Há exatos 36 anos, num domingo à tarde (23 de maio de 1976) o INTER proporcionava a maior goleada ocorrida até hoje no Beira-Rio ao enfrentar o Ferro Carril de Uruguaiana. Estava em disputa o regional, de suma importância para o colorado que buscava o tão sonhado e inédito título de OCTA CAMPEÃO GAÚCHO.
Como no ano anterior tinha-se igualado a maior seqüência obtida pelo adversário da Azenha de 7 (sete) títulos consecutivos (Hepta Campeão), a essa altura queria mais. É bem sabido que nós colorados nunca nos satisfazemos na equiparação de conquistas ao tradicional adversário. Queremos sempre superá-las, a exemplo do caso em referência.
Naquela altura do campeonato estávamos apenas um ponto na frente do rival e o saldo de gols também era somente de 1 (um) a nosso favor. É bom deixar registrado que o saldo de gols constituía o fator de desempate em caso de igualdade de pontuação.
Sabedor da necessidade de melhorar o saldo e lograr maior vantagem possível, contávamos com a habilidade e astúcia do saudoso Vice-Diretor de Futebol Frederico Arnaldo Ballvê, um dos maiores dirigentes da história do INTER, o qual, para incentivo dos jogadores, fixou premiação especial por gol feito.
E a medida surtiu efeito arrasador, eis que já aos 35 segundos de jogo, através de Caçapava, o INTER fazia 1 x 0. E aos 12 minutos o placar já estava nos elásticos 4 x 0.
E assim foi transcorrendo o jogo com o INTER empilhando gols e mais gols no adversário. Quando o marcador estava lá pelos 8 x 0, segundo o repórter, os jogadores estavam propensos a parar, mas ao consultarem o técnico Minelli ouviram do treinador: – Não, vamos continuar fazendo gols. E assim, sem dó nem piedade chegaram à histórica e inacreditável goleada de 14 x 0. Isto mesmo 14 x 0, a maior até hoje vista no Beira-Rio. Vide destaque do jornal com publicação na 3ª feira, já que na época não havia edição na 2ª.
Consta, inclusive, que o Diretor Ballvê ficou desesperado com a alta gratificação que deveria pagar aos jogadores, a julgar a premiação estipulada por gol feito, cujo resultado tido como exagerado, acabou contrariando o próprio Dirigente.
Naquele jogo histórico o INTER contou com a seguinte formação: Manga, Cláudio, Figueroa (Hermínio), Marinho Perez e Vacaria; Caçapava, Escurinho e Paulo César; Valdomiro, Flávio (Ramón) e Genau. Foram Goleadores: Valdomiro e Ramón (3 cada); Caçapava (2); Genau, Paulo César, Flávio, Cláudio, Figueroa e Escurinho (1 cada).
Enfim, tudo pareceu válido para os objetivos do INTER, que passou a ter saldo de 15 gols a mais que o rival, aumentando a diferença para 3 pontos, considerando que na época a vitória computava 2 (dois) pontos e o empate 1 (um).
A par disso, não chegou a ser ameaçado até o final do campeonato, obtendo em conseqüência o tão sonhado título de OCTA CAMPEÃO, que corresponde a oito títulos consecutivos, inédito até aquele momento no futebol profissional brasileiro. E até hoje, nenhum outro time gaúcho repetiu tamanha façanha.
E a pensar num escore tão elástico de 14 x 0 – de realização praticamente impossível. Só o INTER mesmo.
Saudações Coloradas
Heleno Costi – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado é a minha paixão!
Cláudia,
Conforme conversamos no domingo, o site oficial do INTER está deixando muito a desejar em termos de conquistas. Está muito incompleto.
Já falei com pessoal do Museu Colorado e estou preparando um levantamento para breve e irei divulgar. A ajuda do Melo, Adão, Bestetti e outros colorados da gema em muito poderão colaborar.
É claro, é claro Simone, mas 5 x 2 ou 4×1 em cima deles é sempre mais gostoso.
