A CAMISA MAIS PESADA DO RIO GRANDE

POR MARCELO CARÔLLO
 
Eles tinham tudo o que de melhor já tiveram: elenco, fase, clima, estádio, treinador. Nós entramos com a única coisa que nos sobrou: a camisa vermelha. Resultado: 0 x 0
A empresa estadunidense Nike, em parceria com o Sport Club Internacional, lançou no mês passado o modelo 2018-2019 do pedaço de tecido mais pesado do sul do país. Em dois tons de vermelho e com uma faixa que remete ao ritmo reggae nas costas, o novo manto colorado é o que há de mais encorpado em uma camiseta de futebol. Prova disso é o que aconteceu na Arena do Grêmio no último sábado.
Antes do Gre-Nal 416, ouvir o pré-jornada da Rádio Gaúcha era adentrar um universo paralelo. Dezenas de torcedores gremistas foram entrevistados na entrada do estádio pela equipe de reportagem da rádio. Dezenas de torcedores gremistas foram unânimes ao apostar em goleadas absolutas na partida que aconteceria em algumas horas. “Cinco a zero é pouco hoje“, “vai ser de seis para cima!”, “olha, sinceramente, acho que hoje vai ser seis a um”, só para citar algumas das frases que mais me chamaram a atenção em meio àquele oceano de otimismo.
O pior é que faz sentido. Afinal de contas, o Grêmio tem o melhor time da história do mundo. É o que de mais completo já se viu em todos os tempos no planeta Terra. Nunca antes uma equipe praticou esporte semelhante. O futebol (gaúcho, brasileiro, mundial!) jamais presenciou tamanha qualidade técnica e tática (caso alguém tenha alguma dúvida disso, recomendo que clique nos links em laranja espalhados por este parágrafo).
E para enfrentar isso tudo, o que tínhamos?
Para encarar o que de mais avassalador já foi produzido no esporte futebol, tínhamos o pior Inter da história. Nunca antes passamos por reformulação tão gigantesca, nunca antes havíamos sido rebaixados, nunca antes havíamos entrado em um Campeonato Brasileiro coma a meta única de não cair, nunca antes foi tão sofrido torcer para o Inter. O colorado não sabe trocar três passes, tem um elenco capenga e está afundado em dívidas, crises políticas, desconfiança e azar. Nem mesmo o craque no nosso elenco, único homem capaz de derrotá-los, apresentava condições de jogo.
O que pisou no gramado da Arena às 15h54min de sábado não era um time de futebol (já que passa longe disso), era uma camisa vermelha. O S, o C e o I entrelaçados no peito diante de um adversário que nunca antes havia possuído tamanho poder.
De um lado, o melhor Grêmio de todos os tempos, com o melhor treinador de todos os tempos, no melhor estádio de todos os tempos embalados pela melhor fase de todos os tempos.
Do outro, a camisa.
Resultado: zero a zero.
Entrevistas
Após o apito final passou a ser engraçado ouvir as entrevistas do lado azul. A Gaúcha transmitia não mais torcedores empilhando gols em um universo alternativo, mas sim dirigentes e o treinador do tricolor culpando o Inter pela não-goleada. Ora, que absurdo, Inter! Não deixar o time deles empilhar gols? Deveríamos ter aberto os caminhos para o “rei de copas”, para o “imortal, copero y peleador”! Como assim querer praticar futebol diante deles?! Poxa vida, Odair!
Renato falou em “massacre”. Ri especialmente dessa parte. Foi um massacre, realmente. Massacre dos passes para o lado e passes para trás. Todos os 98% de posse de bola do Grêmio na partida se resumiram a um joguinho modorrento de passes sem objetividade. O “massacre” do Renato teve o massacrante número de uma finalização no massacrado gol adversário. Sempre muito divertidas, as entrevistas do treinador deles.
Ainda falaram muito em arbitragem, mas esse é um assunto que foi tratado em definitivo no Torcedor Colorado GaúchaZH nesse texto aqui. Resumindo: juiz de futebol não favorece ninguém. Juiz é ruim. Ponto.
Balança
Grêmio e Inter vestem camisas de peso (e ninguém é doido de duvidar disso). O melhor jeito de colocá-las na balança, especialmente para fugir da lógica do:
– Mundial Fifa!
– Ah, mas eu tenho três Libertadores!
– Tá bom, mas eu tenho três Brasileiros!
– É, mas e as Copas do Brasil?
– Beleza, mas quem tem Sulamericana?
em uma briga que se estenderia aos Gauchões, citadinos e chegaria até o ano de 1909, é colocar um time contra o outro. Nada parece mais correto, no que diz respeito a entender quem é melhor, do que posicionar os dois concorrentes frente a frente. Para a nossa sorte, isso já foi feito. Quatrocentas e dezesseis vezes. É uma amostragem bastante rica, eu diria. Até aqui, entre vitórias de um, de outro e empates, temos os seguintes números:
– 155
– 131
– 130
 
Dica: nenhum dos dois maiores números se refere a vitórias do Grêmio.
Como pesa a camisa do Sport Club Internacional.

