No final do jogo contra o Santa Fé, já na marola da classificação para as semi-finais da Libertadores, dediquei um tempo a ler a matéria “Que time é esse? Que torcida é essa?” que foi publicada por Mauricio Tonetto, relatando a vontade de torcer pelo Inter. A conclusão mais piegas e real que temos, revelada na reportagem, mostra que “é bom demais ser colorado”. Hoje consigo entender os torcedores colorados que encontrei no interior do Amazonas pela única razão de, na década de setenta, terem escutado as maravilhas coloradas pela então Rádio Nacional.
Jô. Diminutivo que ainda chateia o torcedor colorado, lembrando da passagem do atual jogador do Atlético Mineiro por Porto Alegre, movimentando muito mais o sossego de seus vizinhos do que as redes adversárias. Jô, diminutivo de Johanne Santos Pontes, nascida na cidade de Irecê/BA, esta mais conhecida como cidade natal do saudoso vocalista dos Mamonas Assassinas do que por seu passado produtor de feijão no sertão baiano.
Além do diminutivo anti-colorado e da distância geográfica, Jô – mais fácil de pronunciar que a literalidade germânica do nome “Yorrane” – nasceu no final da década de oitenta, quando nós colorados criamos uma frustração futebolística pela Bahia em razão de um certo Bobô, que afogou nosso sonho do tetra campeonato brasileiro.
Mas Jô é uma pessoa contra prognósticos: apesar dos calos da vida, é doce no trato com seus pares. Ainda que fale pelos cotovelos, tem um falar manso, delicado, gestos calmos e olhar envaidecido. Ainda que saiba, reticências à parte, “rodar a baiana”, as pessoas mais próximas costumam abusar de sua boa-vontade, já que costuma abrir mão de seus anseios para realizar os de terceiros.
Conheci Jô em Boa Vista/RR, trabalhando na Secretaria de Estado da Saúde – eu, pelos caminhos que vida me guiou, ela, que pelos percalços de suas escolhas passou em concurso público. Nos aproximamos natural e profissionalmente. Em uma cidade em que as opções de lazer ainda são escassas, convidei-a algumas vezes para ir ao CTG local, no qual sempre estive ligado. Foi paixão à primeira vista. Jô se apaixonou pela forma que nós, gaúchos, mantemos a ligação e o amor por nossa terra, pela preservação de nossa cultura, costumes, franqueza. E ela, obviamente, percebeu em como nós, colorados de alma, temos orgulho em ostentar o manto colorado. Percebeu os reiterados encontros do então consulado para assistir aos jogos, e a histeria durante os jogos: os palpites diferentes de cada técnico de copo na mão, os gritos, o esquecimento de todos os problemas e compromissos em noventa minutos.
Assim como qualquer pessoa se derrete por Jô em seu primeiro contato, Jô se derreteu ao Inter e sua fanática torcida. Se diz, hoje, geograficamente deslocada, mas incrivelmente não pela Bahia, mas pelo Rio Grande do Sul. Criou superstição por Valdívia – “Cabeludo”, como ela chama carinhosamente. Por sempre gostar do trabalho dos goleiros, não pela simples beleza, tem Alisson por xodó. Na quarta me impressionou: confessou ter relatado um repertório de palavrões que não lembrava conhecer durante a peleia com o Santa Fé.
Estudou a história do clube, me pergunta sobre fatos, segue jogadores em rede social…e sonha em pisar no gramado do Beira-Rio, e ganhar um autógrafo do Alisson na camisa. Essa, ela ainda não recebeu, mas secretamente comprei uma para ela, um mínimo de retribuição pela dedicação inimaginável ao Gigante Colorado. Só não foi ao estádio pois a programada viagem para realizar concurso em Pelotas foi frustrada pela prepotência de seus superiores que não quiseram a liberar por meros dias.
Quando em maio fui a Lajeado, para o casamento do meu irmão, escondido da família fui à final do Gauchão, em virtude de minha fama de pé frios construída em Dubai e na final da Copa do Brasil. Ganhei dois ingressos para a área vip da Paula, minha esposa, e imediatamente mandei a foto para ela: Jô, esse é teu. Em todo jogo ela só pedia: manda vídeos, fotos, áudio!!
