Paixão e amor indescritíveis

Muitas vezes me percebo pensando em nosso Internacional e procuro razões, sem conseguir entender ou explicar de onde sai e como não para de crescer essa paixão por esse clube. Fanatismo, não, simplesmente um amor irresistível, exigente e crescente de torcedor, que não faço o mínimo esforço para conter.

Há pouco tempo atrás, já definiram, erroneamente, que existia certa soberba na torcida Colorada, mas ficou evidente que se tratava de um equívoco, pois é amor gratuito, de gente humilde, de todas as raças, credos, gêneros, condições sociais e intelectuais. Simplesmente vontade de torcer juntos no Beira-Rio ou mesmo sozinhos, por amor a um grande clube, seu histórico, suas lutas, suas conquistas e sua tradição.

Procurar definir o que justifica esse amor ao clube, se torna quase impossível, pois é fruto de uma conquista mútua e de um orgulho pela forma como foi criado, superando todas as discriminações próprias da época e pela sua luta pela sobrevivência até chegar ao Beira-Rio e aos títulos que tanto admiramos, como o insuperável número (isolados ou sequenciais) de Campeão Gaúcho, o de único Campeão Brasileiro Invicto, a Recopa Sul Americana, as Libertadores da América e de tantos outros no cenário regional, brasileiro e internacional, mas principalmente, o de 1º Campeão Mundial de Clubes – FIFA.

Ninguém mais que um Colorado poderia se orgulhar tanto quanto ao ver as bandeiras do Internacional colocadas nos telhados de zinco dos casebres que circundavam a Avenida Ipiranga e nos bairros menos favorecidos de Porto Alegre. Era o testemunho de gente humilde, símbolo de uma luta pela igualdade e contra as discriminações e pela falta de oportunidades, representadas por uma bandeira vermelha e branca. Era a simbiose da igualdade e da união de todos os Colorados, prova viva da inexistência de discriminações.

A Avenida José de Alencar e a Rua Silverio, assim como os Eucaliptos, acumulavam e agregavam Colorados felizes que se dirigiam ao estádio vindo de vários pontos de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Mais tarde, o Parque Marinha do Brasil, era o testemunho da união, paixão e o principal local escolhido para o encontro do Mar Vermelho. Mais recentemente, o Parque Moinhos de Vento também serviu de local para os encontros dos Colorados para extravazar a alegria das conquistas dos nossos maiores títulos. Como cantavam Kleiton e Kledir, “Deu para ti, baixo astral, vou para Porto Alegre, tchau…”. Sim, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, do Sport Club Internacional, do Beira-Rio, do churrasco, do chimarrão, do galeto com polenta, do Cisne Branco, da Rua da Praia, do Internacional, do Fogaça, do Falcão, do Mercado Público, do 35 CTG, do  tradicionalismo do Paixão Cortes, das músicas e poesias do Jayme Caetano Braun, dos livros do Érico Veríssimo, da Feira do Livro e de tantas outras boas e excelentes referências. Querência querida dessa gente bonita (por dentro e por fora), cidadã, de mente sadia, amiga, hospitaleira, honesta, ordeira e trabalhadora, ímpar no cenário nacional e mundial.

Quanto aos Eucaliptos, um destaque especial, pois quando o Internacional estava em campo, mesmo com sol forte, muito calor ou muito frio, com chuva, com um time inferior na disputa de campeonatos ou até mesmo quando era obrigado a jogar em campo alheio, devido as limitações do estádio e o regulamento das competições da época, a torcida era fiel, como hoje, pois mesmo assim o amor, a fidelidade e a paixão sempre foram as mesmas. Nada poderia ou pode influir nesse sentimento puro dos corações Colorados. O Internacional existe e essa existência nos basta, pois acolhe todos os nossos sentimentos, onde e como estiver.

(Imagem: Yahoo)

Muitas vezes meus olhos ainda marejam quando lembro da gestação e nascimento desse colosso que hoje é nosso Beira-Rio.  Lembro do início da dragagem , da preparação da área (a Boia Cativa dos incrédulos), dos primeiros materiais para a construção, os sacos de cimento e os tijolos que a torcida Colorada levava orgulhosamente, principalmente aos finais de semana, o acompanhamento extasiado do passo a passo e o nascimento e a realização desse nosso sonho. Ninguém e nunca conseguirá superar essa alegria que nós Colorados vivemos e que hoje podemos desfrutar nos jogos no Beira-Rio.

Porto Alegre, RS, 14/06/2014
Estadio Beira-Rio
Foto: Vitor Kalsing/Divulgação PMPA

 

Não sei se é devido a isso, mas acredito que sim, que me faz tão crítico e muito exigente, entretanto, tenho certeza, que se trata apenas do sentimento de um simples torcedor de 72 anos que deseja o Internacional campeão em qualquer disputa de título que participar, sempre protagonista e participante nas grandes competições e, principalmente, eternamente gerador de felicidade à torcida Colorada. Nesse momento, depois do estrago que foi jeito, quando a incompetência reinou, temos certeza que destruir foi muito mais fácil e que reconstruir é muito mais difícil e bem mais demorado, entretanto torcemos para que os equívocos sejam minimizados ou sejam bem inferiores aos acertos .

Se algum de vocês que estiver lendo esse texto e conseguir definir as razões dessa paixão que toma os corações dos verdadeiros Colorados, por favor, faça seu comentário e me ajude a esclarecer melhor o que sinto, pois antecipadamente agradeço.

2 thoughts on “Paixão e amor indescritíveis

  1. Alô você Pauperio!
    Nossa história é muito rica e isso nols faz mais apaixonados e por via de consequência, exigentes. A simbiose INTER/torcedor é latente em todos nós, por isso somos tal qual o SALGUEIRO, “nem melhor, nem pior, apenas diferente”.
    Coloradamente,
    Melo

    1. Melo, realmente, nos apresentaram as coisas boas do futebol no Internacional , vencemos grandes competições e, assim, nos tornaram exigentes, pois não conseguimos mais nos contentar com pouco. Os Colorados que tem a pretensão de fazer a gestão do clube devem ter sempre em mente isso. Sabemos o que é bom e queremos mais e logo, apenas isso.

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