Por Antônio Carlos Pauperio
Vocês não imaginam a minha emoção quando percebo alguém vestindo a camisa Colorada, principalmente quando se trata de gente humilde. A única reação que tenho é dizer:
– Boa camisa essa! Invariavelmente a resposta é um largo sorriso, muitas vezes com poucos dentes na boca. Logo vem à minha memória quanta gente gostaria de ver o nosso Internacional jogando. Outro dia fui perguntado se para ver um treino do nosso Internacional tinha que pagar, pois a pessoa não tinha dinheiro para comprar uma entrada para jogo. Essa é a maior razão que me faz lembrar a “Coréia” do Beira-Rio, espaço popular conhecido pelos baixos preços das entradas e por abrigar os mais fervorosos torcedores do clube.. Quando essas experiências acontecem em lugares fora de Porto Alegre e em lugares distantes em nosso Brasil, logo após a alegria, minha revolta é muito grande, pois discordo plenamente quando os melhores jogadores são “poupados” em viagens de nosso clube e impedem que esses torcedores possam ver jogar ou simplesmente admirar pessoalmente seus ídolos. Sinceramente, considero um absurdo e um desrespeito a muitos Colorados que longe de Porto Alegre colaboram sem ter a oportunidade de ir ao Beira-Rio, sem nunca ter ido ao estádio, com mensalidades de sócios e que amam, mesmo de longe, esse clube. As disputas nacionais estão chegando e esse povo Colorado, que vive fora do Rio Grande do Sul, também precisa ser lembrado, já que não possuem a sua “Coréia”.
Quando vejo o nosso Gigante da Beira-Rio, vem à minha memória, as bandeiras Coloradas tremulando nos casebres que existiam junto ao Arroio Dilúvio, perto do Hospital Ernesto Dorneles. Esses foram e são os verdadeiros “donos” do nosso Internacional, gente humilde, trabalhadora, honesta, fiel e apaixonada. Muitas vezes, deixaram de comer para comprar um tijolo ou algum material para contribuir com a realização do maior sonho Colorado, construir uma casa digna à história do Internacional, o nosso Beira-Rio. Hoje, seria hora de pensarmos em que lugar do estádio essa gente humilde está ou se podem torcer no lugar de seus sonhos, que ajudaram a construir, e para o clube de seus corações. Onde fica a “Coréia” do Beira-Rio? No meu entendimento, já passou o momento de pensar no significado da frase “Clube do Povo do Rio Grande do Sul”. A vida nesse momento está difícil para todos, mas para essa gente, Colorada nata, muito mais.
Lógico, entendo e concordo que um grande empreendimento é resultado de um grande investimento, de necessidade de receitas para pagá-lo, mas dinheiro não é tudo, gratidão tem espaço. Não me parece certo esquecer esse povo maravilhoso mais humilde, que também torce, vibra e sofre como todos os Colorados. Acredito que deva haver algum espaço para o reconhecimento e valorização dessa Massa de Colorados alijada do mais espetacular palco de jogos. A promessa em 1964 era de que não haveria elitização do estádio. Quem sabe, alguém consiga materializar essa pretensão de um simples Colorado que pensa apenas em valorizar o que presenciou nesses 69 anos de vida e criar esse espaço para ser ocupado para quem mais precisa e hoje não pode usufruir. Sei que é difícil à realização e o controle disso, de forma a garantir o acesso aos realmente mais humildes, mas se trata de um desafio magnífico. Se não é possível destinar um espaço, por n dificuldades, quem sabe um grande jogo com portões abertos, como forma de reconhecimento e agradecimento por tudo que sonharam e contribuíram para sua realização.
Como escrevi anteriormente, está mais do que na hora de pensar um pouco mais em retornos à torcida mais humilde do “Clube do Povo do Rio Grande do Sul”.
Alô você Pauperio! Ali tinha até torcida (des)organizada: “MALDITOS DA COREIA”. Quem viu, viu. Coloradamente, Melo
Melo, verdade, incomodava como o quê. Respondi a pouco ao Cleber e a memória me faltou. Havia uma figura ilustre que desfilava por todo o Beira-Rio, cheia de graça e distribuindo sorrisos, a Rainha da Torcida “Terezinha Morango”. Tinha passagem livre em todo o estádio e era respeitada por todos.
Alô você, Pauperio!
Lembro dela sim, dizia ser afilhada do Balve. Quando ele deixou a direção ela ficou desamparada perdeu as benécias e aí acabou se dizendo apaixonada pelo Juventude.
Alô você Pauperio!
Lembrei agora de uma torcida (des)organizada do reduto: ‘MALDITOS DA COREIA”, era o máximo, os caras tinha até bateria de escola de samba.Quem viu, viu.
Coloradamente,
Melo
Melo, isso mesmo. Nesse tempo se dizia que quem frequentava a Coréia era mais Colorado que os outros, mas penso que era resquício dos hábitos dos Eucaliptos, onde assistíamos o jogo agarrados ao alambrado e suando junto com os jogadores. Sinceramente acredito que a mistura de torcedores naquele espaço representava exatamente como é a origem de nosso Internacional.
A Coréia so quem foi sabe como era nao to aqui pra julgar ou exaltar pessoas, mas la tu via o macaco, o Tim Maia, tinha uma camarada de quase dois metros de altura oculos fundo de garrafa e sempre ia aos jogos com uma bandeirinha de pano Vermelha que era do tamanha de uma folha de oficio, um outro que ia em jogo grande de fraque branco com uma gravata borboleta e um cinturao vermelho quem nao passou parte dos jogos mandando os jornalistas sentarem, eu ficaria aqui falando por dias da saudosa coreia espaço que frequentei desde o inicio dos anos oitenta ate seus ultimos dias. Sou Coreano, e do pessoal daquele tempo pouco vemos dentro do estadio.
Cleber, estás completamente cheio de razão e conseguiste “me derrubar”, pois a memória me trouxe vivo emoções vividas do teu relato. Algumas vezes amigos, sócios e com cadeiras cativas como eu, combinávamos ir ao jogo, mas só se fosse na Coréia. Não sei se tomávamos mais cerveja, mais nos divertíamos ou assistíamos ao jogo. O cachorro quente da carrocinha e os amendoins não faltavam. Esqueci o nome da rainha da torcida que desfilava espalhando sorrisos e os constantes assobios quando passava alguém que, naquele tempo, tinha coragem de levar uma gostosa ao estádio, e os gritos de “vai para casa Padilha”.
A Coreia, local pensado idealizado e realizado por José Pinheiro Borda para abrigar o torcedor de menor posse. Brilhante, brilhante.
O aniversário da inauguração é agora. Será que essa diretoria sabe disso? Será que essa diretoria e, nesse caso, também o Conselho, pensam no torcedor de menor poder aquisitivo?
O Beira Rio era muito mais bonito de se ver com 50 a 70 mil torcedores, hoje tá muito monótono de assistir jogos parece tudo uns robos não pode nem pular, vibrar e extravasar tá uma porcarias esses estádios padrão fifa!!!
Vidal, penso que o time é que traz a torcida ao estádio. Nosso time de hoje não empolga, não convence e não atrai torcida. Quem sabe com a volta do Valdívia e o time acertando, isso não volte a acontecer.