Palavras de um cônsul distante

Amigos! Venho aproveitar este espaço para dissertar algumas palavras sobre a função honrosa de cônsul do Internacional longe do Estado. Ao longo dos últimos anos tive o prazer de conhecer vários cônsules espalhados por este Brasil. Ex: Manaus, Fortaleza, Recife, João Pessoa, Bahia, Criciúma, Blumenau, Florianópolis, etc. Ao conversarmos algumas coisas ficaram muito claras como o amor pelo Clube, a honra da função e o trabalho anônimo em favor de sua maior paixão.

Todos sabem de nossas obrigações como conseguir novos sócios, divulgar o Clube, entre outras. Agora falando por mim, pois não estou autorizado a falar pelos demais, afirmo que nossa missão embora sendo extremamente gratificante, ela é quase impossível, principalmente na parte do convencimento a novos sócios. Acontece que uma coisa é pagarmos uma mensalidade e usarmos todas as vantagens de um complexo Beira-Rio e outra seria pagar por pagar e sequer termos a chance de assistirmos jogos de nosso amado clube.

Hoje para eu assistir a um jogo no Beira-Rio, não sairia por menos de R$ 2.000,00, sem contar ingresso e estadia. Esta também seria a realidade de muitos e outros até mais. Quando nosso time vem para o nordeste (no meu caso), nós nos mobilizamos para não perder a chance de ver o Inter ao vivo. Organizamos encontros e jantares para angariar fundos e baratear custos e poder levar o maior número de torcedores para apoiar o Inter. Mando confeccionar brindes, compro camisetas e outras atitudes de marketing, a fim de motivar os presentes e conseguir alguns sócios a mais e nunca deixar de acompanhar nosso Colorado. Tudo isto por amor, utilizando verba pessoal. Sinceramente quando chego ao Beira-Rio e procuro certas pessoas solicitando ajuda para trabalhar em prol do Inter, não sinto aquela atenção que esperaria, talvez porque não saibam o que é viver longe da paixão de sua vida e trabalhar com a dificuldade que as distâncias exigem. Não quero com isto de maneira alguma desmerecer o trabalho de nossos companheiros que estão no Estado e contam com visitas e outros apoios da direção do Clube.

Gostaríamos muito de trazer a comitiva do Inter em nossas cidades, mas isto atualmente seria inviável financeiramente. Aqui comemoramos a conquista de um sócio como se fosse a vitória em uma final de campeonato. Procuro de todas as maneiras deixar o companheiro cada vez mais consciente de que fez a melhor escolha. Eu particularmente em matéria de divulgação acho que estou fazendo minha parte, pois nunca saio sem estar usando pelo menos uma peça de roupa que me identifique com o Inter, e estimulo a todos fazerem isto também em nossa cidade aqui em Natal. Meu carro possui calotas personalizadas com o logotipo do Inter, chama muita a atenção. Também coloquei sobre a minha casa em um mastro com 12 metros de altura, o nosso pavilhão com medidas de 3×2 m. É vista de quase todos os pontos do bairro e a casa já é conhecida na cidade como a “casa da bandeira” ou “do Colorado”. Isto também é custo, pois ela precisa ser trocada regularmente. Tentei apoio junto ao órgão responsável, mas não fui levado a sério. Nossa Direção não sabe o quanto seria útil para nosso trabalho uma ou duas opções de marketing que nos fossem remetidas mensalmente para que aumentasse nossa autoestima e com isto servisse de “combustível” para novas investidas. Aqui em Natal ainda tem a pouca divulgação do futebol do sul. Temos que adquirir pacotes fechados de TV para podermos assistir nossos jogos e não temos a previsão de vermos ao vivo nosso Inter a não ser como fazemos atualmente, viajando pelo nordeste onde tiver times da primeira divisão. É aí que temos de dar alguma mordomia para aqueles que são sócios e estes custos saem de nosso bolso. Ficamos muito felizes no último jogo do ano passado em Fortaleza, nós recebemos os ingressos para o jogo.

Foi uma coisa pequena, mas não sabem o quanto importante. Gostaríamos de ter acesso mais livre aos atletas para conseguir autógrafos e fotos. O Banhinha quando estive em Porto Alegre me conseguiu autógrafos em uma camisa que eu havia comprado para trazer. Esta hoje é uma das relíquias mais disputadas e tenho certeza que financiará uma de nossas viagens em 2011. Ou seja, para encerrar, não precisamos de ações que venham a dificultar a vida do Clube somente um tratamento adequado com a geografia de nosso trabalho e quem sabe as coisas não evoluiriam a ponto de nos reunirmos e trazer a comitiva com as taças em alguma cidade do nordeste com carreatas e tudo o mais que seria de direito.

Agradeço a oportunidade e espero que seja compreendido, pois a ideia é tão somente melhorar cada vez mais nosso trabalho em prol do Internacional.

Celso Guimarães Gollo – Natal/RIO GRANDE DO NORTE
Cônsul Colorado em Natal