Merecimento

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Insuficiência que assustou ao próprio time. | Foto: GE

De acordo com o dicionário, merecimento quer dizer “aquilo que torna alguém ou algo digno ou passível de receber prêmio ou castigo”. Esse significado faz a gente refletir no que merecemos ler, ouvir e ver. Faz toda a diferença quando entendemos o significado das coisas e quando admitimos nossos erros e nossa insuficiência.

O Inter dessa quarta foi o mesmo do jogo passado, só que pior. Os quinze minutos de talento, de vontade e de futebol encontrados no primeiro jogo resolveram não aparecer. O que parecia ser vantagem apenas confirmou o que eu alertei no polêmico texto “Vitória com sabor de derrota”, que descreveu com fria realidade o primeiro jogo contra o Tigres no Beira-Rio, com ênfase na vantagem quase invisível.

Falta de entrosamento, distanciamento entre os setores, muitos passes errados e falta de marcação. Cito apenas os que mais chamam atenção em um time que chegou à semifinal de uma Libertadores desafiadora. Os erros dos laterais William e Géferson são os que mais chocam e entristecem. A falta de inteligência de Aguirre em não dispor em campo os jogadores em suas devidas posições, assusta. Afinal, Lisandro não é parceiro para Nilmar, Nilmar não é centroavante, D’alessandro não joga centralizado, tem que cair pela direita e Valdívia não joga pela direita. O Inter muitas vezes teve a posse de bola, mas não conseguia mantê-la por muito tempo, não conseguia dar três passes sem errar e com isso praticamente não criou jogadas.

Os lançamentos na área sem um cabeceador para finalizar mostraram o despreparo do Inter para a decisão e a demora para realizar as trocas necessárias para tornar a equipe mais veloz foram também os erros que nos custaram o sonho do tricampeonato.

Muitos me criticaram por falar que a atuação do Inter no primeiro jogo foi ruim. Alguns foram educados em discordar, mas a maioria resolveu dizer coisas impublicáveis a meu respeito. Fui chamada de gremista, de corneteira, de burra e até o machismo resolveu imperar ao me dizer que “mulher não entende de futebol”. O século XXI e o jogo de volta provam que além de mentira, isso é ultrapassado.

O trabalho de Aguirre, tão admirado por mim durante todo o ano, merece as críticas a que está sendo submetido. Ficou claro que poupar os jogadores nas partidas do brasileirão desentrosou o time, acomodou os atletas e fez parecer fácil chegar à final da competição continental. É duro merecer críticas. Mais duro ainda é não merecer e mesmo assim receber.

A eliminação é merecida e isso é muito difícil de admitir. O que o colorado nos apresentou em campo é tão digno de derrota que entristece cada parte de mim. Gostaria de estar errada e não entender mesmo de futebol, se em troca o Inter estivesse na final contra o River Plate.

Os que me criticaram pela opinião baseada em fatos reais levaram uma injeção de verdade que machuca e faz refletir. Jogamos bem até passarmos pelo Santa Fé, com muita raça, futebol e vontade de vencer. Mas não se vai longe quando a vontade deixa de fazer efeito. Nossa torcida e nossos pensamentos positivos são jogados no lixo se os atletas não se entregarem em campo e se o treinador não tiver sabedoria o suficiente para extrair o melhor de seus comandados.

A decepção que sinto não encontra palavras para ser expressada. O Inter foi um time forte que se deixou vencer pela falta de preparo e vontade. Começou a perder a vaga quando parou de jogar no Beira-Rio e deixou o Tigres dominar o jogo.

Não se esqueçam que os grandes também admitem seus erros. Cabe ao time pedir perdão à torcida pela falta de entrega e de futebol. Cabe a Aguirre pedir desculpas pelos erros infantis que custaram a classificação. E cabe a muitos torcedores colorados repensar se foram merecidas todas as críticas que recebi por querer o melhor que o Inter podia oferecer.

Sairíamos de cabeça erguida se tivéssemos jogado bem até o último minuto. Mas faltou o espírito do verdadeiro Inter nos dois jogos da semifinal. Faltou pensar em Fernandão e em seus ensinamentos sobre como vencer a impossibilidade. Faltou respeito, e infelizmente nosso merecimento foi um castigo pra lá de cruel.

