A caminho de casa e à realidade

Triste com a eliminação precoce da Seleção Brasileira, cantada em prosa e em verso como a favorita à conquista do título da Copa do Mundo em 2018, a realidade surge muito clara aos nossos olhos e mentes. Ficamos pensando e pensando quais seriam as verdadeiras razões por essa eliminação e como será difícil acompanhar as demais etapas somente com times de países europeus.

A Copa do Mundo é somente uma competição, importante como tantas outras ou um pouco mais valorizada devido envolver seleções de vários países, mas com resultados esperados normais, iguais a qualquer outro jogo de futebol, vitória, empate ou derrota. Vence aquele time que melhor se apresentar naquele jogo, ou seja, a vitória, é o mérito de uma apresentação superior, do melhor desempenho defensivo, do melhor aproveitamento das oportunidades de gol e da menor quantidade de falhas, simplesmente isso. O que devemos sempre levar em consideração é que se trata apenas do resultado de um jogo e não de um trabalho desenvolvido criteriosamente há vários anos.

Penso que o árbitro de vídeo (VAR) nessa Copa do Mundo provou que ainda carece de maior imparcialidade das análises e que a sua utilização ainda não traz confiança aos jogadores e torcedores. Depende ainda muito da interpretação dos árbitros de vídeo e nem todas as situações onde sua utilização seria importante é utilizado. Por outro lado, o VAR  deveria ser utilizado no Brasil e no futebol mundial para acabar com as farsas e dar cartão vermelho aos “falsos artistas” que simulam faltas graves ou que tentam “enganar” os árbitros, comprometendo o bom andamento de jogos e até mesmo de resultados, pois dessa maneira, com certeza, acabariam as cambalhotas, piruetas e caretas ridículas em  faltas normais de jogo ou o cumprimento das regras do futebol . Na própria Copa do Mundo acompanhamos que essa prática condenável e ridícula, foi bastante utilizada por todos e com a complacência das arbitragens. Sinceramente, em lances que envolveram o Neymar e outros craques do futebol mundial, os árbitros de vídeo e as arbitragens de campo (titulares e auxiliares) viraram as costas às agressões.

É inquestionável que perdemos nossos mais promissores jogadores para os países com maior poder econômico, movidos pelas delícias proporcionadas por altas somas envolvidas em suas contratações e com as possibilidades de acesso a um novo padrão de vida, impossível atualmente no Brasil. Essa perda de jogadores, ainda muito jovens, traz uma perda de qualidade nas competições brasileiras e praticamente minimiza o crescimento dos demais jogadores, motivado pela falta de uma maior competitividade e de exemplos em campo. Os países que os contratam, pelo contrário, proporcionam a evolução de seus jogadores nativos. Não podemos condenar esses países que os contratam, pois se olharmos para dentro, no Brasil também trazemos excelentes jogadores da América Latina.

Um ponto que não vejo discussão a respeito é o “endeusamento questionável e absurdo” de jogadores que acontece em nosso Brasil, sem citar a supervalorização de certas competições, gerando um verdadeiro circo anestesiante e uma expectativa exagerada nos torcedores brasileiros, provocando frustrações desnecessárias que seriam evitadas se fossem “vendidas” com o valor que possuem. No jogo da desclassificação, os principais jogadores da Bélgica estiveram melhores, apresentaram um futebol de alta qualidade, e os jogadores brasileiros estiveram em uma jornada muito aquém de suas possibilidades. Explicações existem e muitas, mas não convencem o torcedor que acreditava que o título viria, pois foi motivado a acreditar nisso.

