Triste realidade

Como estamos bem próximos do final de ano, hoje é dia 28 de dezembro de 2011, gostaria enviar minha última colaboração à nossa Arquibancada Colorada. As próximas, se o Grande Patrão Colorado lá de cima permitir, somente em 2012.

É um assunto difícil de tratar, mas se trata de uma constatação de um simples torcedor COLORADO. Posso estar redondamente enganado, mas é como um simples torcedor percebe essa questão.

Sempre alerto, vivendo em Salvador, na Bahia, consigo enxergar algumas coisas com outros olhos, de forma menos pessoal, menos egoísta e com uma idéia mais apurada dos desejos de outros torcedores. Sou COLORADO, faço parte do povo torcedor. Vivo e me realizo me sentindo parte do povo.

Esse assunto é delicado e deve ser visto sem paixão. Vou opinar sobre a triste realidade de nossos clubes, incluo na questão, a “luta” enfrentada pelo nosso INTERNACIONAL.

A primeira grande pergunta que me faço e fico sem resposta é porque a grande massa torcedora, independentemente do clube para quem torce ou esporte que admira ou pratica, fica em segundo ou terceiro plano ou nem é ao menos considerada quando se trata das transmissões de TV em nosso Brasil. Porque ela é alijada do direito de ver seu clube e, muitas vezes, até de ver a própria seleção brasileira em canais abertos de televisão. Qual a razão de poucos, muito poucos, somente por questões financeiras, definirem sozinhos qual a transmissão de jogos, que na grande maioria das vezes, a grande maioria não gostaria de ver. Qual o direito dessas pessoas ou empresas definirem o que devemos ou não ver. Vejo isso como censura, parcialidade de acordo com interesses e discriminação.

Vejam bem, não me considero um idiota, mas não enxergo qual a razão dessas preferências descabidas. E se alguém disser que clube A ou B tem maior torcida, que mais gente assiste aos jogos, é óbvio, pois são sustentadas com altos valores de patrocínio. Novamente uma incoerência, pois esses grandes patrocínios que permitem a contratação de grandes craques, para expor suas marcas na “vitrine escolhida”, são empresas estatais e/ou com participação efetiva do governo, de qualquer nível, que utilizam para isso o nosso dinheiro. Esse tipo de patrocínio seria muito mais coerente se as cotas fossem distribuídas igualmente a todos os clubes que disputam a série A, outro valor para os clubes que disputam a série B e assim por diante, de acordo com o patamar definido claramente e atendendo o objetivo maior de facilitar o aprioramento e uma abrangência maior da prática e a necessidade básica de cada um. Ou simplesmente, nenhuma cota de empresas ligadas ao governo para alguém ou, democraticamente, deveriam ser divididas entre todos os clubes. O esporte praticado, não interessa. O direito e as possibilidades seriam iguais para o crescimento de todos os clubes brasileiros. Que os clubes disputassem os patrocínios diferenciados na área privada. Isso faria que todos os clubes procurassem melhorar sua gestão, seus desempenhos, seus plantéis e teria um enorme retorno ao esporte no Brasil. Hoje, dessa forma, com a participação discriminatória de empresas estatais e/ou com participação efetiva do governo,de qualquer nível, a luta, é totalmente desigual.

É lógico que, nessa lógica absurda, as transmissões de TV são direcionadas para os clubes desses grandes patrocinadores, que tem os “artistas” para mostrar as suas marcas, mas que lá no fundo são sustentados por nós, torcedores de todos os demais clubes brasileiros. Nesse momento vem a aberração ainda maior, as cotas desses clubes com as emissoras de TV obedecem a mesma lógica discriminatória de proteção. É um círculo vicioso que se alimenta sozinho e provoca o enriquecimento de poucos e a desgraça de muitos clubes brasileiros. Penso que o mais certo seria garantir as transmissões em canais abertos da grande maioria dos jogos de futebol e eventos com esportes olímpicos, hoje representativos ou não, independente do tipo de esporte, e evitar o absurdo de mais de um canal de televisão transmitir o mesmo jogo ou o mesmo evento. Está na hora de pensar mais no povo, pois é ele que sustenta tudo isso.

