Destruir e reconstruir

É do conhecimento de todos a ansiedade, a insegurança e a pouca paciência que permeia toda a torcida Colorada. Todos, sem exceção, querem ver em campo um time definido, qualificado, jogando um futebol de qualidade e competitivo. Essa demora em colocar esse time em campo fica cada vez menos aceitável, apesar de todos saberem que não se faz um time com o estalar dos dedos. Precisa lucidez, conhecimento de futebol, jogadores qualificados, tempo e treinamentos. Nesse novo e inusitado desafio Colorado, fica evidente que destruir é muito fácil e muito rápido. Difícil e demorado é construir, mais ainda reconstruir, principalmente quando se busca solidez e para isso precisa ter equilíbrio, lucidez, coragem, competência, tempo e contar com apoio e compreensão. Hoje, quarta-feira, 08/02/2017, teremos Internacional versus Fluminense, pela Primeira Liga, no Beira-Rio e acredito que será uma excelente oportunidades para avaliar o desempenho do time Colorado e o que escrevo nesse texto.

Respeitando a opinião inquestionável da torcida Colorada, mas lembrando de que estamos somente no início de Fevereiro, trinta (30) dias após o início dos trabalhos, fico na dúvida se já houve tempo necessário para que se possa começar a cobrar ou se ainda devemos exercer a paciência. Acredito que, coerentemente pensando, é muito pouco tempo para exigências mais contundentes, entretanto entendo que as “feridas” estão ainda abertas e precisa que sejam curadas o mais rápido possível.

Como leigo, acreditando não ser um fanático, simplesmente passando minha visão como torcedor, percebo que nesse período houve um trabalho realizado, tanto tecnicamente, como fisicamente. Escrevo isso, pois já se percebe que há um condicionamento físico, facilmente visto com o vigor e a velocidade que alguns jogadores já apresentam. Vejo que existe a manutenção de posicionamentos dos jogadores em campo, um esqueleto de time e uma forma/estratégia de atuar, com deslocamentos e jogadas que, pela repetição que estão acontecendo, devem ter sido treinadas. A equipe ainda carece de conjunto (normal pelo tempo decorrido) e de algumas poucas definições de jogadores, principalmente pela forma escolhida para jogar e características dos que estão sendo testados. Pelas substituições nas escalações durante os jogos se percebe a clareza do objetivo da forma de atuar e o que está faltado é assimilação e o “encaixe”.  Não consigo enxergar grandes correções a serem feitas na forma de conduzir o plantel, nada de insistências burras, só ajustes necessários de acordo com a busca para escalar os jogadores mais adequados à função desejada e à procura do time ideal. Ao meu modo de ver, como leigo, dentro da normalidade e tudo conforme deve ser feito.

Raciocinando assim percebo claramente que algumas coisas estão “atrapalhando” esse momento. É muito difícil agradar a torcida sem a definição de um time titular jogando a maioria das partidas e com vitórias. Infelizmente, por tudo que escrevi acima, acredito que isso ainda não pode ser feito, mas, até agora, nada indica que não estamos no caminho certo. É só uma questão de tempo, haverá a definição do time titular, com certeza o “encaixe” necessário será encontrado e as vitórias e as alegrias voltarão ao time e à torcida Colorada.

Aproveitando a “deixa” do foco do texto, não seria demais solicitar à torcida que reflita um pouco sobre o julgamento e condenação de alguns jogadores, pois, sinceramente, acredito que o clube, a torcida e eles foram os maiores prejudicados com o fracasso em 2016. Os principais responsáveis pelo fracasso de 2016, aqueles que detinham todas as condições necessárias para adotar medidas corretivas, voltaram às suas atividades profissionais ou empresariais, longe de ser lembrados ou expostos às vaias humilhantes. Não conheço atleta que entra em campo sem pensar em vencer e se trata de um grande erro acreditar no contrário, pois são profissionais, homens que tem vergonha na cara, a maioria pais de família e que para alcançar o sucesso não dependem exclusivamente de seus esforços, mas também de todo um trabalho de grupo, dentro e fora de campo. Acredito ser um despropósito, um exagero e de uma crueldade injustificada, afirmar que um jogador é fracassado, por ter participado de um time que foi desclassificado em uma competição. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, pois essa participação no insucesso, em hipótese alguma, significa se tornar um jogador fracassado. Acredito que todos, sem exceções, merecem respeito e uma nova oportunidade para recuperar seu prestígio ou comprovar suas qualidades e utilização, dentro ou fora do clube.

