D’Alessandro. Aliás, manifestei dias atrás que esse argentino parece o dono do time e todas as bolas paradas tem que ser batidas por ele, sem nenhum, ou quase nenhum efeito prático. Porque não determinam que as faltas na boca da área sejam cobradas pelo Andrezinho? Observe e veja, pelo menos as 20 últimas cobranças do argentino….só cacaca (na cabeça do adversário, na barreira ou para fora). Por favor, vamos mudar esse filme!
    Abraço a todos

  5. ISSO É RIDÍCULO E UMA AFRONTA À MINHA INTELIGÊNCIA …

    “No final da partida, Wilson Matias derrubou Fernando Bob na área e acabou expulso. Rafael Moura não desperdiçou e fechou o placar em 2 a 0. na coletiva, Osmar Loss saiu em defesa do volante e pediu apoio da torcida contra o Cruzeiro, no Beira-Rio.

    – É uma boa oportunidade para falar. O Wilson Matias é um jogador que tem sido muito importante para nosso sistema defensivo. Tem demonstrado muito empenho. O torcedor pode estar dando prejuízo para o rendimento dele por causa das vaias. A torcida tem que apoiar sempre – afirmou.”

  6. Damião depois do jogo…”é a bola quando chega é balão…” E ele ainda arrumou um pênalti para o Inter (não convertido)…é dose não acham?

  7. Heleno, teu texto, tuas lembranças são maravilhosas. Nossa realidade, entretanto, é lastimável. NEI, WILSON MATIAS, ELTON, OSMAR LOSS, GIOVANI LUIGI, é uma bagunça administrativa e tática que não condiz com nossa história. Vendo o jogo contra o Fluminense, SENTI VERGONHA, não de ser COLORADO, mas senti vergonha do time SE ACOVARDANDO com uma retranca composta por vários volantes. Torço para o que o Damião deixe o Clube para o seu bem, pois vão acabar com ele deixando-o isolado e à mercê dos zagueiros. Desculpe o desabafo, teu post não merecia isso.

  8. Alô você Heleno!
    Que viajem me proporcionastes, amigo.
    Vou comentar o paragrafo em que dizes que Don Elias se impunha a arbitragem as vezes usando gestos ostensivos. O comentário é dele: “…partia para cima do juiz, dedo em riste, balançava muito a cabeça e dizia, pode ficar tranquilo seu juiz o sr está apitando certo e tem meu apoio, lá em cima a torcida pensava que eu estava dando um xixi no árbitro e com isso confiava em mim, acabava bem com o árbitro e a massa”. Gênio!

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