Claro que o número de torcedores desses poucos clubes protegidos, devido a parcialidade na exposição da imagem, altos investimentos de patrocínio estatal, garantia da exposição em todos os Estados do Brasil e ao “milho no saco”, tendem somente ao crescimento, pois o contrário seria ilógico.

Perante toda essa luta desigual, por essas e outras razões que, cada vez mais, quando nosso INTERNACIONAL ganha um título, por mais importante que seja, vencendo toda essa proteção discriminatória e parcial, mais ganha, de “graça”, o combate ferrenho de diminuição e de reconhecimento do seu mérito nas suas conquistas. É por essas e outras razões que, cada vez mais, sou mais INTERNACIONAL, mais COLORADO e mais GAÚCHO.

Quando um país, como o nosso Brasil, se candidata e é escolhido a ser o país sede da Copa da Confederações, sede da Copa do Mundo de Futebol e de uma Olimpíada, deve estar apto ou em acelerada preparação para uma participação efetiva e vitoriosa, em uma série de esportes olímpicos e deve estar mais atento a “abertura de portas” e ao “convite à participação“ de todo o povo esportista dessa nossa Nação.

Triste realidade, o acesso ao futebol, assim como o acesso a todos os demais esportes olímpicos, não é do povo. Deveria ser de fácil, mas não é…

Feliz e Próspero Ano Novo para todos!

Antônio Carlos Pauperio – Salvador/BAHIA
Colorado até morrer!

4 thoughts on “Triste realidade

    1. Simone, sempre respeitei a opinião dos outros, mas infelizmente para os alguns torcedores, não olho para baixo, mas felizmente por minhas convicções, olho sempre para a frente e para cima. Jamais vou me contentar em não cair para a 2ª divisão, pois não condiz com a grandeza de nosso clube que merece muito mais que isso. Temos que sempre estar “brigando” por títulos regionais, nacionais e internacionais, inclusive dando uma importância maior para voltar a ser campeão brasileiro. Tenho certeza absoluta que você e eu, assim como a imensa torcida COLORADA, queremos um INTERNACIONAL, com a grandeza que tem preservada e atingindo patamares ainda maiores, assim como um BRASIL que acreditamos e lutamos.

  1. Alô você Pauperio!
    O tema abordado de há muito me incomoda. É evidente e compreensível que os empresários resolvam “premiar” melhor quem lhes dá o maior retorno. Nesse caso as comprovoções vem por conta dos instinutos de pesquisas ou pelo movimento de Timemania da CEF, por exemplo. O que me incomoda? É que o próprio Inter não “dá bola” para uma fatia de mercado que poderia lhe aumentar a popularidade, ou seja está proibitivo para o pessoal de baixa renda frequentar o Beira-rio e não se vê nenhuma ação em sentido contrário. Nós do BAC fizemos nossa parte. Encaminhamos um projeto à direção que visa brindar esse público, sabe qual foi a resposta? Nenhuma. Sequer nos “comunicaram que estaria em estudo, aguardando ou mesmo que não seria aplicado por falta de adequação. Ou seja muitas das vezes a falta de recurso se dá por falta de alguma ação. Ou seria outra coisa, que não vejo claramente?
    SC

    1. Paulo, o momento atual é de inovação. Não posso criticar o que desconheço, mas é facilmente constatado que existe falta de sensibilidade e de visão para o que deve ser feito e os resultados que podem ser melhorados. Lendo uma postagem da ARQUIBANCADA COLORADA, agradecendo patrocinadores e colaboradores, se constata claramente que não estou equivocado e que antes de qualquer resultado positivo, existe criatividade, empenho e trabalho. Sinceramente, acredito que deveria haver um rabalho maior para a geração de novos COLORADOS. Quanto a nossa casa, o Gigante da Beira Rio, também temo pela elitização, pois seria fugir de nossas verdadeiras origens, a do Clube do Povo do Rio Grande do Sul. O que mais me deixa orgulhoso do nosso INTERNACIONAL, e que falo a todos com quem converso, é de que em nosso clube nunca houve a prática da discriminação ou racismo. Seria muito triste, agora com 65 anos, ver que aqueles que muitas vezes trocaram o pão de suas mesas, por um ingresso, para ir torcer pelo seu clube do coração, ficarem alijados da “festa” no Beira Rio.

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