Li ontem o comentário do amigo e jornalista João Garcia em sua rede social:
“(…) pode um atleta de alto rendimento ir à balada até as tantas? Pode tomar um porre? Treinar mal no dia seguinte? Pode um político do alto do seu cargo receber propina? Pode no cargo público ganhar PF (por fora) para fazer o que deve? Nenhum profissional pode receber a mais pelo que faz,ninguém pode prejudicar o trabalho por festas e bebedeiras. (…)”.
Não vem ao caso aqui qual o questionamento que o autor estava fazendo no momento em que publicou seus pensamentos, mas quero destacar a seguinte frase interpretada por mim: ninguém pode receber a mais por fazer as suas obrigações mínimas, aquelas que você foi contratado e remuneradas para exercer tal função. Este caso é bem o que acontece na política de uma forma geral, mas vamos deixar esse assunto para outra hora.
O gancho que quero dar é eis que abro o jornal hoje pela manhã e o que vejo em uma das notícias: “bicho extra de 100% por classificação na Libertadores”. Para tudo que eu quero descer! A obrigação dos atletas contratados não são de primeiro conquistar o título e segundo conquistar a vaga a uma LA se o título não for mais possível? Se isso o que farão é o “básico”, porque o bicho extra?
Posso não concordar com essa política motivacional, pois para mim o atleta tem que se motivar por estar vestindo a camisa de um grande clube, de querer conquistar novos títulos na profissão, crescer na sua carreira, realizar sonhos, buscar sempre um algo a mais para si e não só pensar em jogar melhor quando se ganha mais dinheiro. Digamos que hoje em dia, no futebol, ninguém mais ganha mal (claro, não vamos contabilizar o “iniciozinho-inho” de carreira, pois qualquer drible alá Neymar na várzea o cara já é contratado por algum time pequeno e passa a ganhar um algo mais para se sustentar dignamente, podemos dizer assim).
Também não posso crucificar essa política, pois se durante anos e anos foi assim, se o futebol atravessando seu primeiro século funcionando desta forma, não sou eu sozinha que mudarei esse pensamento. A mudança começa quando todos tiverem a consciência de que o futebol deve ser tratado de forma profissional e que o atleta não é Deus, ele é um funcionário do Clube como em qualquer outra empresa e deve sempre buscar o seu melhor para o crescimento e desenvolvimento de todos.
Débora Silveira – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
INTER, para sempre eu vou te amar!
Mil ou dois mil no bolso de quem já ganha 200 vai fazer a diferença?
Oi Débora,
Nem falo em bicho-extra, um termo um tanto desagradável e quase em desuso. Em anos passados a prática da premiação era compensatória e complementação aos salários ganhos, Depois, com valores milionários pagos aos jogadores, deixou de ser utilizada, ao menos na intensidade de antes.
Agora, volta à tona, especialmente aqui no Brasil, uma vez que na Europa esta prática não é utilizada (ao menos abertamente).
Eu particularmente sou adepto da meritocracia. Paga-se e premia-se bem por resultados. Por sinal, bastante comum no meio empresarial, quer através da Avaliação de Desempenho dentro dos Quadros de Carreira, quer através da moderna prática da Participação de Lucros.
No Futebol a coisa parece ser diferente. De certa forma é até aplicada pela CONMEBOL e FIFA ao premiarem os clubes com valores pela conquista e etapas vencidas. Daí o grande interesse num clube em participar da Libertadores, cuja premiação pela conquista chega, se não me engano, a US $ 5 milhões.
O que poderia ser estabelecido é pagar menos aos atletas, evitando salários milionários, a exemplo de um Kleber lá da Azenha, que irá receber R$ 500.000 mensais. Um trabalhador de Salário Mínimo levaria 76 anos para receber o que ele vai ganhar num mês. Um acinte. Um absurdo!
Recordo-me, e o Melo está aí para me ajudar, O Figueroa tinha o maior salário do INTER e ganhava 5.000 mil dólares por mês. É claro que vinha o meritocracia. Prêmios por vitória e conquistas, prática da qual sou partidário pois premia o desempenho, a produtividade e resultados. Você concorda que o INTER pague mais de R$ 100.000,00 mensais para um Mathias sem qualquer retorno? É isso aí, o profissionalismo de hoje começando a falir os clubes.]
Saudações Coloradas
Débora, concoro com teu pensamento. Todo o profissional deve fazer juz ao salário que recebe e, nesse caso, a maioria, muito superiores ao que realmente merecem e fazem em campo. Não estranho essa atitude de “premiar” o esforço para jogar, pois mais uma vez demonstra a falta de pulso, competência e liderança dos homens que hoje dirigem nosso INTERNACIONAL. Refletem, sem nenhum pudor, um comportamento altamente prejudicial ao clube, pois no lugar de aumentar o prêmio, deveriam exigir respeito às responsabilidades assumidas com o INTERNACIONAL. Uma coisa é surpreender os atletas com uma boa recompensa por alcançar um grande passo (por exemplo, a participação na Libertadores, que traz grandes benefícios ao clube), outra, é acreditar e pensar que nós acreditamos que esses profissionais irão jogar mais, quanto mais dinheiro ganharem. Não é possivel acreditar nisso e é rídiculo sob todos os aspectos. Penso ser até uma ofensa a maioria deles, pois conhecendo o pensamento de alguns, sei que muitos respeitam o manto colorado, a torcida e não são mercenários. Para encerrar, recentemente estranhei uma afirmação, se não me engano, do atual técnico, de que um determinado atleta jogaria ” se estivesse mesmo a fim”. Achei muito estranho… Continuo insistindo, vamos continuar torcendo pelo nosso INTERNACIONAL, mas, com a mesma intensidade, vamos continuar lutando por mudanças radicais já. Chega de pensar pequeno.
Alô você débora!
Muito do que escrevestes é também meu pensamento. ao tempo da instituição “Bicho” ou seria “Bixo”, costumava afirmar que os contratos firmados eram para perder os jogos pois para ganha-los os jogadores eram “recompensados” com as ditas remunerações.especialmente nos anos 2000 essa instituição faliu. Os dirigentes atualizados a uma nova realidade, ao início das temporadas em adendos a contratos ou mesmo inseridos neste, faziam constar que metas alcançadas seriam iguais a remunerações previstas em orçamento. Esse modelo, de premiação por etapas alcançada era nada mais nada menos que a adaptação da remuneração por produtividade adotada por empresas bem sucedidas. Causa espanto saber que essa prática contemporânea de gloriosos dirigentes mas ultrapassada está de volta,lamentável.