Pandemia, abolição e a saudade do futebol.

 

Por Adriano Garcia El Mago

O Dia da Abolição da Escravatura é celebrado em 13 de maio no Brasil. Esta data homenageia a Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, a qual pôs fim à escravidão no Brasil. Quem assinou a lei da Abolição da Escravatura foi Dona Isabel, princesa imperial do Brasil. Não se trata de feriado nacional, sendo esta condição revogada através da Lei nº 19.488, em 15 de dezembro de 1930, pelo ex-presidente Getúlio Vargas.

Hoje vivemos em uma pandemia que nos restringe do que mais faiscamos. O futebol. O Brasil foi o último país livre da América a abolir totalmente a escravatura. O escrete vermelho em sua história está associada à integração entre povos de diferentes nacionalidades. Ao contrário dos outros times da capital gaúcha naquela época, voltados sobretudo a descendentes de alemães, o Inter nascia receptivo a variadas etnias. Em sua segunda década de vida um divisor de águas marcou a história do Clube. Após o crescimento dos primeiros anos, o Inter começava a passar por grandes dificuldades. Dentro de campo, poucos títulos. Fora dele, o cenário não ajudava. Além dos apuros financeiros, o Colorado quase ficou sem casa e existia a possibilidade de fechamento do Clube. Era necessário tomar decisões que mudariam os rumos alvirrubros. Aguerrido desde sempre, o Inter deu a volta por cima e se fortaleceu. Venceu o seu primeiro título estadual, em 1927, encaminhou a construção da sua primeira casa própria – o Estádio dos Eucaliptos – e se tornou ainda mais popular, abrindo de vez suas portas para atletas de outras ligas, como a da Canela Preta. Época de craques como Sylvio Pirillo, cria da Ilhota, e Tupan, oriundo da Liga da Canela Preta. O Colorado começava a formar o lendário Rolo Compressor. Década de 30 trouxe muitas glórias, mas a década dourada veio nos anos 40 com a supremacia em Grenais. Época de ídolos eternos como Tesourinha e Carlitos, de Eucaliptos lotado, de torcedores folclóricos como Vicente Rao e Charuto. Ou, simplesmente, época de Rolo Compressor! A supremacia foi total no futebol gaúcho, nada menos que oito títulos estaduais em 10 anos. Pela primeira vez um time seria hexacampeão do Rio Grande do Sul. Não foi por acaso: o time era um verdadeiro rolo a comprimir adversários, amassando tudo pela frente. A equipe colorada teve algumas modificações durante os quase 10 anos de hegemonia, mas a formação mais famosa foi a do Rolo Compressor de 1942, com o goleiro Ivo Winck, os dois zagueiros Alfeu e Nena, os três médios Assis, Ávila e Abigail e o ataque de Tesourinha, Russinho, Vilalba, Rui e Carlitos, este último é, até hoje, simplesmente o maior goleador da história colorada – 485  gols, 42 deles em 62 GreNais, em uma carreira dedicada, do começo ao fim, ao Inter. Desde a década anterior, o Clube do Povo vivia seu estopim de crescimento.

Hoje, ao respeitarmos o isolamento social necessário, trabalhando de casa sempre que possível, podemos ter um olhar detalhado sobre a história do escrete vermelho. Pois há nela a representação real da força e da grandeza deste Clube. O Clube de Todos! Hoje, ainda cada descoberta, cada história contada e compartilhada por aqueles que fizeram e ainda fazem parte de seu cotidiano, da sua história traz a mesma emoção. Este sentimento traduz o que o clube, nestes 111 anos representa, sem distinção de cor ou classe, e que por isso é gigante. O Clube do Povo.

 

4 thoughts on “Pandemia, abolição e a saudade do futebol.

  1. jaldemir candido dos santos
    13/05/2020 at 16:44
    Salve! Mago! Realmente, o Internacional, em sua Ata de Fundação, foi claro e preciso. Abraçou uma causa que até hoje perdura, de uma forma declarada, velada, e tolerada. difícil de ser extirpada do seio da Sociedade porque tem guarida ainda em corações cegos. Mas, o principal é que muitos outros nasceram em berços desprovidos dessa doença mental que muito ajudaram na aceitação da cor e raça diferente da sua. Por isso ao se celebrar este avanço cultural, mesmo lento, muito lento, não há como não parabenizar o nosso clube, o clube do povo, que em sua fundação disse porque e para quem veio. Cumpre com maestria e grandeza na simplicidade de suas conquistas, sendo o único e legítimo Campeão hegemônico do Rio Grande do Sul. Já dizia o caudilho Sepé Tiarajú, que “esta Terra tem dono”, e o nosso Inter, ao longo desses 111 anos, vem provando através de seus títulos e Celeiro de Ases.

  2. Alô você, Adriano!

    De fato esse lamentável momento está pelo menos, servindo para que posamos fazer reflexões que por vezes não o fazemos até por falta de tempo. A história do nosso INTER é muita rica, cheia de atos bravos, de superação. Por certo esse será mais um desses a serem lembrados e que por fim nos trará mais orgulho.
    Coloradamente,
    Melo

  3. Salve! Mago! Realmente, o Internacional, em sua Ata de Fundação, foi claro e preciso. Abraçou uma causa que até hoje perdura, de uma forma declarada, velada, e tolerada. difícil de ser extirpada do seio da Sociedade porque tem guarida ainda em corações cegos. Mas, o principal é que muitos outros nasceram em berços desprovidos dessa doença mental que muito ajudaram na aceitação da cor e raça diferente da sua. Por isso ao se celebrar este avanço cultural, mesmo lento, muito lento, não há como não parabenizar o nosso clube, o clube do povo, que em sua fundação disse porque e para quem veio. Cumpre com maestria e grandeza na simplicidade de suas conquistas, sendo o único e legítimo Campeão hegemônico do Rio Grande do Sul. Já dizia o caudilho Sepé Tiarajú, que “esta Terra tem dono”, e o nosso Inter, ao longo desses 111 anos, vem provando através de seus títulos e Celeiro de Ases.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.