A TARDE ILUMINADA

Acredito que na noite da sexta-feira, 12 de dezembro de 1975, muitos torcedores do Sport
Club Internacional pensavam na tarde do próximo domingo. Como assim, você pode estar
pensando: para que pensar nessa data, se ainda tinha o sábado para aproveitar? A
resposta era clara. Até então nenhum clube do Rio Grande do Sul tinha sido campeão
brasileiro.

Passado o sábado, chegou o aguardado domingo. Mais de 70 mil torcedores preencheram
o concreto cinza do Beira-Rio. Você poderia olhar para qualquer lugar e via que não
sobrava um espaço vazio na arquibancada. E a cada minuto, essa multidão apoiou o
colorado em busca do sonhado título.
A escalação utilizada por Rubens Minelli foi a que a torcida exigia após a vitória por 2 x 0
sobre o Fluminense: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Falcão e
Paulo César Carpegiani; Valdomiro (Jair), Flávio Minuano e Lula. Montado o time, era só
esperar as 17h daquele domingo.
Quando o jogo começou, vimos que a euforia não aconteceria. O Inter não enfrentava
apenas um Cruzeiro, era o time vice-campeão brasileiro de 1974 e que mais tarde seria o campeão da
Libertadores de 1976 sobre o River Plate. O clube não queria repetir o feito do ano anterior,
mas Don Elias Figueroa não queria ver a frustração do amado Internacional.
Aos 11 minutos do segundo tempo, Valdomiro sofreu uma falta. Exímio cobrador deste
lance, viu que a probabilidade de chutar a gol dar certo era quase impossível e teve outra
opção. Uma escolha poética. Colocados os jogadores colorados na área, nenhum conhecia
tão a área quanto Don Elias Figueroa. Porém, tinha um percalço: era a área adversária.
Como fazer para um defensor vencer atacantes do mesmo time ou os zagueiros do
Cruzeiro? Não me pergunte como, mas naquele momento veio um raio de sol no Estádio
Beira-Rio. O palco nublado tinha uma saída para o gol colorado. Figueroa soube dessa
iluminação, cabeceou mais alto que todos e neste exato lugar, marcou o gol do título.
O menino Beira-Rio de 06 anos jamais tinha visto tanta euforia na sua curta vida. Mas claro,
naquele timaço de Minelli, merecia viver esse momento. A festa aconteceu em todo o
estádio e em qualquer outro lugar onde tinha colorados. Seja na rádio, TV ou
presencialmente, vivemos o momento máximo de 66 anos de história.
O jogo seguiu e o Cruzeiro foi para cima. Nelinho quase marcou mais de uma vez, mas
Manga fez milagres. Também, depois daquele gol iluminado, qualquer atleta alvirrubro se
motivaria. O apito de  Dulcídio Wanderley Boschilia credenciou uma equipe que lutava a temporadas por um título nacional. Era só o início de uma supremacia brasileira no final da
década de 1970. De cinco edições, estivemos quatro vezes no “pódio”. Três taças. Nada
mal, hein?

One thought on “A TARDE ILUMINADA

  1. Alô você Messias!
    Naquela tarde um jovem de 21 anos estava colocado atrás da goleira do Gigantinho, lado oposto a goleira onde o raio iluminou DON ELIAS. No rádio embora a Guaiba tivesse boa audiência com a narração do Haroldo de Souza era a rádio Gaúcha que ecoava no Estádio Pinheiro Borda na voz do Ranzolin. Uma explosão incontida. Um plano de quase 10 anos finalmente chegou a bons termos. O PRIMEIRO TIME GAÚCHO a ganhar uma competição Nacional. GLÓRIA DO DESPORTO NACIONAL

    Diretamente da Cavalhada Porto Alegre RS
    Coloradamente
    Melo

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