Antônio Carlos Pauperio
Dificilmente iremos encontrar unanimidade no entendimento do futebol, assim como em tantos outros assuntos que despertam paixões. Estou fazendo essa postagem para que possamos discutir como vemos o atual momento de nosso Internacional, identificando pontos fortes e pontos fracos, sem se preocupar em externar opiniões profissionais, de amplo entendimento, mas sim, de simples torcedores e afastados do dia-a-dia de nosso clube. Simples opiniões de quem é torcedor e acompanha os jogos no Beira Rio, nas transmissões de imagens dos jogos, nas informações dos jornais e o que escutamos nas rádios.
Situando o momento atual, estamos entre os três clubes que lideram o Campeonato Brasileiro, na 6ª rodada, iremos participar da Copa do Brasil, temos jogadores contratados que já chegaram ou ainda chegarão, alguns bons jogadores ainda recuperando de lesões e apresentações irregulares, de nível questionável e ainda não confiável em relação a sucesso futuro.
A “casa” do nosso Internacional, o majestoso Beira Rio e as demais dependências para treinamento e concentração, são de causar inveja a qualquer outro grande clube nacional ou internacional. Viagens em vôos e “horários de gente”, hotéis, alimentação, atenção e atendimentos de primeira, todos “escolhidos a dedo”.
Quando olhamos o plantel, temos bons jogadores. Se não são todos excelentes, é um grupo qualificado de atletas, se comparado a outros tantos em clubes que estão nas competições que o nosso Internacional participa.
Em relação a finanças, não se tem conhecimento de problemas financeiros, principalmente resultando em atrasos de salários, gratificações ou direitos da comissão técnica ou jogadores. O quadro de associados é o maior de clubes no Brasil e garante uma receita mensal que se soma as demais receitas do clube. As áreas administrativas e de apoio oferecem as melhores condições possíveis e atendem plenamente as demandas de todas as atividades do clube.
Na nossa simples visão, não encontramos razões para a não apresentação de um melhor desempenho no futebol, à altura de um clube do porte do nosso Internacional.
As questões a discutir se resumem na identificação das falhas e sua constante correção no desempenho das atividades de responsabilidade de cada um.
Vamos “sair de cima de muro” e nos posicionarmos, afinal esse era o objetivo do texto. Procuro entender o que está acontecendo (e não me prendo só há esse ano), vejo que a primeira razão inicia na postura e gestão do clube, pois não percebemos a execução de um planejamento levando em consideração a curto, médio e longo prazo. Falta uma postura mais moderna, que agregue profissionalismo e paixão, na condução do clube. Não saberia dizer por que, mas vejo a direção muito longe da torcida (serviço para o mkt), dando a impressão de soberba e imune a críticas construtivas. Em determinados momentos importantes a direção, principalmente nas dificuldades, se cala, quando, ao meu modo de ver, deveria se fazer forte e presente. A direção tem cometido equívocos repetidamente, ano após ano, iniciando cada período com experiências fracassadas no comando técnico. Se por um lado é louvável pela oportunidade criada para os mais novos, pelo outro tem comprometido a recuperação na segunda parte de cada ano. A direção demora muito a compreender a necessidade de fazer correções e essa demora compromete os resultados no ano. No meu modo de entender, o clube não pode ser exposto a experiências, principalmente quando se mostram ineficazes, uma após outra. Não encontro razões para a opção pela negociação dos melhores jogadores, ano após ano, em detrimento da montagem de um super time. Não defendo a contratação imediata de “super craques”, mas sim a qualificação crescente e permanente do grupo de jogadores, preenchendo necessidades e espelhada nos resultados em competições. Ao meu modo de ver, falta ambição e existe uma zona de acomodação na manutenção de uma posição intermediária nas competições. Muito pouco para um clube do porte de nosso Internacional.
Olhando o plantel, sinceramente, temos bons jogadores e necessidades já conhecidas. O maior problema é continua prática da venda do destaque da equipe, sempre que esse aparecer. Não percebemos uma qualificação do elenco porque entra um excelente jogador e ao mesmo tempo outro sai. Não há crescimento, não há continuidade e com certeza deve atrapalhar qualquer comando técnico. Se não houverem surpresas com saídas já negociadas, a volta dos lesionados Dourado e Valdívia e a chegada dos novos contratados deverá melhorar a disponibilidade de escolha para a colocação em campo. Quem não acreditar na qualidade do plantel Colorado, procure comparar com outros clubes. Procure ver que muitos jogadores que saíram são titulares absolutos em outros grandes clubes. Acredito muito estranho só não serem considerados bons jogadores e utilizáveis quando estão no Internacional.