7 thoughts on “A CAMISA MAIS PESADA DO RIO GRANDE

  1. É para parte da torcida esta faltando otimismo, paixão e alegria por esta camisa q vale tanto. Nós estamos atravessando maus momentos. Mas esta cor corre no sangue de cada um de nós…

  2. UMA CAMISA SOZINHA NÃO FAZ VERÃO!!!

    Creio que jamais uma camisa de um clube de futebol irá colocar medo em quem vai lhe enfrentar do outro lado, e nem mesmo neste último GreNal aconteceu algo deste tipo.

    Agora fico imaginando o que aconteceria com os nossos jogadores Colorados vestindo a camisa da Seleção do Brasil, Real Madrid, Manchester e Barcelona, em várias posições sem a companhia dos seus craques.

    Com certeza considerariam elas tão PESADAS, mas em função de não seremos merecedores de vesti-las, por causa do pouco e feio futebol que estão jogando com a camisa Colorada.

    Pode ser qualquer camisa, o que vai fazer a diferença é o talento de quem vesti-la, jogar e suar ela até o final da partida, em busca da vitória para o seu clube.

    Eu mesmo sendo torcedor do Internacional, não uso a CAMISA do time pelo qual em torço na rua, até mesmo porque não quero correr o risco de ser zoado, apetrechado, assaltado, até mesmo por não receber direito de imagem.

    Abs. Dorian Bueno, POA, 16.05.2018.

  3. Marcelo, entendo que temos muito a melhorar, mas realmente a hipocrisia azul muito bem citada pelo nosso lateral Zeca em entrevista pós Grenal chega a ser engraçada, mas percebe-se claramente que eles não acharam graça, fui muito mais um ataque de chilique, afinal algum ataque deles deveria funcionar, já que o do jogo nada conseguiu contra nós.

  4. Marcelo, bom texto, mas que foi de dar dó a foi, como disse me senti humilhado, essa de queles falam demais se vangloriam, são bossais, ISSO É MOMENTO BOM DELES, não faríamos o mesmo se fosse o contrario??? Só temos (clube), como falo sempre, tão matando o futuro do inter, é uma má fase, vai passar?? SIM, mas atitudes imediatas devem ser tomadas, não quando a m….estiver entrando pelo nariz, pois já está na cintura.

  5. Alô você Marcelo Carollo!

    Que belo texto de valorização da marca INTERNACIONAL, materializada em nossa camisa. Ter amor próprio é fundamental e isso começa e termina pelo exemplo. Tomara que o teu seja seguido e que de vez em quando aqueles que tem “constitucionalmente” o dever de zelar pelo patrimônio, honra que lembre disso a cada Alvorada. Parabéns!
    Coloradamente,
    Melo

  6. Bom dia..
    Inter maior! Camisa maior! Esse Renato carioca bosal arrogante e recalcado, conseguiu o que queria, todos sabemos que está a muitos anos blindado pela imprensa gaúcha, queridinho da RBS.. conseguiu desviar os fatos que não teve sucesso com vitória como declarava e seu jogadores comentavam entre si, não teve sucesso e conseguiu fazer parte da imprensa de patinho desviando o foco.. tirando o macaquinho de seu ombro.. ou seja, tirou a responsa de suas costas e todos acharam isso lindo.
    Até a impressa nacional.

  7. Marcelo, uma lástima que as pessoas que hoje estão lá nas altas esferas do Clube não tenham essa noção do que representa essa camisa. Tivessem, não protagonizariam um time melancólico que foi um fiasco na série B e nesta temporada não preciso nem discorrer tanto, pois os resultados e os péssimos números dizem tudo. Eles mesmo já estão cansados de falar em reconstrução, reformulação, e outras desculpas. Dirigentes acuados, treinador despreparado e time sem organização e sem fundamentos mínimos…o que esperar ali na frente? Estão apequenando o Clube e tentar encontrar um fracasso no fato do adversário não ter conseguido fazer um gol denota numa condição de inferioridade que as pessoas que passaram e as que estão no Clube nos impuseram. Estou nesse patamar de insatisfação, mas entendo e louvo os amigos(as) que tentam vislumbrar otimismo mesclado com realismo. Eu não aceito essa condição atual.

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