Em um esporte marcado pelo profissionalismo e falta de identificação, devemos valorizar
quem passa a torcer e valorizar uma instituição.
Abel Carlos da Silva Braga tem uma relação apaixonada com o Inter. Ele estava tranquilo
na sua casa, no dia 29 de novembro de 2025, quando D’alessandro fez um pedido que
valeria a sobrevivência colorada na série A. A escolha não seria fácil: imagina largar uma
tranquila para aceitar um desafio desse tamanho? Poucos teriam dito “sim”, mas Abel é
diferente. Aceitou o que achariam uma loucura no momento. Além disso, a questão
financeira chamou a atenção. Imagina trabalhar em um lugar sem querer receber? Só basta
ter realmente amor ao clube.
A partir da chegada, o Inter passou a se manter na série A. Em um cenário que só trazia
tristezas, ter alguém que nos trouxesse alegrias e esperança era essencial.
O primeiro jogo foi um baque. Uma derrota acachapante que deixou até o mais otimista
preocupado. Os piores sentimentos vieram à lembrança de uma torcida que já havia
presenciado da mesma maneira anteriormente. Os dias seguintes foram difíceis,
demoravam mais para passar do que os quatro meses que distanciaram a conquista da
América e do Mundo em 2006.
No dia 07 de dezembro de 2025 todos os caminhos ou pensamentos estavam no Beira-Rio.
Quem não quis ir no jogo (tem suas razões), acompanhou pelos diversos meios de
comunicação. O primeiro tempo foi mais do mesmo, mas tudo deve ter mudado no vestiário.
Abel deve ter mexido com o brio dos atletas, assim como fez no Gre-Nal do Século e em
tantos outros jogos parecidos. Com todo o respeito aos presentes, mas Abel pode ter sido o
colorado que mais acreditava na gente. Esta paixão exercida pelo Inter em 1988 cresceu no
decorrer das décadas e pode ter tido o ápice hoje.
O retorno dos jogadores foi diferente. Os atletas em campo pareciam outros. Apoiado pela
massa colorada, fizemos algo que conseguimos em 1990, 1999 e 2002. Derrotamos a
matemática, lógica e a razão. Não nos peça racionalidade quando o assunto é Sport Club
Internacional. Jamais.
Afinal, para salvar um rebaixamento quase irreversível só poderia ter sido Abel Braga. Se
este carioca de 73 anos é grato ao Internacional, seremos eternamente gratos a ele.