7 thoughts on “Merecimento

  1. Comecei a ler o texto e me identifiquei muito com ele
    Perfeito, concordo 100 % em tudo
    Foi exatamente como você descreveu

    Agora , espere sentada a parte de desculpas, porque este PIFFIO presidente é o mesmo que desmobilizou o time em 2010 no MAZEMBE day, e o AGUIRRE tem uma empáfia que jamais permitiria reconhecer erros da parte dele

    A surpresa foi lver ao final do texto que era você que tinha escrito isso
    Sinal de amadurecimento teu

  2. Merecimento esta é a palavra certa. Quando vi a segunnda parte da entrevista do Fernandão, momentos antes do jogo do Tigres contra o Inter, no México, sabia que não nos classificariamos. Simplesmente porque o Fernandão deu um recado importantíssimo lá. Ele disse, em outras palavras, que é preciso querer vencer. Que aquele grupo se machucava, jogava machucado pelo colega. Esse grupo se importava com tudo . Nâo tinha estrelas. O grupo atual não tem este nível de comprometimento um com outro.Vemos isso em campo. “Quem deve desculpas à torcida é a direção, pelo seu planejamento chama derrota, e não o grupo de jogadores…”Concordo muito com isso. Durante quatro anos ouvi que a direção passada era a cara do presidente-tartaruga- Li e ouvi muitas ofensas à outra direção. VI (vi mesmo-briguei inclusive com eles) conselheiros do Inter torcendo contra, fazendo força para que tudo desse errado, espalhando notícias falsas e negativas a respeito do clube. Tudo em nome do poder. Hoje eles possuem este poder. E o que fazem? Aquilo ao que os brasileiros estão acostumados a fazer. Fazem uso do poder para aparecerem, sentem-se os donos do clube. Situação exatamente igual. Não dão ouvidos aos sócios que desde a partida contra o Atletico Mineiro, no Beiro Rio estavam desconfiados. Fazer festa e proporcionar espetáculo para a torcida (tenho elogiado muito) é fantástico, muito bom e tem sido ótimo.Mas não pdoemos ficar só no oba, oba. É preciso futebol em campo. Então, sem ofensas, comparo os tempos. Hoje, quem ofendia não quer ser ofendido.Quem cobrava futebol e resultados não proporciona resultados no futebol… Continuaremos a fazer a nossa parte. Atenção Direção: FAÇA A SUA!

  3. A LA começou a ser perdida quando o BR foi abandonado e o time titular passou quase que 40 dias parado. O resultado não poderia ter sido outro do que falta de ritmo, desentrosamento e desmobilização do time. O planejamento da direção é que foi o responsável pelo fracasso na LA. Não adianta culpar o jogador A ou B ou pedir a cabeça do Aguirre – fizeram o mesmo com o consagrado Abel e viu-se que o problema não era ele, em que pese alguns equívocos que cometeu (e quem não comete?).

    Quem deve desculpas à torcida é a direção, pelo seu planejamento chama derrota, e não o grupo de jogadores, que fez o que pode dentro do caos instalado!

  4. Alô você Jéssica!
    No período “Não se esqueçam que os grandes também admitem seus erros. Cabe ao time pedir perdão à torcida pela falta de entrega e de futebol” que cunhastes, cabe observar que o presidente ao isentar a torcida de pagamento de ingresso no jogo após o jogo com o Flamengo teve o sentimento de que as coisas não iam bem. Alguns já haviam no mínimo desconfiado há algum tempo. Isso vinha se materializando, num crescente, mas algumas vitórias mascaravam. Como muito bem escrevestes há que ser dado o primeiro passo que é admitir seus erros. Se diagnosticarmos o porquê do insucesso, estaremos próximos das vitórias.
    Coloradamente,
    Melo

  5. O Tigres se empenhou tática, física e emocionalmente nos dois jogos contra o INTER. Já nosso Colorado apresentou apenas sua camisa e sua torcida como diferenciais. Desorganizado em campo, como você muito demonstrou em seu texto, não poderia chegar à final tão sonhada. SC

  6. Oi Jéssica. Acredito que não faltou vontade aos jogadores. Agora, quando no vestiário todos ficam sabendo da escalação totalmente equivocada do treinador, o moral sem dúvida cai. Até porque, eles sabem que daquela forma como o time foi escalado, dificilmente daria certo. A minha opinião: DAguirre fez uma leitura errada do jogo aqui em Porto Alegre. Todos nós sabíamos que existiria uma marcação em cima do D’ale. Teria que ter outro para criar e povoar o meio campo. Quem ? Anderson. Nem no banco ficou. Colocar Sascha e Valdívia deste o início, um em cada lado do campo, com Lisandro centralizado lá na frente. Outra coisa, sabíamos que o lado forte do Tigres é o lado esquerdo,Ernando na lateral direita e Alan Costa na área com Juan. O Sascha não aguentaria os 90′ , entra Nilmar , para dar continuidade na velocidade. Anderson também não aguentaria os 90′, dependendo de como estaria o jogo, colocar Vitinho, que nem no banco ficou, ou Welligton Farias, para continuar o meio de campo povoado. Quando se erra, paga-se muito caro e foi o que aconteceu. Saindo do terreno das hipóteses, porque esperar 12′ no segundo tempo para colocar o Sascha. A minha conclusão, é que foi um amontoado de equívocos do nosso Treinador. A vida segue, mas não podemos deixar de tirar um aprendizado do que aconteceu. Terra arrasada, nem pensar, continuamos firme e forte, temos um bom plantel, agora, não podemos mais cometer erros com os que foram cometidos exatamente no jogo mais importante do ano.

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