Será que o Gigante da beira-Rio encolheu?

A construção do Gigante

Inicialmente, alguns comentários sobre aquele majestoso estádio que vi nascer e crescer, sem qualquer conotação política, especialmente no atual momento de indefinição de sua reforma. A este respeito gostaria apenas de fazer coro àqueles que querem um Beira-Rio remodelado exclusivamente para a torcida Colorada, sem interesses em proveito de terceiros, eis que é a nação vermelha a real merecedora de tal empreendimento, a qual foi de fato quem o construiu.

E por falar em construção, fazendo um breve retrospecto, falava-se no início que a capacidade do Estádio seria para 110.000 pessoas, perdendo no Brasil tão-somente para o Maracanã e Mineirão (Morumbi ainda não existia). Tal número parecia exagerado, considerando que na época Porto Alegre tinha uma população pouco acima de 800 mil habitantes.

Aí foi então que o Eng. Ruy Tedesco, responsável técnico pela obra, informou que a capacidade real do Beira-Rio seria para 90.000 pessoas. Embora menor do que se comentava originalmente, também era um número extraordinário para um estádio particular da época. Seria o maior estádio particular do Mundo, conforme pode ser comprovado no vídeo, no histórico relativo à inauguração.

E nós Colorados ficávamos envaidecidos, ainda mais que a capacidade do Estádio Olímpico da Azenha era pouco superior a 1/3 (um terço) do número citado (90.000), depois, é claro, foi sendo aumentada com reformas. Aliás, nós Colorados o chamávamos de remendão porque o mesmo foi tendo acréscimos durante o tempo, em mais de 30 anos, até sua conclusão na gestão de Hélio Dourado.

A par disso e voltando ao nosso majestoso Beira-Rio, cabe perguntar se o mesmo efetivamente comportava um público de 90.000 espectadores? Respondo que sim e até mais, tanto que no jogo histórico entre Seleção Gaúcha 3 x 3 Seleção Brasileira, na data de 17 de junho de 1972 estabeleceu-se o recorde de 106.554 pessoas. Eu estava no estádio, era impressionante a quantidade de público, estávamos todos exprimidos. Mas, vale dizer que realmente foi colocado o nº histórico anunciado, registrado pelos borderôs. A seguir alguns sites que comentam aquela disputa:

>> Puro Futebol
>> ClyBlog
>> Truculência – Cartola Fórum

Naquela oportunidade ficou estabelecido o recorde, mas houve outros jogos em que o Gigante chegou abrigar 80, 90 e até 100 mil espectadores. Feitas tais considerações vamos tentar responder o questionado que gerou o presente comentário: Será que o Gigante encolheu?

Obras no estádio

Respondo que sim, não propriamente em sua capacidade física, pois a área construída não foi alterada, mas encolheu, ou melhor dizendo, diminuiu apenas a sua lotação. É claro que a grandeza de seu significado para nós Colorados notadamente pelos títulos obtidos tornou-se cada vez maior. Se considerarmos que levamos 6 (anos) após a inauguração (1969) para conseguir o primeiro grande feito de expressão nacional (Campeão Brasileiro 1975), em mesmo nº de anos, últimos 6 (seis), fomos contemplados pelas maiores conquistas de nossa história, iniciada em 2006 com o ganho da Libertadores e coroada neste 2011 pelo Bi da Recopa. Neste ínterim, outras memoráveis conquistas aconteceram (Recopa, Sul-Americana e Bi da Libertadores). Embora a maior conquista de nossa história (CAMPEÃO DO MUNDO FIFA) tenha sido em terras longínquas de Yokohama no Japão, foi em nosso Templo Sagrado, o Gigante da Beira-Rio, que foram preenchidos os pré-requisitos para tanto, ao ganharmos a Libertadores nos credenciamos ao Mundial FIFA.

