Sem brilhantismo, mas com efetividade

Frio, muito frio. O Beira-rio estava com frio. Era possível ver e sentir as arquibancadas tremerem de frio. Nosso bom vendedor de café, “O Cabelo” (Como será o nome dele?), ria a toa, vendia aos borbotões. Doze mil valentes colorados estavam lá. Oscar chegara a menos de 24 horas e consta que ainda se espreguiçava (ou alongava?) ultimando preparativos para completar a bela manobra da direção do Inter, que associada a outros grande clubes que conseguiram a liberação parcial de alguns jogadores junto a CBF.

O jogo

Nei, por cima 100% na tábua defensiva (Imagem: site Terra)

O Atlético montou as já famosas duas linhas de quatro e abdicou de atacar. O Inter com a posse de bola e cercando o adversário. No primeiro tempo foi isso que aconteceu. O Zé muito participativo como tem sido, serviu Fabrício, que só não marcou pela precisa intervenção do Renan (deles). Oscar e Damião também rondaram a meta paranaense sendo que o último carimbou a trave adversária após mais uma defesa do “guarda valas” do “Furacão”. O árbitro PC que já havia sonegado um pênalti muito claro em Oscar, anulou um gol do Inter sem que se tenha notado qualquer irregularidade. No segundo tempo o panorama do Atlético Paranaense não se alterou, enquanto o Inter voltou um pouco estático. Dos articuladores para frente às coisas não funcionavam bem por conta de um certo conformismo com a marcação adversária. PR providenciou em tentar aumentar o poder ofensivo e melhorar a movimentação, fazendo entrar Ricardo Goulart em lugar do Fabrício. Notou-se em determinado momento que PR, literalmente esbravejava com o jovem atacante que parecia não estar cumprindo sua orientação. De repente, Oscar que estava estático na esquerda, começou a aparecer na direita, no meio. Zé fazia flanco direito e se intrometia pelo meio. Ricardo parecendo ter relembrado as orientações vinha pelo meio e tentava dividir as tarefas de não deixar a defensiva adversária muito a vontade para sair jogando e possibilitando a Damião que flutuasse de lado a lado. Foi numa dessas manobras que Damião avançou pelo lado esquerdo e serviu a Oscar que vinha pelo meio e teve calma e competência para marcar o gol da vitória. Depois disso foram bolas levantadas para a área do Inter e estocadas em contra-ataque vermelho. 1 x 0 de muito bom tamanho. Satisfeito!

As Individualidades

Muriel, uma vacilada em saída do arco no primeiro tempo foi o único erro.

Muriel=sinônimo de segurança? (Imagem: site Terra)

O resto do jogo foi de intervenções seguras. Nei, bem defensivamente, andou desafinando ofensivamente, não repetindo as últimas atuações. Bolívar simplificou e não comprometeu. Índio o grande nome da defensiva colorada. Partidaço, parecendo estar bem “enxuto” antecipou, fez cobertura, foi muito seguro por cima. Atuação perfeita. Kleber foi bem defensivamente, andou até tirando bolas de cabeça ao invés de matar no peito. Ofensivamente esteve interessado, mas os resultados não foram os melhores, errou no que é o seu forte: o passe longo e o cruzamento. Bolatti deu cobertura no lado direito, tentou chegar à frente e foi a força aérea no meio campo. Guina é impressionante. Se é bem verdade que tem limitações por demais conhecidas como o arremate a gol, por exemplo, compensa com uma aplicação extraordinária. É o socorro de qualquer jogador do Inter. Quando o atleta do Inter se sente apertado pela marcação adversária ele olha para o lado e lá está o Guina, pronto para dar o socorro , o desafogo. Ao Fabrício coube uma tarefa ingrata, que era a de substituir D’Ale. Muita aplicação e senso de marcação, cobertura, faltando-lhe o talento e competência para funções mais ofensivas.

Esforço Justificado. Oscar, o homem do jogo (Imagem: site Terra)

Oscar foi o ponto de desequilíbrio. Decisivo, marcou o gol da vitória e protagonizou chances para marcar por mais duas vezes, além de ter sofrido o pênalti sonegado pela arbitragem. O jogo foi dele, justificou as manobras para trazê-lo. em sido de uma regularidade a toda a prova. Em bom momento técnico e físico, foi e tem sido o homem do penúltimo e qualificado passe e da jogada aguda como foi especialmente no primeiro tempo. Damião sofreu dura marcação, mas não se resignou. Brigou muito com a dura defesa adversária. Foi dele a jogada do gol colorado. Muito boa participação. Ricardo Goulart com início claudicante se firmou e terminou o jogo com muita aplicação e movimentação. Glaydson e Gilberto não tiveram tempo para mostrar trabalho. Já somos o quarto colocado. Ainda ontem, o Inter…o futebol é maravilhoso . Quando não se é brilhante, tem que ser efetivo. 