Um detalhe que não me passa desapercebido são as declarações à mídia de alguns atletas expondo os demais companheiros e “cobrando” uma série de coisas. No meu tempo de atleta, essas “diferenças” eram assunto de vestiário, onde “quebrava o pau” e a “roupa suja” era lavada, sem a necessidade da participação de terceiros. Acredito que essas declarações em locais públicos e inapropriados acabam trazendo a discórdia e desunião do grupo, não trazendo nenhum benefício ao conjunto e ao clube, pelo contrário, alimentam “fofocas” e explorações indevidas. Se existem “laranjas podres”, o que não acredito, a direção tem obrigação de identificá-las e ter coragem de afastá-las do grupo.

Nesse momento, para nós torcedores, só nos resta acreditar, mesmo que desconfortavelmente e torcer para que o comando técnico e o elenco de jogadores considerem normais as reclamações e os anseios atuais. Sem pressa, com tranquilidade e equilíbrio, nosso Internacional chegará onde queremos. Caso não se perceba progressos e essa realidade de total insegurança da torcida perdurar, me parece lógico, que deverá haver alteração de condução, para retomar o rumo ao objetivo, mas agora, desculpem, independente de ser um técnico “cascudo” ou não, da preferência ou não, considero um verdadeiro absurdo a emissão de julgamentos, sem uma avaliação criteriosa do seu trabalho dentro do tempo necessário à sua execução  e dentro das dificuldades atuais de dispensas e contratações.

14 thoughts on “Destruir e reconstruir

  1. Ilustre Paupério. Sei neste momento que obtivemos sucesso perante o tricolor pó-de-arroz carioca. Não assisti ao jogo porque estava em reunião familiar. O caso é que tens absoluta razão. Apenas entendo que é necessário colocar todos a jogar para manter um nível de competência e responsabilidade. As disputas serão muitas entre Campeonato Gaúcho, Copa Brasil, Sul-americana, Série B. E o Calendário é um só. O ano ainda continua sendo de 365 dias e dividido em meses,semanas, alternadas entre dias e noites. A torcida é só emoção. É pura paixão. Só queremos vitória. E nossa Equipe é constituída por homens que são de carne e osso, só que prevalece os músculos e os nervos. Sou Paulão hoje e enquanto estiver defendendo nossa amada Camisa Escarlate. Entre todos os ali hoje presentes inexiste alguém melhor merecedor de aplausos. Sob minha ótica a grande brecha na zaga, a latente ferida isento de qualquer culpa é a utilização do Ernando na Quarta-Zaga. Que atue pela direita, mas nunca, jamais onde hoje tornam a utilizá-lo onde não possui os mínimos cacoetes para o razoável desempenho da função pois não tem a perna esquerda! E insisto: não é responsabilidade dele, a não ser que peça para jogar onde não sabe. Quanto a não termos os 11 para na roda de cerveja dizer como nas antigas de cor e salteado, sabemos apenas o nome de Danilo Fernandes. Surge um garoto chamado Charles que nos brindou com um gol chamado vontade, aquilo que não se viu durante a maioria das partidas da Serie A. Os demais estão aí para ainda chegar a certeza. Padrão, o antigo padrão, é o que falta ao nosso amado Inter. Não interessa quem esteja em campo. Temos que ser reconhecidos por um padrão de luta que nos eleve para onde não deveríamos ter saído. Assim, temos que desde logo manifestar de conhecimento público quais as nossas prioridades: ter o maior número de sócios em 2017, o site oficial mais acessado da Internet, a Garota Verão, ou o título de Heptacampeão Gaúcho, e qualquer outro que venha devolver o sorriso e a confiança em quem estiver em campo. Qualquer outro título é lucro porque não admitimos a possibilidade de permanecer na Segunda Divisão. E que a vaia seja substituída pelo silencio. Ninguém gosta de perder, a não ser que os interesses estejam em rota de colisão. Grande abraço!

