A ARTE DE SER TORCEDOR, UM NARCISO AS AVESSAS!

POR ADRIANO GARCIA – EL MAGO
Hoje, a minha historia e sobre uma das potências do futebol brasileiro. Refiro-me ao torcedor. Parece um pobre-diabo, indefeso e desarmado. Ilusão. Na verdade, a torcida pode salvar ou liquidar um time. É o craque que lida com a bola e a chuta. Mas acreditem: — o torcedor está por trás, dispondo. Escrevi que o torcedor parece é um pobre diabo, mas não é um desarmado e provo. De fato, ele possui uma arma irresistível: — o palpite errado, a critica. Empunhando o palpite, dá cutiladas medonhas. Vejam o primeiro jogo do escrete vermelho. Empatamos podia ter uma vitória. Fizemos do adversário gato e sapato,mesmo que por apenas alguns minutos. Ora, para uma primeira apresentação foi magnífico ou, mesmo, sublime. Mas quando a torcida sai do campo, após o jogo, vejo, por toda parte, colorados amargos e deprimidos. Mais adiante, esbarro nos amigos em uma rede social. Faço espanto: — “Mas que cara de enterro é essa?”. O amigo rosna: — “Estou decepcionado com o escrete!”. “com um pouquinho mais de sorte e pernas teríamos ganho.” o outro: “ não precisamos de sorte e sim competência ainda bem que deram aquele pênalti”. Caio das nuvens, o que é melhor do que cair de um terceiro andar. Instantaneamente, vi tudo: — meus amigos era ali, sem o saber, um símbolo pessoal e humano da torcida. Símbolo exato e definitivo. Em qualquer outro país, um empate e uma vitória assim límpida e líquida do escrete teria provocado uma justa euforia. Aqui, não. Aqui, a primeira providência do torcedor foi humilhar, desmoralizar, exigir o triunfo, retirar-lhe todo o dramatismo e toda a importância. Atribuía- se a vitória não a um mérito nosso, mas a um fracasso do adversário.
Os guerreiros no inicio de uma temporada passavam a ser pernas-de-pau natos e hereditários. D ir-se- ia que, por uma prodigiosa inversão de valores, sofremos com a vitória e nos exaltamos com a derrota. E, no entanto, vejam vocês: — o escrete visitante, que nos parecia de vira-latas, acabara de empatar a partida. Mas, para cuspir na estreia da temporada, o nosso torcedor fingiu ignorar a real capacidade, a indiscutível classe do adversário. Veio o segundo jogo, no campo careca de acanhado porte que não passa de inferior aos campos do interior do estado gaúcho . Houve a primeira vitória, bem da verdade foi um jogo horrível, porem para o inicio deu para o gasto. Que teve para o Inter gosto de uma possível melhora. Desta vez, porém, nada de choro, nada de vela. Por toda parte, só se viam caras incendiadas de satisfação. Com o olho rútilo e o lábio trêmulo, o torcedor lavava a alma: — “Eu não disse?”. Os pernas-de-pau não eram mais os guerreiros colorados. E está-se vendo esta vergonha: — um escrete, que começou com um empate e uma vitória, já é vítima de uma negação frenética. Há gente torcendo para que ele apanhe de banho. Eis a verdade, amigos: — tratam do craque, tratam da equipe e esquecem o torcedor, que está justificando cuidados especiais. Que estímulo poderá ter um escrete que é negado mesmo na vitória? Ai não tem saída. Se vence de cinco, se dá uma lavagem, o torcedor acha que o adversário não presta. Se empata, quem não presta é o escrete vermelho. Durma-se com um barulho desses!
Há uma relação nítida e taxativa entre a torcida e o time. Um péssimo torcedor corresponde a um péssimo jogador. De resto, convém notar o seguinte: — o escrete implica todos nós e cada um de nós. Afinal, ele traduz uma projeção de nossos defeitos e de nossas qualidades. Em 2015, houve mais que o revés de onze sujeitos, houve o fracasso do homem. A propósito, eu me lembro de um amigo que vivia, pelas esquinas e pelos cafés, batendo no peito: — “Eu sou uma besta! Eu sou um cavalo!”. Outras vezes, ia mais longe na sua auto- consagração; e bramava: — “Eu sou um quadrúpede ao quadrado!”. Não lhe bastavam as quatro regulamentares; precisava acrescentar- lhe o dobro. Ora, o torcedor que nega o escrete está, como o meu amigo, xingando-se a si mesmo. E por isso, porque é um Narciso às avessas, que cospe na própria imagem, esta arte de ser torcedor é ao mesmo tempo encantadora e faz do futebol algo magnifico e quase sem explicação. Se chora, dar-se gargalhadas, xingamentos, resmungos, tece teses milagrosas, todos sabem de um tudo. E essas sensações é o espelho real de si próprio. E o mais incrível sente-se tudo isso ao mesmo tempo agora!!
Saudações.

Adriano Garcia
Presidente/Diretor da Regional

3 thoughts on “A ARTE DE SER TORCEDOR, UM NARCISO AS AVESSAS!

  1. Pauperio vejo uma torcida alienada, que no primeiro lance ou jogo já começa a bravejar sobre os jogadores, times, estamos apenas no começo e observo muitos torcedores vestidos com a camisa do ódio a bola da vez e o nosso capitão, estamos muito mal a costumados e não estamos olhando com os olhos da paciência e da compreensão. E não estou culpando ninguém nem a torcida, nem jogadores. E muito fácil colocar ou achar culpados.

  2. Adriano, desculpe discordar em algum ponto, mas quando o time é fraco, os resultados não acontecem seguidamente como esperados, a torcida não tem culpa alguma. Vai a jogos, paga mensalidades ou ingressos, torce e faz brilhantemente a sua parte. O que falta atualmente (e em anos passados) é a direção fazer a sua parte e colocar em campo uma equipe à altura de nosso Internacional. Não tem como unir um agregado, desmontado todos os anos (ou meses), sem espírito de ser protagonista, mas sim de um simples coadjuvante e querer criar sinergismo entre time e torcida. Concordo plenamente contigo quando salientas a importância da torcida, mas hoje, essa direção e esse time, deixa muito a desejar e está muito longe do que a torcida quer e o nosso Internacional merece.

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