QUE COMPLEXO É ESSE??

POR ADRIANO GARCIA – EL MAGO

Hoje vou fazer do escrete colorado o meu personagem da semana. Muitos são jogadores que já partiram e as glorias estão nas paginas da historia abrilhantando a memória vitoriosa. O futebol vermelho vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, por toda parte, há quem esbraveje: — “O Inter do jeito esta vai cair. Vamos voltar ao inferno!”. E, aqui, eu pergunto: — não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?

Eis a verdade, amigos: — desde 1909 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos baianos e paulistas, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer colorado que passou um ano na serie B sabe o que o que estou a dizer. Foi uma humilhação nacional, planetária que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor de cotovelo que nos ficou. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande. O tempo passou em vão sobre a derrota. Poderia dizer que foi ontem, e não há 15 anos a traz, que, aos berros, que ouviu-se o ultimo grito de é campeão.

E, hoje, se nega o escrete colorado infamemente de uma maneira e não tenhamos dúvida: — é ainda a frustração que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar na solução mágica das coisas, na volta do bom e amado futebol. Mas o que nos trava é o seguinte: — o pânico de uma nova e irremediável desilusão. E guardamos, para nós mesmos, qualquer esperança. Mas vejamos: — o escrete tem, realmente, possibilidades concretas de chegar a brilhar ainda nesta temporada? Eu poderia responder, simplesmente, “não”. Mas eis a verdade: — eu acredito no ser humano, e pior do que isso: — sou um otimista inatual e agressivo. Tenho visto jogadores de outros times, países, inclusive os chamados extraterrestres serem eliminados e perderem partidas. Mas a pura, a santa verdade é a seguinte: — qualquer jogador , quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação. Em suma: — temos dons em excesso. E só uma coisa atrapalha e, por vezes, invalida as qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “complexo de vira-latas”. E isso não vem só da torcida que já decretou a morte dos jogadores, do técnico e da direção; mas principalmente do futebol. Reflete se também naqueles que estão de fora, ou seja ate os erros de arbitragens conspiram contra. Se torna muito difícil voltar ao que era antes quando se tem esse sentimento aflorado. E ai vai um alento que as coisas já estão em processo de mudança, ou seja tem muitas coisas a ser corrigida. No entanto algumas delas já esta bem encaminhada. A saída de bola mesmo que ainda lenta já esta bem melhor, e aqui vai um pedido aos entendidos de plantão quando analisarem façam com critérios diginos, compreendam cada peça do jogo, as responsabilidades de cada um e vamos parar de procurar a andorinha salvadora da pátria. Alias uma andorinha sozinha não faz verão. A derrota sempre assola a alma e principalmente o coração já machucado de um colorado que desaprendeu a ficar um certo período sem títulos. Perder sempre doí e muito. Analisemos o contexto do último jogo; não foi um esplendoroso jogo de futebol, mas o Inter jogou de igual para igual com o poderoso Palmeiras. É verdade que há muito a ser corrigido principalmente o fato de tomar um gol de um “anão”. O futebol muitas vezes não é só lógica, ou paixão, ou razão. Mas sim a união destas três afirmações, equilíbrio é a palavra-chave. o problema do escrete não é mais só futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. Precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol. Uma vez que se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para tentar segurar.