  2. Terminado Inter 1 x 0 Fluminense aqui vai minha avaliação:

    Danilo – foi Danilo. Muito seguro.
    Alemão – muito bem na marcação, mas pecou no ataque. Errou um cruzamento primário. De qualquer modo, parece um jogador seguro, confiável.
    Klaus – hoje chegou o chicote nos atacantes. Jogou firme.
    Paulão – bem de novo…sem grandes problemas
    Uendel – de novo muito bem
    Anselmo – foi Anselmo…boa movimentação, muita marcação
    Charles – jogou bem de novo…ainda demonstra um pouco de afobação, mas tem grande potencial
    Dourado – muito bem…mal no final da partida…se arrastava em campo
    D’Alessandro – um bom jogo…continua sem companhia…dá um passe e fica vendo o companheiro se atrapalhar com a redonda
    Valdivia – completamente fora de forma…sem força no ataque e sem recomposição
    Andrigo – um bom chute e no mais se enrolou em jogadas fáceis
    Carlinhos – entrou bem…sabe jogar…Uendel e Carlinhos não deixam a gente com saudade de Gefferson e Artur…meu Deus….
    Diego – entrou afobado, mas com disposição…
    Zago – vou logo dizendo, não gosto de 3 volantes…isto me lembra um certo treinador que não vou adjetivar aqui por respeito à mãe dele…o Fluminense jogou com 8 reservas…não dá para jogar com 3 volantes….Antonio Carlos, 3 volantes só contra o Barcelona, Real Madrid e Bayern. Se liga meu. No primeiro tempo o Fluminense dominou o jogo, mas sentiu falta dos titulares. Se tivesse o time titular não sei se este esquema retrancado daria certo. O ataque fica muito fraco no ataque. No segundo tempo melhorou com o posicionamento mais avançado do Charles e do Dourado. Duas bolas na trave. Vou repetir, por favor, Sr. Zago, não estrague Dourado. Ele é volante muito bom na frente da área. Na segunda ele é de razoável para bom e só.
    Comparações – em 2016 tínhamos um lateral direito (William) e agora temos 2 (Alemão e Júnio), quem sabe 3 (William). Na lateral esquerda não tínhamos nenhum lateral e agora temos dois (Uendel e Carlinhos). Na zaga não tínhamos nada, agora, sujeito a avaliação, parece que temos 1 bom zagueiro (Klaus). Na cabeça da área tínhamos 1 (Dourado) e agora temos 2 (Charles). Na armação não tínhamos nada (Alex, Anderson não contam) e agora temos 1 (D’Alessandro). No ataque não tínhamos nada (Ariel não conta, Vitinho jogava bem quando era transmitido pela Globo, Sasha é ruim, Valdivia fora de forma o tempo todo, Aylon é jogador de Série B e Nico chegou morto) e agora ainda não temos ninguém afirmado. Nico dá sinais de recuperação, mas ainda sujeito à confirmação, Valdivia de novo está voltando de lesão, Sasha está bichado e não é solução, como sabemos; Aylon não é solução; Carlos recém-chegou e não sabemos se vai corresponder; Diego é muito verde; Ariel vai voltar para o México (knock, knock, knock); Roberson e Brenner são incógnitas….Ferrareis e Andrigo continuam sendo incógnitas. Ortiz e Eduardo precisam ser melhor testados na zaga.

    1. Santos, excelente avaliação de desempenhos. Também fiquei um pouco preocupado com a queda de produção no 2º tempos, mas credito a falta de condicionamento físico no momento atual. Quanto ao comando técnico imagino que está ainda testando jogadores e tentado chegar no time titular. Basicamente e em linhas gerai, gostei do desempenho do conjunto, um esquema tático bem definido, repetição de jogadas (com certeza, treinadas) e com um desempenho em campo mais combativo. Charles, se não estragarem ou negociarem ele, em determinados momentos parece o Falcão rejuvenescido e será um grande jogador. Valdívia fora de sua melhor forma física e Andrigo parece ter perdido seu futebol tão promissor. Falta o “cara” para colocar a bola para dentro.

  3. Olá Antônio !!!
    Ainda estou fazendo a minha pré-temporada para encontrar novas palavras, e de uma forma disfarçada falar das mesmas coisas do time do Colorado 2017.
    Estou preferindo proteger estas abençoadas palavras para quando o Internacional for merecedor.
    Abs.

  4. Alô você Pauperio!
    Pois eu também entendo que em tese, não ha jogador que entre em campo para não produzir. Por vezes, como todos, fico irritado com um ou outro jogador que repete sistematicamente os mesmos erros, mas muito longe de mim vaiar, xingar ou coisa parecida, até porque sempre digo que faço as observações que posso tranquilamente repetir em frente ao criticado. Nesse caso o anonimato (como de resto em todos) é odioso e covarde, portanto coaduno com tua linha.
    Coloradamente,
    Melo

    1. Melo, infelizmente em determinados momentos a emoção supera a razão e fazemos certas coisas que normalmente não faríamos. Entendo como você essas reações de parte da torcida, mas, assim como você, não consigo vaiar essa camisa Colorada, por respeitá-la muito, independente de quem a use.

