O dia em que precisei da Samu
O domingo 17 de dezembro de 2006 começou com calor desde cedo. Expectativa para a decisão com o Barcelona? Sinceramente? Uma divisão de sentimentos. Chegar até ali já preenchia quase todo o meu coração de pura emoção. Acordei neste domingo com a sensação de que iria me divertir muito. Sangue doce ver meu time jogar contra ‘O Barça’.
Vou confessar, a despeito do ódio de gremistas e colorados, que sempre fui fã do Ronaldinho Gaúcho, e assim continuo acompanhando o guri. Gênio. Lembro de ter pensado: “se o Inter perder feio que seja com uma das melhores apresentação do R10”. Na época, pós-copa ele já entrava em pequeno declínio. Secretamente desejava ver o Inter levar o jogo para os últimos instantes e, quem sabe, contar com a sorte e o salto alto do Barcelona.
Todo mundo sabe o que se passou. O Inter jogou muita mas muita bola. E meu sangue doce ? Salgou até a alma assim que o juiz deu o apito inicial, num nervosismo que só crescia a medida que o Inter mostrava um excelente futebol.
Gol do Gabiru ? Fui descobrir nessa hora que meu coração de fato estava quase preenchido. Pois foi demais para ele a dobradinha Iarley/Gabiru e cara do R10. Lembro de abraçar mulher e filho e de gritar, de sair pra rua da cobertura e gritar sem parar, de forma inacreditável. Tinha 39 anos e tive certeza que teria um enfarte. Fiquei tonto e quase chamei a Samu. Nervosismo dobrado, meu e de Ronaldinho Gaúcho, semblante quase tão tenso como o meu.
Fim de jogo, fazer o que? O que provavelmente nenhum Colorado fez. Levei a família para a piscina do Grêmio Náutico União. Cheguei gritando, entrei na piscina gritando e cantando. Louco, tarado, cercado de gremistas? No local errado?
Pode ser. Mas vou contar uma coisa aqui para vocês. Jamais em nenhuma piscina do mundo um torcedor se deixou flutuar na água como eu naquele 17 de dezembro de 2006. Leve, pleno, flutuei por minutos intermináveis num sonho que jamais terminará. Parei de gritar e me deixei levar até Yokohama. Fui flutuando. Um corpo de sangue escarlate, rubro, o coração vermelho bombeando a cor colorada enquanto flutuava num silencioso azul.
Sem SAMU, sem enfarte, sem erro. O que eu me tornei? Campeão do Mundo. Obrigado Inter.
Diretor Executivo da Dinamize