Paulo Melo – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado, CAMPEÃO DE TUDO

10 thoughts on “Sem brilhantismo, mas com efetividade

  1. Pessoal, tem uma coisa no futebol e especialmente quando o INTERNACIONAL dá mostras de se encarreirar para fazer boas campanhas e almejar títulos que estou vendo agora no time do PRF: – o comprometimento. Todos os atletas, inclusive os que entram durante a partida, estão mostrando isso. Se vai ser suficiente para assumirmos a liderança e não largá-la mais não tenho como saber. Se vai ser mantido ao longo das próximas rodadas, acho que sim. Desta forma, dentro ou fora de casa, qualquer resultado será possível, mesmo contra times tão organizados e comprometidos como o nosso. Esse comportamento, se mantido, pode nos dar ótimos resultados contra times que estão em posições intermediárias quando jogarmos em seus domínios. E contra os times que estão mais bem colocados podemos beliscar pontos em suas casas também. Isso tudo combinado com vitórias na maioria dos jogos no Beira Rio pode nos manter lá em cima durante a competição e nos permitir dar aquele sprint final. Otimismo demais? Pode ser, mas porque não pensar assim?

    1. Alô você, Luciano!
      Perfeito, também entendo assim. O clomprometimento dos atletas podemos denominar de domínio de vestiário (tá na moda). E essa analogia que fizestes com um corredor de fundo que fica na espreita çpara o golpe final é fantástica.Um abraço,
      SC

  2. Paulo:
    Bela análise, pois foi fidedigna sobre a partida no meu ponto de vista. Mas antes de falar na importante vitória sobre o time paranense e bom lembrar que este árbitro não é a primeira vez que nos prejudica e não é só em lances capitais, pois nos lances comuns ou ele inverte ou não marca, quando é a nosso favor. Apesar de nossa imprensa sempre elogiá-lo, não gosto de ver ele escalado para apitar os nossos jogos. O motivo é que, normalmente, ele trava o jogo quando estamos empatando e no momento em que conseguimos ficar na frente no marcador ele tenta acelerar o jogo para o time adversário buscar o empate, por exemplo, tentando impedir que médico entre em campo, jogador nosso volte para a partida ou façamos uma substituição, entre outros pequenos detalhes como vimos no jogo.
    O mais importante de ontem, além da vitória, foi ver o time compactado e brigando os 90 minutos. A minha torcida que o time consiga seguir desta forma e quem sabe com a compactação as falhas do time possam ser minimizadas, principalmente do nosso lado direito defensivo. Quem sabe seja por esta compactação, vista nestes últimos jogos, o motivo das atuações do Nei terem melhorado no quesito defensivo e o Bolívar tenha ficado menos exposto, com isso não tenha comprometido tanto.
    Saudações Coloradas.
    Cláudio R. Vidal

    1. Alô você Vidal!
      Tuas observações quanto ao árbitro PC são procedentes ele é um tanto quanto permissivel e sutil, quando quer.E quanto ao crescimento das atuações é verdada também e inclusive a menor exposição a que te referes é também na minha opinião responsável direta pelos desempenhos.

    1. Alô você, Puchi!
      Obrigado pelo carinho. Seus olhos querem ver isso e sua sensibilidade, quer perceber. Siga comentando com a gente. Um abraço, e SC

  3. Grande Melo! O Fábio tem razão: tua leitura do jogo é fotográfica. Vi pela TV, ao lado da lareira, mas bem que gostaria de passar aquele frio gélido à beira do Guaíba se estivesse em Porto Alegre. Concordo também com o que disse o Falcão após o jogo: às vezes uma vitória por 1 x 0 tem importância maior do que uma goleada. Realmente, pela ausencia de D’Alessandro, em especial, a criação de oportunidades ofensivas ficam reduzidas. E os paranaenses dificultaram muito nossas ações. Mas acima das individualidades surgiu ontem um coletivo muito animador. Adotando uma postura exatamente oposta a que vimos contra o Ceará, todos os atletas colorados se dedicaram muito durante os 90 minutos, embora sem brilhantismo, como voce registrou, Melo. E quando existe o comprometimento salientado por Falcão, torna-se muito difícil enfrentar o Colorado. Já arrisco a dizer que, ainda desfalcado, não perderemos para o Vasco no próximo sábado. Quem sabe, com a volta do D

    1. Alô você Aquidaban!
      O coletivo a que te referistes, realmente está pesando a favor, embora tenha momentos em que a intervenção do PR aos gritos é fundamental para lembrar a moçada os treinos da semana. Gosto muito do teu otimismo, mas abafo isso em nome da cautela. Mas que uma vitoriazinha lá viria bem, isso viria.
      SC

  4. Grande Prof. Paulo Melo!

    Mais uma vez obrigado pela descrição tática do jogo. Não pude acompanhar, pois estava na estrada e o sinal do rádio tava uma meleca! A primeira coisa a fazer agora de manhã foi ler tua análise do jogo. Vi tudo perfeitamente. Ah, o meu INTER, quem sabe na próxima rodada não sobe mais um pouco? De grão em grão….o Falcão enche o papo!

    Abração!

    1. Alô você Fábio!
      Estou vendo o time encorpar. Isso não é garantia de título, mas ali naquele “entrevero” é que é o lugar do Inter.
      SC

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