Joias da base

Antônio Carlos Pauperio

O Celeiro de Ases (Imagem: Yahoo)
O Celeiro de Ases (Imagem: Yahoo)

Lendo a reportagem publicada hoje, 21/05/16, na Internet http://globoesporte.globo.com/rs/futebol/times/internacional fiquei simplesmente estarrecido com o seu conteúdo, pois não consigo encontrar uma razão lógica que justificasse a forma que nosso Internacional trata as joias da casa. Fiquei na dúvida, se existe em nosso clube um espaço para a lapidação de jovens talentos para se tornarem joias da casa e futuros craques no elenco principal ou um espaço criadouro de joias somente para lapidá-las, escolher os melhores e colocá-los em futuras negociações, sem pensar no clube.

Sinceramente é difícil entender que um clube do porte do nosso Internacional negocie suas joias da casa, jogadores com alto potencial de desenvolvimento e sucesso no futuro próximo. Sempre foram tratadas como promessas e essa definição de joias é da reportagem e pelo aceite inconteste verificado dos investidores, que, com certeza, esperam e conseguem alto retorno. É fácil entender, que um investidor não coloca ou não doa seu capital, para negócios que não acredita em retorno e que possam pretender perder seus investimentos pelo ralo. Com certeza esperam retorno. A grande dúvida que fica é identificar quem alimenta esses investidores com as informações das qualidades de algumas joias da base e o que o clube e essas pessoas ganham com isso. Até onde posso imaginar, a lapidação dos diamantes brutos na base do Internacional até se tornarem joias tem um custo e até onde sei, não são baixos e não imagino como é tratado esse assunto na manutenção dos mesmos e nos negócios.

De fora, adotar uma política dessas, se trata de verdadeiro absurdo, pois a grande maioria ou quase a totalidade da torcida desconhece o futuro promissor dessas joias, facilitando suas negociações nos bastidores sem ou com o conhecimento de poucos.

A reportagem cita que e entrada dessas joias do clube em negócios já tem sido praxe desde o ano passado, pois em Julho, o nosso Internacional negociou com o Liverpool (Inglaterra) o meio campista Allan e, em Janeiro desse ano, o lateral esquerdo Rogério com a Juventus (Itália), sendo que ambos sequer atuaram pelos profissionais. Os valores recebidos e citados pelas duas negociações foram de 500 mil libras (cerca de R$ 2,59 milhões), pelo primeiro, e 1,5 milhão de euros (aproximadamente R$ 6,015 milhões), pelo segundo.

Na negociação existente e publicada para trazer Nico Lopes, os valores são guardados em sigilo pelas partes e ficará a cargo do empresário analisar as joias do clube, na faixa dos 18 anos, para completar a negociação. Está previsto que se o negócio for fechado, o nosso Internacional permanecerá com metade dos direitos do garoto, assim como de  Nico. Penso que seria interessante à torcida saber o que significa essa metade, ou seja, se existe ou não divisão de percentuais nessa metade do clube. Sei da necessidade de sigilo e de estratégia, acredito que a Direção e o Conselho acompanhem isso, mas sempre tive curiosidade de saber quais são os percentuais de posse no passe de cada um dos jogadores do nosso Internacional e como se reflete isso na manutenção do atleta no clube ou nas negociações.

O que mais me surpreende é que no elenco profissional, incluindo o time titular, o nosso Internacional se desfaz de jogadores de alta qualidade, com a desculpa de arrecadar receita para equilibrar suas finanças e pelo que se observa, agora também utiliza a mesma prática nas categorias de base. Um absurdo, pois dessa maneira, pela lógica estratégica utilizada, é aceito que só permanecerão aqueles de qualidade inferior não permitindo que nosso clube seja um grande clube de reconhecimento nacional e internacional.

Se alguém puder melhor esclarecer essa política ou citar grandes clubes que a utilizam, gostaria muito de receber essas as informações, de forma a ter um melhor entendimento do assunto, mas tenho certeza absoluta que essa prática é altamente lesiva aos sentimentos de quem aprecia um bom futebol praticado pelo clube do seu coração e aos objetivos de um grande clube.

Difícil de entender…

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