De CHARUTO  A XUXÚ, os torcedores símbolos do INTER

Em função de suas origens o INTER sempre se notabilizou por promover torcedores símbolos, se notarmos bem veremos que são representantes de diversos segmentos sociais  demonstrando de forma inequívoca que efetivamente somos o CLUBE DO POVO.  Escolhemos aqui quatro dos mais famosos e que já foram torcer para o INTER no Andar de cima.

CHARUTO

Seu nome é desconhecido mas sua história registrada na mente dos mais antigos vem sendo contada através dos tempos. Os registros contam que Charuto “viveu” no Estádio dos Eucaliptos entre as décadas de 30 e 50. Biscateiro da “Doca das Frutas”, nã há que o tenha visto sóbrio. Não raro, sem dinheiro para pagar o seu ingresso Charuto arrumava algum com torcedor de bom coração e quando não aplicava uma estratégia que bem revelava sua inteligência: entrava de costas e quando era interpelado dizia que estava saíndo e lá ia ele normalmente entoando seu gríto de guerra; CO-RO-RA-DO, CO-RO-RA-DO. Por óbvio, não o conheci pessoalmente mas de tanto ouvir meu pai e seus amigos falarem dele fico com a impressão de que foi meu contemporâneo. Em 1952 a três dias de um greNAL em que o INTER venceu por 5 x 1, Charuto se envolveu em uma briga no Mercado Público e foi assassinado com uma facada.

VICENTE RAO

Vicente Lomano Rao Filho de pai nascido na Calábria,  para onde viajou aos 6 anos tendo retornado ao Brasil

somente  em 1918, estudou no Ginásio Nacional, hoje colégio Anchieta.  Esse era tão COLORADO que resolveu nascer em um 4 de abril. Foi Sargento do Exército , bancário, chegou a jogar pelo INTER. Em 1931 Aflorou sua veia carnavalesca quando fundou a Banda do Faxinal. Em 1940 fundou o   (Departamento de Cooperação e Propaganda, o DCP ), Em minha linha de raciocínio foi a primeira manifestação concreta do que hoje é denominado Marketing e Propaganda, no futebol..  Vicente Rao e seus comandados  foram pioneiros no uso de buzinas, faixas, serpentinas e foguetes entre as torcidas de futebol do país, fazendo a síntese entre o esporte e a alegria carnavalesca. Os “críticos diziam que aquilo não era torcer, que era coisa de Crioulo”, o Sucesso foi tanto que tempos depois o co-irmão criou seu departamento e foi na esteira, No primeiro greNAL, RAO buscou a resposta em sua genialidade,  colocou em meio a torcida Colorada uma Faixa que dizia: “IMITANDO CRIOULO hein?”  RAO foi ainda, O Papai Noel oficial de Porto Alegre e o Rei Momo do nosso Carnaval.  Ao falecer em 1973 RAO sensibilizou a população que o homenageou com o nome de uma rua no bairro Ipanema na zona sul. Uma placa sentencia: VICENTE RAO, “alegria do Povo”.

TEREZINHA MORANGO

Terezinha de Oliveira Flores da Costa ou Terezinha Oliveira Baraldo ? Não se sabe ao certo, o fato é que ela se autorrebatizou com o nome de Terezinha  Morango Kubitschek de Oliveira, numa junção dos nomes da Miss Brasil de 1957 e do então Presidente da República Juscelino  Kubitschek de Oliveira, tudo isso para impressionaar um possivel namorado quando tinha 16 anos. Consta ter vindo  de Bagé na adolescência vivia no centro, reza a lenda que era uma mulher “interessante” , colorada fanática nessa época, ia aos treinos do Internacional, onde era valorizada por alguns jogadores. Terezinha teve quatro filhos.
Terezinha era figura de Porto Alegre, vivia pedindo um dinheirinho, e muitas vezes quem negasse ela saia aos gritos dizendo “tu é o pai de minha filha”. Bebia muito, mas muitos consideram a Rainha de Porto Alegre. Era “protegida” de Frederico Arnaldo Balvé (Ex dirigente do Inter), quando ele deixou a presidência do INTER se sentiu desprotegida e se desapaixonou pelo INTER passando a torcer pelo rival até que o carinho financeiro acabou e ela se tornou torcedora do Juventude.

XUXU

Nascido José Antônio Silveira, não sei se alguém se atreveria a dar a origem do apelido. Repetidas vezes Xuxu

contou que sua babá contratada pelo seu Avô, Militar do Exército, para ficar permanentemente com ele, lhe ensinou a ser COLORADO. Ela ouvia os jogos do INTER e, muito provavelmente lá pelos  5 ou 6 anos foi se acostumando a torcer pelo Colorado escutando os jogos com sua babá. Incontáveis são as histórias do Xuxu. Era um bom Papo. Por vezes, talvez  motivado por debilidade avançada de sua saúde, trocava alguns personagens de suas histórias. Em 1993 depois a vitória do Inter sobre o Fluminense conquistando a Copa do Brasil (1992) Xuxu resolveu “bancar” uma festa de despedida para o Célio Silva, tipo Boca Livre perguntei de onde ele tiraria dinheiro e ele respondeu: cada um dá o que quiser e depois eu faço uma Rifa. Xuxu adorava contar que  atravessou o campo do Beira-rio pelado, cumprindo uma promessa pela vitória e conquista do Campeonato. Em 2012, a direção do Inter homenageou Xuxu  por ter acompanhado o INTER em 600 jogos fora do Beira-Rio. Nas maiores conquistas do INTER era comum vermos a figura alegre do Xuxu comemorando, assim  se viu a essa figura alegre  nas conquistas das duas  Taças Libertadores da América, Mundial de Clubes, FIFA, ?REcopa Sulamericana, Dubai Cup e Copa Sulamericana.  No dia 14 de março de 2018 enquanto o INTER vencia o Cianorte o corpo do Xuxu era velado na capela Nossa Senhora das Vitórias, com encomendação do padre Ceron, canto do Hino Colorado e telão para que todos os presentes acompanhassem  paralelamente a vitória Colorada, exatamente como Xuxu queria. Em uma das visitas ao seu leito hospitalar Xuxu me pediu: “Melo,  se eu morrer vou ser cremado  e eu queria que minhas cinzas fossem jogadas em cima do gramado da Arena Tricolor, tenho que  secar eles até depois de morto”.

Esses seres, somos todos nós, eles representam cada um de nós. Enquanto existir a humanidade existirão pessoas que de lugares distintos irão convergir para a Av Padre Cacique para dar segmento a uma das páginas mais bonitas desse livro chamado FUTEBOL e ali estaremos todos nós formando o MAR VERMELHO, honrando, dignificando e mantendo viva a lembrança de nossos Idolos e nossos Símbolos.

TENHO DITO!!!