Sem intenção alguma de condenar ou culpar alguém, nossos “deuses” não compareceram em campo. Daniel Alves fez falta e Marcelo, Coutinho e Neymar (voltando a jogar depois de três meses parado, caçado em campo, perseguido pela mídia que defende o futebol truculento, feio e exageradamente violento, temeroso de novo afastamento por lesão  e, suspeito eu, sentido dores provocados por várias faltas no tornozelo) estiveram muito aquém do que poderiam e era esperado deles. É muito difícil três excelentes jogadores jogarem mal em uma mesma partida e ao mesmo tempo. Se olharmos o desempenho dos demais, excluindo Alisson, Miranda e Thiago, todos estiveram abaixo do que poderiam. O lance do Fernandinho foi total infelicidade e o jogador não teve culpa alguma no desvio da bola. Lance que poderia acontecer com qualquer um. A classificação da Bélgica e a desclassificação do Brasil, no meu modo de entender, foi justa e fez justiça ao desempenho e objetividade dos belgas. Mesmo com a desclassificação do Brasil, o trabalho efetuado pelo Tite e por toda a comissão técnica foi excelente. É pena que em futebol não se pode exigir justiça nos resultados de um trabalho, pois outras seleções também estavam bem preparadas e motivadas. A responsabilidade exagerada criada com a “venda” da certeza que o Brasil conquistaria a Copa do Mundo em 2018 criou um pressão emocional muito prejudicial nos jogadores e, muitas vezes, nessas ocasiões, o equilíbrio, a reação à adversidade e a lucidez são bastante comprometidas.

Todos deveriam entender que o Brasil era a seleção a ser batida nessa Copa do Mundo e que esse “endeusamento nativo” do futebol brasileiro e de alguns jogadores, traz a ideia de soberba, de superioridade imbatível e provoca uma motivação muito grande nos times adversários, com o objetivo de derrotá-la e provar que não são inferiores. Vejam o que foi noticiado no mundo todo, principalmente nos países que tiveram suas tradicionais e respeitadas seleções desclassificadas ou que poderiam vir a enfrentar a seleção brasileira. Posso estar muito enganado, com o histórico excelente de desempenhos, com o time completo e em condições físicas ideais, o Brasil poderia conquistar essa Copa do Mundo, até com certa facilidade, não fosse o imponderável do futebol e a natureza humana.

Agora de volta à casa,  ao nosso maravilhoso Brasil, com os mesmos problemas de antes da Copa do Mundo, é preciso “lamber as feridas”, não procurar “chifre em cabeça de cavalo”, identificar possíveis erros ou equívocos, ver o que não funcionou como esperado e que pode ser melhorado e, dentro da realidade, planejar o trabalho à busca de um futuro vencedor.

8 thoughts on “A caminho de casa e à realidade

  1. Sou da opinião que devemos formar uma seleção só de jogadores que atuam aqui no Brasil, estes que estiveram lá estão com suas vidas todas resolvidas, milionários, que motivação eles tem, os torcedores brasileiros??? Não, isso não existe mais, essa de jogar pela nação, pelo clube, já era, eles pensam no bolso deles certo ou errado isso cada pensa o que quiser. Se Tite ficar e se fosse eu ele (nunca kkkkk) eu chegaria no presidente da CBF dizendo que concordaria em ficar mas que iria trabalhar só com jogadores que atuam aqui no Brasil. Os patrocionadores iriam concordar??? Não sei, pode até ser uma utopia minha isso, mas só assim dará certo para próxima copa.

    1. Vanderlei, sempre respeito sua opinião, pois trazem o verdadeiro pensamento de torcedor isento de fanatismo. São colocações inteligentes, construtivas e de quem busca soluções. Tenho pensado muito nisso, mas como “estancar” essa “sangria” dos melhores jogadores que migram para clubes europeus ou asiáticos em busca de melhores condições de vida. Na atual situação de nosso País (sem entrar na seara política e moral), não são só nossos melhores jogadores que estão deixando o Brasil, mas também muita gente qualificada que busca no exterior a sua valorização como profissionais, cidadãos ou como gente. Nossas categorias de base j=á são contaminadas e na grande maioria (se não a totalidade) já pertencem a investidores, que buscam somente o lucro com suas negociações futuras. As dificuldades atuais fazem a grande maioria esquecer seu dever cívico e sua obrigação de participar pela igualdade e pelo bem comum do povo brasileiro, ficando, devido a essas necessidades, presos e atados a um comportamento egoísta de sobrevivência pessoal. Não dá para condenar, apesar de ser lastimável. Sinceramente, eu gostaria que fosse iniciado um trabalho, desde as categorias de base, para a formação de uma seleção nacional só com jogadores de clubes brasileiros, como já foi um dia, na contramão do que acontece atualmente no mundo, com raras exceções, mas, com certeza, enfrentaria grande resistência do “status quo” e não tenho certeza que sobreviria. São muitos interesses em jogo…

