Rodízio de técnicos

Peñarol: Sebastián Sosa; Alejandro González, Carlos Valdez, Guillermo Rodríguez, Darío Rodríguez; Matías Corujo (m.67 Antonio Pacheco), Luis Aguiar, Nicolás Freitas, Matias Mier (m.55 Fabian Estoyanoff); Alejandro Martinuccio y Juan Manuel Olivera (m.82 Diego Alonso). Entrenador: Diego Aguirre. Santos: Rafael; Pará, Bruno Rodrigo, Durval, Alex Sandro; Adriano, Danilo, Arouca, Elano (m.78 Alan Patrick); Neymar y Zé Eduardo (m.89 Bruno Aguiar). Entrenador: Muricy Ramalho
Aguirre foi a vítima da vez.

Demitir técnicos é um dos maus costumes do futebol brasileiro. Acontece com os feras, com os medianos e ainda mais com os fracos. Mas a dança das cadeiras a que os profissionais são submetidos beira o despreparo e expõe a falta de planejamento dos chamados homens fortes do futebol. A culpa da derrota, da eliminação e do fiasco são sempre dos técnicos, sendo eles estrangeiros ou não. O peso da culpa dobra quando colocada nos ombros de um estrangeiro e a demissão da vez chegou para Diego Aguirre.

A três dias de um grenal, diretoria alguma com planejamento e foco demitiria o técnico para colocar sua equipe sem comando em campo em um clássico que dispensa apresentações. Mas Píffero, seguindo os passos de Luigi, sim. Desde o fiasco no mundial em 2010, sete técnicos estiveram na casamata colorada e a forma de jogar do time não sofreu fortes mudanças positivas – Falcão, Dorival, Fernandão, Dunga, Clemer, Abel e agora Aguirre – e sim, ainda tem colorado que acredita que o real problema é o treinador. Estou começando a achar que não assisto aos mesmos jogos que vocês.

Aguirre fez um grande trabalho no Inter. Os reforços que Píffero trouxe para o elenco nesta temporada foram praticamente descartados por ele por não renderem o esperado em campo (apenas Anderson deveria ter sido mais utilizado, principalmente nos jogos da LA). O uruguaio levou o time a outro patamar – guris jovens tiveram mais oportunidades com o treinador, puderam brilhar e mostrar o talento adquirido no celeiro de ases. A velocidade fez contraste com a experiência de jogadores como D’alessandro e o time adquiriu maturidade para seguir na libertadores, sendo o maior favorito, jogando de forma espetacular contra adversários fortes como o Galo mineiro. Aguirre foi o único treinador desses sete que citei acima que conseguiu fazer nossos olhos brilharem novamente com um atuação digna da grandeza do clube. Se é merecida a demissão? Jamais.

Reforço minha ideia de que trabalho de comissão técnica precisa de tempo e de um elenco capaz de atingir a meta traçada pela diretoria do clube. A maioria dos jogadores do Inter vivem no departamento médico e o excesso de lesões dos atletas é problema recorrente desde a saída de Fábio Mahseredjian da preparação física, lá em 2011.

Outro fato importante foi a resistência do uruguaio perante as críticas de parte da imprensa gaúcha desde que foi anunciado como técnico. Sua personalidade e confiança em seu trabalho levou o colorado à semifinal da competição continental, isso tudo em ano de reformulação do elenco, da diretoria e tudo mais. Não é pouco.

Lembrando que foi Luiz Fernando Costa, o falecido dirigente de futebol, que depositou sua confiança em Diego Aguirre.

Obviamente que Diego cometeu erros comandando o time, como por exemplo: o rodízio em demasia dos atletas que acabou prejudicando o entrosamento do verdadeiro time titular; a disposição errada em campo, sacrificando características de jogadores como Nilmar, que não é centroavante e era colocado em campo para jogar como um, entre outras coisas que fizeram o Inter ser eliminado pelo Tigres dentro e fora de casa. Mas a falta de comprometimento do time assustou nos dois jogos da semifinal – os jogadores pareciam entregues e conformados. Não houve a doação em campo vista nos jogos das fases anteriores da LA.

Enfim, sua demissão foi precipitada, foi um claro sinal de transferência de culpa pelo planejamento falho da direção. Píffero não vai admitir seus erros, prefere o caminho mais fácil que é a demissão do técnico. O time não vai jogar melhor apenas porque mudou de comando – os atletas são os mesmos e a mentalidade do clube também é a mesma, desde 2000 e bolinha.

Nosso amado Fernandão, após sua demissão em 2012, declarou que o clube tinha entrado em uma zona de conforto. Abram os olhos, comecem a análise de cima para baixo e encontrarão os problemas que causam a crise colorada. A cena se repete há anos e mesmo com a mudança de gestão os erros permanecem. E nesse rodízio quem leva são os que menos têm culpa – os técnicos. Aguirre é só mais uma vítima.

7 thoughts on “Rodízio de técnicos

  1. Fomos Campeões gauchos pelo acaso, lembrem que no GRENAL estava 2×0 e pelas trocas do Aguirre por pouco não entregamos o Jogo, assim foi com Tigres depois de 10 minutos fantasticos e dois a zero o time caiu de produção como desde o primeiro jogo do Aguirre.
    Sua contratação ja foi um erro, sua demissão deveria ter sido no primeiro jogo da libertadores.

  2. mudança mais fácil

    Como sempre é mais fácil e mais rápido mudar o treinador. Com isso tira-se a culpa dos jogadores e, principalmente, da direção, que é a maior responsável tanto pelas vitórias, quanto por esses momentos dolorosos que o Inter vive. Deixar escapar uma Libertadores de barbada é um erro de estratégia e estratégia é da direção. Treinador e jogadores são empregados do clube.

    Incrível que o mesmo presidente que comandou a fracassada preparação para o Mundial de 2010, repete o mesmo método em 2015 e com o mesmo resultado: derrota, fiasco e vergonha. Futebol não se guarda na gaveta. É esporte coletivo e coletivo requer treino, entrosamento, conhecimento das características dos companheiros do grupo.

    Pois bem, foi-se Aguirre. Outro virá. Mas a direção medrosa e equivocada nos métodos continuará.

    Aguardem: nada para 2015. E para 2016, pouca coisa, pois os mesmos vão continuar. Pra completar, só falta chamarem o Chumbinho de volta, o assessor desinformado que em 2010 não sabia que Rodrigo já tinha jogado por dois clubes e em 2013 foi avisado pelo lateral Helder, que este já tinha jogado a Copa do Brasil pelo Veranópolis. Chumbinho não sabia.

    Leia mais: http://www.mata-mata.com.br/paulo-fachel/

  3. Alô você Jéssica Loures! Pincei uma frase: “A cena se repete há anos e mesmo com a mudança de gestão os erros permanecem” Mas será que no FUTEBOL mudou? Vejo muitos avanços no Inter como a área administrativa, o relacionamento com o sócio, Parque Gigante, Portal da transparência por exemplo, mas no futebol é mais do mesmo que sempre existiu, com soluções velhas e surradas, não há novidades. Concordar ou não com o D. Aguirre é outra história, mas demiti-lo há tres dias do greNAL tendo tido oportunidades outras é efetivamente uma medida, no mínimo discutível. Coloradamente, Melo

  4. Concordo plenamente com o insano ato da demissão do Treinador Diego Aguirre. Com o Abel Braga foi o mesmo. Quem não conhece a História, repete seus erros. Quem será o bola da vez?

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