  5. Paupério, tudo muito certo. O problema é que a maioria dos torcedores age pelo emocional e pouco racional, aliás, por isso o futebol é tão EMOCIONANTE. Certíssimo quando diz que queremos um time base já e uma sequência com os melhores. Sobre a responsabilidade de alguns jogadores, depois da direção, é intrínseco ao emocional nosso. Paulão, por exemplo, não é pior zagueiro que todos os demais do atual elenco do Inter. Mesmo os que chegaram não são melhores que ele. O problema é que Paulão simboliza o período do maior fracasso, quando, sem nenhum condição técnica, intelectual e carisma, assumiu um papel de líder, tamanho foi o desmando no time em 2016. Insistir com ele no time é uma burrice enorme, porque se falhar ou não falhar, ele vai ser vaiado. Então, por que insistir com algo que vai desestabilizar o time todo? É ou não é burrice.

    E mais, Anderson vem aí. Questão de tempo. Vai ser reintegrado e vai virar titular se o Seijas não mostrar serviço. Alguns torcedores vão apoiar e outros vão vaiar.

    William será outro caso. Logo voltará e será vaiado inicialmente, por outras razões, mas este vai ser perdoado, ao contrário de Paulão e Anderson, que serão sempre culpados. O Inter não pode insistir com estes dois últimos. Vão gerar mais problemas do que soluções.

    Continuo com minha campanha por um meia rápido, técnico e goleador e por zagueiro xerife.

    1. Santos, concordo plenamente contigo, entretanto acredito que o esforço do atual comandante técnico em não “queimar” ninguém é louvável, mesmo que incompreendido por muitos e possa provocar o resultado inverso. Com essa atitude a postura do nosso clube muda, deixando de “criar inimigos” o que já vem acontecendo há vários anos. Hoje acredito que teremos uma boa amostra de como está o time, claro, se não houver “invenção” na escalação. Como coloquei no comentário do Fabiano, vaiar é um direito do torcedor mostrar sua desconformidade com o espetáculo que paga para ver, apesar de pessoalmente, não conseguir vaiar a camisa Colorada, por respeitá-la muito, indiferente de quem a veste.

  6. Pauperio, torço o mais breve possível pela recuperação do clube, confesso uma grande ansiosidade quanto a isso, mas também não tenho mais paciência para ver os derrotados do ano passado em campo. Muito dizem e dirão que a culpa da direção anterior, óbvio, teve muita culpa, mas se tem alguém culpado pela falta de atitude e má vontade são os próprios jogadores, isso é do ser humano, de cada um, ou tu tem ou não tem. No caso do elenco fracassado do ano passado, com exceção do goleiro Danilo e mais um ou outro, todos pecaram nesse sentido, desde 2015 e assim continuam. Aos meus olhos é isso, sendo assim não tiro a razão dos torcedores em vaiar esses caras, afinal, quem fez do Inter grande foi a torcida e os grandes jogadores e não esses medíocres que nos levaram ao descenso e que continuam sem mostrar vontade nenhum de reverter isso.

    Um abraço ao amigo! E vamos Inter!!

    1. Concordo com o Fabiano. O problema do futebol de hoje é que virou só um negócio entre envolvidos: dirigentes, jogadores, empresários, emissoras de TV, etc. Além do QI baixo, poucos atletas jogam por que gostam de “jogar bola”, com aquele prazer que se tinha em outros tempos, com cara de campinho de vila. Assim, principalmente no Inter, atletas tem a mesma cara de totem, ganhando, perdendo ou empatando.

      1. Dias, não sei se estou correto, mas o comportamento dos jogadores hoje em dia, é o reflexo da irresponsabilidade dos dirigentes de clubes e de investidores no futebol, que criaram falsos heróis, com falsos poderes, cheios de vaidade e exigências e sem compromisso com a camisa que vestem, com objetivo único de ganhar prestígio popular ou retorno de ganhos com o dinheiro investido.

    2. Fabiano, não discordo de tua opinião, também penso assim, entretanto não queria ver a permanência deles no clube, uma vez que nada mais tem a acrescentar e já deveriam ter seguido outro caminho. Vaiar é um direito do torcedor mostrar sua desconformidade com o espetáculo que paga para ver, apesar de pessoalmente, não conseguir vaiar a camisa Colorada, por respeitá-la muito, indiferente de quem a veste.

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