O dilema que tem nome: Fernandão

A decisão: em cima do muro
Por Débora Silveira

Ídolo significa imagem que representa uma divindade e que se adora como se fosse a própria divindade. Ou então, derivação: sentido figurado – pessoa ou coisa intensamente admirada, que é objeto de veneração. Talvez essa definição segundo o dicionário seja pouca para descrever o que a torcida Colorada sente por Fernandão.

O que dizer da “revolução” (se assim podemos chamar) que aconteceu na internet na campanha Volta Fernandão! Misturam-se ali pessoas que admiram o jogador; os que acham ele o craque diferencial que falta no Beira-Rio; o ídolo eterno e milagroso que poderá repetir todos os momentos de conquistas mundiais do clube – como em um passe de mágica; ou então o líder nato que colocará a casa em ordem ou mesmo há quem o ache lindo e precisa voltar para embelezar o clube. Seja qual for o fato de cada torcedor Colorado que entrou nesta ação, todos querem o craque de volta porque ele é sinônimo de conquistas, títulos e alegrias. Qual o Colorado que quando fala de Fernando Lúcio da Costa não tem boas e maravilhosas lembranças em mente? Que não se arrepia quando lembra da primeira grande conquista internacional erguida pelo capitão, que não ficou com os olhos marejados quando o viu saindo de campo em Yokohama, mas que chorou de alegria depois no final da história. Qual o Colorado que não quer vivenciar tudo isso novamente, sentir essas emoções e chorar outra vez com o nosso capitão?

Mas o torcedor é paixão, emoção e pouca razão, será que todos estão preparados para o retorno do maior símbolo de vitória Colorado? Quando Fernandão saiu do Brasil para o mundo árabe, já vinha jogando abaixo do esperado (como todo o time na época), do que toda a torcida alvirrubra estava acostumada a ver. Lembro-me de jogos de pessoas o vaiarem (a turma da corneta), de pedirem que o sacassem do time. Quando tudo isso iniciava, foi vendido, por motivos repentinos que até hoje dão o que falar nos bastidores, mas deixou sim a imagem intacta de maior vencedor Colorado, a imagem do Capitão Planeta e o maior desbravador de títulos que esse Clube centenário já viu. Mas o torcedor tem que ter a consciência de que ele não é o “Salvador da Pátria”, ele joga com mais dez em campo e toda a responsabilidade de sucesso ou fracasso não será exclusividade dele. F9 pode voltar, mas o time de 2006 não volta mais!

No Goiás ele chegou e o time se rachou por motivos que não vem ao caso agora, mas já pensaram em como reagiriam o resto do elenco com a vinda de um ídolo máximo? Já pensaram como ficaria Guiñazu sem a braçadeira de capitão do dia para a noite? Quem deixaria o time para ele entrar? Fernandão seria bem aceito por todos? Fossati seria capaz de deixar F9 no banco? E a torcida, saberá reconhecer o passado de conquistas do Capitão ou nos primeiros jogos de baixo rendimento surgirão vaias como acontecem com o Alecsandro? Seria justo para ambos uma cena desse tipo?

Acredito que F9 voltando pro Inter ele daria a vida, a alma, deixaria para trás todos os momentos tristes e ira se doar por completo para não decepcionar. Ele daria sempre o seu máximo, pois AMA O INTER, sempre deixou claro isso. O sucesso dos dois lados se mistura, a combinação de clube e jogador foi uma das mais vitoriosas já existentes. Se ele não era tão grande quando chegou ao Inter, o Inter não era mundialmente a potência que é hoje se não tivesse a ajuda de Fernandão. Ambos são vitoriosos, mas com a diferença que o Inter continua e terá novas conquistas pela frente, novos ídolos e já F9 ficará para eternidade. Será que essa imagem de conquistas não pode ser desfeita por meia dúzia de vaias? Como será lembrado, pelo sucesso ou pelo fracasso?

Eu gostaria muito que F9 retornasse para casa, mas quem sabe fora das quatro linhas, como treinador, presidente, algum cargo na gestão, pois tem a alma Colorada para esse comando. Mas fica a dúvida, nesse momento técnico em que passamos, será que um grande líder dentro de campo não seria mais útil? Se eu tivesse certeza que o velho Fernandão não seria insultado pela torcida em um jogo ruim, diria com todas as letras “volta Capitão”, mas como o torcedor é temperamental e alguns não sabem valorizar seus ídolos, prefiro então deixar tudo como está, cada um no seu canto, relembrando os bons momentos apenas.

Enfim, dois corações, duas posições opostas e nenhuma conclusão concreta sobre essa questão, mas com uma única certeza… FERNANDÃO SERÁ PARA SEMPRE O NOSSO ETERNO CAPITÃO. Que essa nova história, tenha final feliz!

O retorno, mas de outra forma
Por Paulo Ricardo de Almeida

Sou um grande admirador do nosso eterno Capitão, acho que jamais tivemos um líder como ele dentro e fora de campo, e os títulos de Campeão do Mundo Fifa e Libertadores devemos em grande parte a ele, principalmente os dois jogos contra o São Paulo que ele jogou muito.

Mesmo sabendo de tudo isso, e da liderança técnica e psicológica que ele possui sobre o grupo, acho que sua fase no Inter já passou, talvez ele ainda desse grande contribuição ao time atual, mas tenho dúvidas e na dúvida eu acho melhor não arriscar, pois estaríamos arriscando todo a reputação do nosso Capitão e não só a dele mas a de todo time de 2006, pois ele foi e sempre será a referencia desse grande time.
Acho que o Fernandão poderá voltar algum dia, mas não mais como atleta, talvez como dirigente, ou com algum cargo na comissão técnica.

A minha contrariedade na contratação de nosso maior ídolo é no sentido de poupá-lo, pois acho que uma nova fase no Beira-Rio poderia ser desastrosa, não no sentido técnico, mas psicológico, tenho duvidas de como o grupo iria receber o maior ídolo do Internacional, por esse motivo torço para que ele possa ser feliz ainda como jogador em outro time, e que mantenha a imagem de ídolo inabalada.