  2. Alô você Pauperio!
    Quanto ao resultado final de nossa seleção, com absoluta tranquilidade afirmo que torcida muito, montamos corrente, torcida etc mas ao fim e ao cabo, passando pela desilusão do momento imediatamente posterior ao final do jogo, crédito o resultado tão somente a coisas do futebol. Poder-se-ia questionar um ou outro na convocação , na escalação e até na substituição, entretanto no cômputo geral era isso mesmo. A bola na trave, o penúltimo passe errado o arremate torto, tudo isso faz parte, paciência em grande quantidade é a solução. O trabalho foi bem feito. Uma correção aqui outra ali, mudança de um ou outro conceito e vamos forte de novo como sempre fomos.
    Colorada mente,
    Melo

    1. Concordo contigo, se houveram equívocos ou erros, ninguém tem “bola de cristal” para adivinhar. Lamento apenas as injustiças de não reconhecer que Neymar vem de um afastamento de três meses e que não poderia ter apresentado um melhor desempenho e as idiotas e as nojentas afirmações racistas e injustas nas redes sociais contra o Fernandinha. Em futebol ou em qualquer competição esportiva é normal ganhar, perder ou se empatar, só gente fanática, desiquilibrada ou totalmente desinformada não acredita nisso.

  3. ACOOORDAAAAAA INTERNACIONAL, ACABOU A COPA!!!
    A Seleção do Brasil não conseguiu seguir em frente, mas perdeu apenas por 2×1 para o alto e grande Time Belga.
    A Seleção da Bélgica tem um GRANDE GOLEIRO, e isto foi fundamental, para eles segurar o ataque dos jogadores do Brasil.
    Este resultado negativo da Seleção, também passou por uma quantidade de erros de passes, que não estava acontecendo.
    Parabéns aos Belgas e palmas aos Brasileiros, que lutaram até o fim do jogo.
    Mais uma Copa que passou em nossas vidas, e agora voltaremos a nossa realidade.
    Vamos virar a página e seguir em frente, porque o Futebol jamais parará por este Mundão a fora.
    Acoooordaaaaaa Internacional, acabaram as férias.
    Queridos Colorados, muita calma nesta hora, já que o nosso time Internacional de Porto Alegre, seguirá em frente.
    Vamos torcer agora para o nosso TIME GAÚCHO, jogar muito Futebol e quem sabe PODER levantar a Taça do Brasileirão.
    Abs. Dorian Bueno, POA, 08.07.2018

  4. Em relação a seleção brasileira especifucamente. Para mim desiquilubrada. De um lado willian sozinho, isolado esperando uma possivel infriltação do Paulinho. Do outro Marcelo avançando junto com Coutinho para abastecer neymar. No meio quem armava? Ninguem. Mas confiamos q tinhamos um craque. Pois em 70, 82,86,94,2002 tinhamos. Neymar? Jogador medio q gosta mais da basalação e das faltas do q do jogo. Não jogou nada. E atrapalha pela obrigação q o tecnico tem de preparar o jogo pra ele. Mas ainda assim fomos muito melhor q em 2014. Afinal levamos cinco gols a menos na eliminação. Peso da camisa não existe mais a muito tempo no futebol. Tatica, esquema, tecnica, velicidade e objetivos bem traçados, jgo a jogo, ganharão esta copa.

    1. Adriana, penso que Neymar não estava em melhores condições físicas e atléticas para jogar. Três meses de afastamento pesam na preparação física e, além disso, o temor de uma nova lesão, deixam o jogador inseguro e sem muitas condições de desempenhar o que se espera dele. Neymar, fora os exageros, é o melhor jogador em atividade no momento e o que apresenta o futebol mais bonito de se ver. pena que nessa Copa do Mundo estava “a meio pau”. No meu modo de entender, a grande falha foi de quem “vendeu” a ideia de que ele estava recuperado, em plena forma e poderia entregar o que não tinha no momento. Assim como você, acompanha há muito tempo o futebol e nunca tinha visto todos os melhores jogadores deixarem a desejar em um jogo e ao mesmo tempo. Ninguém fez o que Pelé, Falcão e outras já fizeram, colocar a bola embaixo do braço e dizer chega, vamos jogar e vencer. As seleções dos anos que foram citados, por favor, tínhamos craques em forma, que inspiravam confiança e regularidade, eram quase imbatíveis em campo e suas qualidades excepcionais até hoje são reconhecidas e reverenciadas.

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