Quem acompanha futebol sabe que talvez não haja no Brasil maior rivalidade do que a existente entre grêmio e Internacional. A ponto de, na última rodada da primeira fase do Brasileirão de 1996, o grêmio (já classificado) jogar uma péssima partida e perder por 3 a 1 para o Goiás, mas a torcida sair feliz da vida por causa da derrota do INTER para o Bragantino que eliminou o time colorado da competição.
Porém, nem sempre foi assim. Em 1967, pela primeira vez a dupla gre-Nal participava do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que reunia os maiores clubes cariocas e paulistas desde 1950, e que em 1967 foi estendido a Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. O torneio, disputado até 1970, foi o “embrião” do Campeonato Brasileiro, que foi realizado pela primeira vez em 1971.
Como o critério para a participação no “Robertão” para os clubes de fora do eixo Rio-São Paulo era o convite – a princípio seriam convidados apenas os clubes mineiros, visto que as viagens a Belo Horizonte não eram dispendiosas para cariocas e paulistas – era preciso que as partidas em Porto Alegre fossem rentáveis, para que a dupla gre-Nal continuasse a ser convidada para o “Robertão”. Os dois clubes jogavam no Olímpico, visto que o INTER ainda não tinha um estádio em condições de sediar jogos importantes – o Beira-Rio seria inaugurado somente em 1969.
Para obterem boas rendas, os clubes decidiram adotar o sistema de caixa único, e foi também conclamada uma união entre as duas torcidas para o “Robertão”, pela “afirmação do futebol gaúcho”. Surgia assim a “Torcida gre-Nal”.
Parecia maluquice, mas a idéia vingou!
Gremistas iam aos jogos do INTER e apoiavam o time vermelho, e colorados iam às partidas do grêmio e apoiavam o Tricolor. E a união deu certo: os dois clubes se classificaram para o quadrangular final, junto com Corinthians e Palmeiras (que foi o campeão). O INTER foi vice-campeão, e o grêmio acabou em quarto lugar.
As imagens abaixo, de edições do jornal Folha da Tarde Esportiva em 1967, dizem tudo.
FONTE : Folha da Tarde Esportiva em 1967 ( site “Cão Uivador” )
Sergio Milani – Porto Alegre – RS
VAMO, VAMO INTER
Alô voce Sergio!
Fantástica lembrança. Que tempo poético e bonito, concordo sobretudo que era um mar de hipocrisia mas os torcedores eram comedidos e equilibrados, não havia essa “avalanche” de desordeiros, arruaceiros, marginais etc.Lembro inclusive de uma camiseta aque foi lançada era de um lado tricolor e do outro lado o vermelho de nosso sangue. Bela lembrança Sergio, parabéns.
SC
A foto de 1967 é realmente como está escrito abaixo “milagre”, mas, com certeza absoluta, eu não fazia parte dessa torcida. Nunca torci por outro clube e nunca irei torcer. Para voces terem uma idéia, não sei nem “secar” adversários. Só sei trocer pelo nosso Internacional. Imaginem se aquela moda tivesse pegado e ter aprendido a fazer a “avalanche Colorada”, credo, cruz, Deus que me perdoe. A salientar hoje é que constatamos que do lado de lá existe, por alguns formadores de opinião, o incentivo ao ódio entre os clubes, entre as torcidas, da “venda” da falsa idéia “de imortal” (um clube que já caiu duas vezes para a segunda divisão), de ganhar por qualquer meios, sem a compreensão que adversários não são inimigos, mas simplesmente esportistas adversários, semelhantes em tudo, mas diferentes apenas na escolha importante de seu clube de preferência e pela escolha acertada de ser feliz.