É claro que em sua existência, o Gigante nos proporcionou outras infindas alegrias, a exemplo do inédito Octa Campeão Gaúcho, Campeonatos Brasileiros, notadamente o único invicto no ano de 1979, Copa do Brasil e inúmeras e incontáveis vitórias. Em conseqüência de tudo que foi referido, vem a indagação: o que aconteceu para que a lotação do Beira-Rio ficasse reduzida?

Em resposta pode-se dizer que algumas foram suas causas. A primeira, deu-se com a extinção da Coréia, espaço criado ao redor do campo para os torcedores de menor poder aquisitivo que assistiam o jogo de pé. Depois houve a criação dos camarotes, reduzindo-se o espaço da arquibancada inferior (geral) e finalmente para atender as exigências da FIFA, que passou a impor medidas de segurança, a fim de evitar a superlotação nos estádios, foram colocadas cadeiras parar proporcionar maior espaço e conforto entre os torcedores.

Projeto do novo Gigante

O que se nota hoje no nosso ainda portentoso Gigante é que o estádio não tem ficado completamente lotado. Fala-se que sua capacidade atual é em torno de 60.000 pessoas, mas sua lotação limita-se aos 45.000 ou pouco mais, de vez que é feita uma equivocada previsão para os associados. O pensamento da Direção é que tendo 110.000 sócios, poderá acontecer que um número expressivo resolva ir a determinado jogo e faltem lugares para acomodar todos os associados. No entanto, na prática tem-se visto que isso não tem acontecido, ficando espaços vazios. E em jogos importantes a lotação fica em torno ou pouco acima de 40.000 torcedores. Com isso o Clube perde arrecadação. E ainda por cima nos dá um certo tom nostálgico ao lembrar o grande público que estivera presente em épocas passados, acima dos 70, 80 mil e até mais espectadores.

Até agora é difícil entender o porquê não se tenha dado uma solução a esse respeito. É só tomar o exemplo do Barcelona e de outros grandes clubes europeus com elevado nº de associados. Utilizam a prática de fazer o associado que deseja ir a determinado jogo confirmar sua presença pela internet até 48 horas antes da partida. Por consequência, os lugares excedentes e não reservados são colocados à venda, assegurando plena lotação e receita. Caso haja alguma confirmação e o associado não venha a comparecer lhe é debitado o valor do ingresso.

Segundo dizem esse seguramente será o caminho a ser seguido pelo INTER no futuro, medida mais que saudável financeiramente para o Clube.

Bem, mas essa já é outra história. Creio ter respondido a questão inicial do Gigante da Beira-Rio ter sua lotação decrescida no tempo e os motivos pelos quais o fato aconteceu.

Heleno Costi – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado é a minha paixão!

4 thoughts on “Será que o Gigante da beira-Rio encolheu?

  1. Ola Melo (teclado sem sinais),
    Parece mentira que o Gigante tenha encolhido tando, mesmo com os motivos apresentados. O que noto, não sei se e impressão minha, mas parece que antigamente havia um espirito de maior solidariedade entre os torcedores. Mesmo para aqueles que chegavam atrasados, a gente exprimia e sempre achava um lugarzinho para mais um. Hoje parece que esse espirito desapareceu. Comprovei o fato no jogo contra o Fluminense, pois cheguei em cima do laço e ninguem dava espaço. As pessoas um tanto egoistas parece que querem assistir o jogo com o maximo de conforto, como se estivessem sentadas num sofa. Talvez isso explique tambem o porque o Beira Rio antes comportava mais gente.
    Quanto ao Saudoso e grande Dallegrave, foi uma das pessoas mais admiraveis que conheci. Sempre bem humorado e de bem com a vida. Ainda pretendo escrever um comentário sobre ele.
    Grande abraço

  2. Alô você Heleno!
    Alguns de nós tiveram a oportunidade impar de ver o “Gigante” (Que era como se denominava o grande estádio José Pinheiro Borda, na época), com mais de cem mil pessoas. Creia meu amigo, mesmo com todas as modificações, extinção da “Coréia”, redução dos espaços em função da colocação de cadeiras, construção de suítes, camarotes e arquibancadas VIP, perder meio estádio me deixa incrédulo.
    SC

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