Pois nossa Jô é assim: em dia de jogos se tranca em casa, pula na cama, grita, torce, manda mil mensagens comentando as jogadas, xinga quando Valdívia não entra. Não vaia. Jô, fazendo jus ao nome, tem causado bagunça na vida dos vizinhos, mas somente em dias de jogo. O Inter é assim: ultrapassa fronteiras, conquista amores impensados. Jô é assim: conquista quem a cerca, dedica-se a causas nobres e impressiona a todo momento. É realmente muito bom ser colorado.
Jaques, que bom ler teu texto. Simplesmente um texto magnífico, de quem realmente sabe escrever e ser colorado! ô benção essas duas características. Não me dirigia a você diretamente, acho, desde aquele fatídico jogo nos Emirados. Mas lembra,eu penso que lhe disse isso lá, importante é a nossa torcida por este clube. A gente chora de alegria por anos, depois de uma conquista. E choramos de tristeza, apenas cinco minutos depois da derrota. Então vamos esquecer aquele dia lá. Porque nosso INTER é muito grande, mas precisa de nós. E isso é torcer pelo INTER.Fazer parte dele. Parece que a Johanne Pontes, a nossa Jo, já descobriu isso. Confesso Jo, que me emocionei muito lendo o texto do Jacques, com a tua história.Porque os colorados se emocionam uns com os outros.Este amor nos une!!! Venha ver o Beira Rio de perto.Nosso Gigante vai ti abraçar e espera por você! Nós estaremos lhe esperando!
Que show de história, esperamos que ela seja mais uma a frequentar e comentar no nosso blog.
Incrível o que o INTER faz, por Colorados que nunca pisaram no Beira-Rio e que moram em diversos lugares deste mundão.
Parabéns Jaques.
Grande abraço COLORADO.
Mais uma linda história COLORADA. Nosso blogueiro Jaques Sonntag está de parabéns pela sacada, pela descoberta, pela ideia e pela matéria. Quando se vive em meio a colorados se convive com essas coisas simplesmente LINDAS. Deus te abençoe Johanne Pontes ou simplesmente Jô!
Coordenação do BAC
Lindo Texto!!
Jô, uma pessoa maravilhosa que cativa todos a sua volta
sorriso mais encantador, todos se derretem por Jô.
Realmente, nossa jô é fanática, apaixonada pelo Inter! Todo o seu relato é verídico, eu acompanho de perto! A cada jogo do inter acredito que a paixão dela só aumenta. Viva a jô!
Abençoados, Paulo Melo. Tens razão. Nosso clube inspira, predestina, apaixona. Obrigada pelo convite. Será um imenso prazer. Mas confesso… Estou me sentindo em casa. Era assim que me sentia quando morava na Bahia e assistia aos jogos com meu pai. Mesmo não torcendo, naquela época pra nenhum clube em específico, compartilhava da euforia dele. Hoje, depois de tamanha surpresa, diante deste texto lindo, é assim que me sinto. Incomodar os vizinhos, ter um repertório de palavrões um pouco inadequado em dias de jogo e não dar a mínima atenção às minhas amigas quando estou assistindo ao inter, são apenas pequenas expressões dessa paixão que tomou conta de mim. Agradeço sempre ao Jaques por ter me apresentado ao clube que me emociona e que é meu coração, por ter me convidado ao CTG, por ter sido fundamental pra que minha alma se encontrasse. Alma Aragana. É a minha. É a dele. É a nossa.
Certa vez, me perguntaram porquê torcer pelo Internacional se sou baiana. Simples. Amor não escolhe Estado, independe de naturalidade. É amor e não precisa de explicações. É Simone! O inter tem esse poder de nos causar paixão intensa. Foi essa paixão que quase me mata no jogo contra o Santa Fé. Puro nervos. Acho que como muitos colorados, e olha que essa parte não contei ao Jaques, chorei, chorei muito quando fizemos nosso segundo gol aos 42min do segundo tempo. Chorei e choro. Como a boa “manteiga derretida” que sou. E o show de luz!? Ah! Este então, me fez redobrar a emoção. Mas no final era um misto de dever cumprido e felicidade. Me orgulho ao ver o “cabeludo” jogando, o D’Alle, o Alisson que é sim, meu xodó, me orgulho ao ver esse meu time jogar. Orgulho ímpar por ser torcedora colorada. Espero poder pisar no Beira-Rio em breve Fábio, quero receber os abraços dos parceiros e amigos, teu irmão me contagiou com a paixão extensiva que ele tem. Obrigada pelo carinho. Afinal, como dizia meu conterrâneo Raul, sonho sonhado junto é realidade.
