Comemorar e começar de novo

Sim, comemorar, é meu primeiro texto pós conquista do Título Gaúcho, que embora não esteja entre as conquistas mais relevantes entre as disputas ranqueadas, é uma conquista. Eu creio que, a partir do momento que aceitamos participar da disputa, é sempre bom vencê-la, pois se assemelha a um duelo, sendo que dessa vez o desafiante nem se apresentou. Mandou o irmão menor para apanhar em seu lugar, e realmente apanhou mais uma vez.

Como alguém já disse, as alegrias no futebol raramente passam de setenta e duas horas, mal terminamos de acompanhar as brincadeiras nas mídias sociais, algumas manifestações doloridas, contrariadas, de alguns torcedores do clube que sequer teve a competência para fazer a disputa da final, e já nos deparamos com as durezas do difícil Campeonato Brasileiro.

E, como na maioria dos anos anteriores, começamos com muitas dificuldades na primeira rodada. São raras as vezes em que iniciamos com vitórias, porém acho que esse ano é um pouco mais preocupante, pois as principais deficiências da equipe não foram sanadas. Salta aos olhos que necessitamos de um zagueiro com capacidade de saída de bola com qualidade, um articulador e um atacante goleador para ser o titular incontestável.

Isso para jogarmos com as reais possibilidades de almejar alguma posição relevante na tabela e sonhar com título. Mesmo que eu ache muito curioso que poucos percebam, mas da maioria dos ditos grandes clubes, todos centenários, quem ganhou mais, ganhou seis vezes, ou seja, quem prenuncia esse ano que a, b ou c não ganhará o campeonato tem uma chance enorme de ser um profeta.

Quando penso no meu clube nunca separo por períodos, sejam positivos ou negativos, pois alguns foram sofridos e a maioria nos meus 58 anos foram de muitas alegrias e graças a Deus jamais de vergonha. Quando algum adversário vem com o papo de que a última conquista de campeonato Nacional data de 1979, faço lembrar que é o único invicto e não esqueço que em 2005 fomos duplamente roubados, nos tribunais, com a anulação e repetições de jogos que permitiram ao Corinthians recuperar quatro pontos perdidos e no campo no fatídico pênalti não assinalado e na expulsão do Tinga pelo Marcio Resende de Freitas.

Em 2009, mais uma vez fomos vitimados por episódios que não enobrecem a competição. Lembro do confronto entre Flamengo e Internacional aqui no Beira Rio, num dia que choveu o tempo inteiro e o juiz obrigou a realização da partida com a água praticamente nas canelas dos jogadores, culminando com as duas últimas partidas com os adversários entregando gratuitamente seis pontos e o título ao Flamengo. Esses fatos me levam a aceitar com um pouco mais de compreensão quando vem a baila esse longo período de jejum.

Mesmo sabendo que também existem erros estratégicos dos nossos dirigentes, às vezes usando desnecessariamente equipes descaracterizadas, preservando em prol de libertadores, etc., uma coisa é certa, quem desperdiça pontos não conquista essa competição

Estamos mais uma vez atrasados, prometendo a chegada de atletas com dez rodadas já disputados, se não conseguirmos uma pontuação razoável, talvez seja praticamente inútil a vinda dos mesmos em termos de conseguir título ou a consolação de vaga para a Libertadores, talvez só amenizem o sofrimento de não brigar na rabeira.

Mas, vamos enfrente, sem nos abater com a terra arrasada feita pela imprensa gaúcha e aplacando um pouco a compreensiva angustia dos torcedores no Estádio, pois nosso elenco de jogadores é composta de jovens e a pressão pode afetá-los demasiadamente.

Um abraço colorado,

Arioldo Roldan