PRA MIM, A MAIOR GOLEADA É SEMPRE 1X0 NO GREMIO….
Impressionante, conversei com o Melo e o Heleno e sem dúvida fazem parte da memória viva do Internacional, eu incluiria o S. Adão. Parabéns e Saudações Coloradas
Arquidaban,
Realmente o Ballvê era de uma astúcia a toda prova. Lembro que certa vez o repórter insinuou sobre os problemas do ponteiro esquerdo Lula fora de campo e Ballvê lhe respondeu mais ou menos o seguinte: “De fato o Lula tem nos trazido problemas durante a semana, mas o mais importante que nos fins de semana (jogos) ele incomoda mesmo é o adversário”. Genial.
Quanto ao OCTA, aqui continuávamos os únicos profissionais a ostentá-lo. Tempos atrás numa pesquisa verifiquei que hoje o único a ter alcançado o mesmo título foi o Joinville de S. Catarina, mas o mesmo não é da 1ª divisão.
Como amador, o América de Minas chegou ao Deca campeonato. Mas, profissionais da 1ª Divisão, pelo que me consta, continuamos pioneiros. Aqui nem se fala.
Parabéns, Heleno! Até hoje nos orgulhamos muito da conquista do OCTACAMPEONATO. Não foram poucas as vezes em que, na infância e na juventude, ouvi os arrogantes torcedores do rival se vangloriarem com o tal heptacampeonato gaúcho. Superados, calaram a boca. Mas esse jogo de 14 x 0 eu não lembrava mais. E que sacada essa do grande Ballvê, hein? Na época, com salários baixíssimos, se comparados aos atuais, o “Bixo” (ou seria “Bicho?”) oferecido por gol marcado com certeza turbinou o orçamento dos goleadores Colorados! SC
Melo,
Eu tenho a vaga lembrança do fato, mas não recordo se foi no jogo dos 14 x 0.
Diante de tua privilegiada memória pesquisei para confirmar o episódio do pênalti não autorizado para o Manga bater, mas não encontrei comentário sobre o assunto. Pelo menos não nesse jogo. Numa agenda oficial do INTER (edição 2007) é citado, inclusive, o detalhe do desespero do Diretor Ballvê quanto à premiação paga, conforme comentei no texto, mas sobre o fato que citaste nada consta. O próprio Correio do Povo, cuja parte da matéria da partida está anexada não faz referência. Pode ser que a ZH o faça, mas não tenho disposição de ir lá para fazer pesquisa, bem ao contrário do pessoal do CP que dá sempre um atendimento todo especial para a gente.
Saudações Coloradas
O nome do goleiro era Orlando, mas o apelido era Tonél, pela foto dá para observar o super peso da criatura.
Conta-se que após o final do jogo o goleiro tonél se dirigiu ao vestiário do inter para abraçar os colorados, pois o mesmo torçia para o INTER. Agradeceu e bateu fotos. Se fosse eu, me escondia de vergonha.
FOI TANTO GOOL QUE O fIGUEROA FEZ GOL ATÉ DIZ COSTAS, COMO DIZIA O COALHADA, PERSONAGEM DO CHICO ANISIO. O lançe foi o seguinte, bateu-se um escanteio a favor do inter, o figueiroa foi para a area cabeçear e goleiro agarrou, porém quando foi lançar a bola com a mão para reiniciar o jogo, a bola bateu nas costas do figueiroa , a bola voltou e entrou. Mais um gool do inter. E o resto foi uma saranda de gool que só parou aos 14. Tinha que levar mais uns 16 para ficar redondo. A propósito sou Uruguaianese e meu time do coração é o Esporte Clube Uruguaiana.
Alô você Heleno!
Os teus trabalhos de pesquisas estão extraordinários. Minha memória acusa que nesse jogo houve a oporunidade de Manga fazer um gol de pênalti (a Esemplo de Clemer naquela final com o Juventude) e se ela não me trair ,da casa-mata (Minelli) veio a desautoorização para efetuar a cobrança. Tua colunas já estão ficando tradicionais.
SC