Jaques, meu muitíssimo obrigada pelas palavras generosas que soam como poesia vindo de alguém com a sensibilidade que você tem, pela paciência e atenção que tens para responder a todas as minhas dúvidas… Sei, não são poucas. E realmente, fiquei tão emocionada quanto as velhinhas do asilo Padre Cacique ao ler teu texto. Estendo os agradecimentos à Arquibancada Colorada que nos aproxima independente da distância geográfica.
E avante colorados. Teremos espetáculo quinta, Palmeiras que nos aguarde. Realmente é “bom demais ser colorado”.
Abraço especial amigos.
Saudações ao planeta vermelho.
Olá Jaques.
Belo texto, só aumenta nosso orgulho de ser colorado e constatar mais um caso de brasileiro (a) que ao conhecer passam a amar nosso querido Internacional.
Abraço colorado.
Como é bom ser colorado. Melo, figura inigualável que apareceu na nossa vida na viagem a Dubai. Não te preocupes que esse ano prometo não testar mais meus dois pés frios kkkkkk. Mas inigualável teu carinho com nosso time, nossa torcida e o sentimento em comum. Conversei com a Jô hoje pela manhã e ela estava mais emocionada que as velhinhas do abrigo que viu na reportagem pela Globo. Simone, é exatamente isso, como dizem os Fagundes: tremulam bandeiras para “se” esquecerem fronteiras. E ao Fábio, como já disse inúmeras vezes: obrigado por me fazeres colorado, o irmão mais velho, o modelo a seguir e o amigo que me presenteou com minha primeira camisa do Inter. Que nossa chama colorada continue a multiplicar ruas de fogo vermelho!
Saudações!
Que belo texto, não por ter sido escrito por um cara que admiro, mas pela beleza das palavras.
Primeiramente à Jô: que bom saber que te unes a nós na paixão pelo INTER. Que bom saber que manténs esse amor incondicional mesmo estando longe. Continues assim, que não vais te arrepender. Momentos de tristeza existem, existiram e existirão, mas isso é do “jogo”! Saibas que a partir de hoje recebestes alguns milhões de amigos, de irmãos, de parceiros. Saiba que a partir de hoje, recebestes admiradores que te receberão de braços abertos e coração quente quando do teu debut no Gigante!
Vem logo Jô!
Ao Jaques, mais que um irmão de sangue, continues praticando essa maravilhosa dádiva da escrita e da oratória que tens! Continues a garimpar tesouros como a Jô! Continues sendo esse Colorado mais que especial, que depois de cada jogo manda seus comentários pelo “waths”. Orgulho de ti meu Irmão!
Ao Arquibancada Colorada, só posso mais uma vez agradecer por proporcionar tantas coisas boas entre Colorados!
Beijos e abraços!
Não tem como não se apaixonar pelos costumes e tradições povo gaúcho e claro pelo inter …. Como diz a nossa música …..pelo rio grande pelo nosso amor
Alô você Jaques!
Geraldo José de Almeida, famoso narrador de futebol da década de 70 diria: “Lindo, Lindo Lindo”. Que magia é essa? Que predestinação tem esse club? Isso não é uma história, é um roteiro pronto para filme de sucesso. Que inspiração Jaques, Deus te abençoe! Deus te abençoe também, Jô, nossa Jô. Que pureza de sentimentos. O destino não permitiu que viesses conhecer o Beira-rio, nõs já sabemos o porquê. Nós não te conhecíamos e não poderíamos te receber como mereces. Agora já fomos apresentados, podes vir que te receberemos como irmãos colorados que somos. Agora um convite pra ti Jô, expresse aqui em nosso Blog os teus sentimentos, mantenha conosco essa comunicação maravilhosa que já temos com outros irmãos. O poeta tinha razão: “O CORAÇÃO TEM RAZÕES, QUE A PRÓPRIA RAZÃO DESCONHECE!
Coloradamente,
Melo
Que linda história Jaques! Ao mesmo tempo que lia, torcia para que não acabasse a narrativa da nossa colorada Jô! O Inter tem esse poder de fazer nos apaixonar. Cada colorado foi conquistado de uma maneira única em sua origem! E quanto a distância geográfica, já diz o nosso hino: “Levas a plagas distantes, feitos relevantes, vives a brilhar…”. Abraços