Olhando os desempenhos do time em campo, vemos que algo não está funcionando, algumas muito ruins, pois são apresentações irregulares, muito aquém das reais possibilidades dos atletas que compõe o plantel. Alguns jogadores estão com um desempenho muito abaixo de suas qualidades, mesmo assim são mantidos em campo, quando, ao meu modo de ver, deveriam ser substituídos ou até mesmo não escalados. Não é possível ver “o dedo do técnico” no desempenho do time, pois as apresentações mostram um time confuso, muitas vezes perdido, correndo e marcando para todos os lados, não se percebendo as funções de cada um. Não há posicionamentos, jogadas ou triangulações que possam evidenciar o praticado nos treinamentos. Na definição mais simples, parece um time jogando “futebol de guri”, como se dizia antigamente. Todo mundo correndo a atrás da bola e seja o que Deus quiser. A conclusão que chego, ou não sabem fazer o que o treinador quer, ou não entenderam o que fazer, ou não tem aptidões para fazer. Não posso acreditar que não queiram fazer. Se alguém consegue enxergar, por favor, gostaria de saber qual ou quais são os esquemas de jogo no nosso Internacional, 4 x 4 x 2, 4 x 5 x 1, 2 x 4 x 3 x 1, 2 x 7 x 1, 9 x 1 ou outro. Outra observação, aprendi no tempo que convivia nos vestiários de nosso clube com preparadores físicos de respeito, cada jogador tem um tipo físico e isso tem muita influência em sua escalação e missão a cumprir. Um atacante tem explosão e velocidade em “tiros curtos”, portanto não pode ser colocado na marcação de adversários em todo o campo, pois na hora que se torna necessária a sua qualidade maior, não tem forças para executar. Vejo um equivoco a colocação de um jogador fora da posição onde possui melhor rendimento, executando funções que só aceleram o seu desgaste físico e compromete seu desempenho. Se não houvesse opções, tudo bem, mas elas existem. Parece-me bastante normal analisar nossas ações e assumir serenamente mudanças quando forem necessárias, principalmente quando os resultados evidenciam que nossa insistência leva a repetidos fracassos.
Gostaria de encerrar, esclarecendo que não estou em nenhum momento criticando especificamente a direção ou o treinador. Quanto ao treinador, até porque considero ser um bom treinador, ainda com limitações, alguns defeitos e muitas qualidades, como todos nós, mas sim o resultado do seu trabalho depois de mais de seis (6) meses. Nesse sentido, o que está sendo questionado é o resultado de toda a equipe, desde a direção do clube, nas suas escolhas, aos integrantes de toda a comissão técnica e jogadores. No meu entendimento, o resultado final espelha uma utilização muito aquém do potencial disponível dentro de nosso Internacional.
Pauperio, perfeita análise do atual momento do clube. E vemos que algo se perdeu, pois parecíamos estar caminhando para um futuro de excelência em profissionalismo, mas isso se perdeu. Podemos até por vezes aceitar que perdemos um título em campo, faz parte, é do jogo, mas a forma como a gestão do clube se porta hoje e já a algum tempo é lamentável e retrógrada.
Pois é.Tenho visto mais paixão (vontade, espírito de luta) do que na verdade profissionalismo (saber para onde vai, que horas, como e porque) O Inter como um todo vai bem.Inclusive na comparação geral ao futebol brasileiro, cuja qualidade já quase não existe. O Inter está na média. Mas precisamos mudar.Agora. Ou somos diferenciados, ou nada seremos.
Adriana, exatamente isso, um clube e um time diferenciado. Quando era jovem sonhava ser um dia Campeão Brasileiro, mais tarde ser Campeão da Libertadores da América e depois, Campeão do Mundo – FIFA, não uma única vez, mas muitas vezes. Essa vontade, para não dizer gana, é que me faz criticar construtivamente o que foi feito no nosso Internacional até hoje. Não pode parar em uma conquista, deve continuar “a sua senda de vitórias”. Sonho com uma direção mais ousada e ambiciosa que almeje a formação de um super time, realmente protagonista em todas as competições que participar. Sim, uma equipe de respeito e reconhecida internacionalmente.
Alô você Pauperio!
Resumo da ópera:
Nenhum reparo ao empenho, muitas dúvidas e reparos ao desempenho.
Diretamente de Natal RN
Coloradamente,
Melo
O teu entendimento retrata exatamente a questão que pretendi abordar e minha tentativa de abrir uma discussão saudável, pois afinal de contas, ninguém “é dono da verdade”. Gostaria de ver o nosso Internacional em crescimento contínuo, na busca da formação de um time de alta qualidade e protagonista em todas as competições que participe. Aproveite bem o ar mais puro do Brasil e essa terra de gente muito hospitaleira.