Nome Completo: Ubiratã Silva do Espírito Santos
Apelido: Bira Burro
Posição: Centroavante
Nascimento: 20/05/1955 (Macapá-AP)
Período que jogou pelo Inter: de 22/09/1979 até 1982
Bira Burro, ex-centroavante do Internacional (RS), campeão brasileiro invicto de 1979, mora em Macapá (AP), onde é Gerente de Projetos Esportivos. Ele é irmão do lateral-direito Aldo, que defendeu o Fluminense nos anos 80. Centroavante raçudo de muita força física. Trombava com zagueiros e fazia muitos gols.
Bira, que iniciou a carreira no Paysandu, de Belém do Pará, passando na sequência pelo rival Remo, ganhou o apelido de Burro pois quando perguntado sobre o que desejava ver em Roma, na Itália, ele respondeu: “Eu quero ver a loba que amamentou Romeu e Julieta”.
Uma outra versão para a história do apelido é a do famoso Motorádio. Certa vez, eleito o craque do jogo, Bira foi presenteado por uma emissora de rádio com o “Motorádio”. Perguntado o que faria com o prêmio, Bira teria respondido: “A moto vou dar pro meu pai, e o rádio pra minha mãe”.
Mas não pára por aí. O internauta Sérgio Guilherme Cardoso Guedes conta mais uma: “Eu ouvi uma entrevista do Bira, aqui em Macapá (AP), onde ele dizia que o apelido surgiu em 1979, quando ele jogava no Clube do Remo e estava sendo negociado para o Flamengo. Estava tudo certo, porém, subitamente, ele foi vendido para o Internacional. Então, alguns cronistas esportivos, principalmente o Léo Batista, começaram a dizer que ele era burro, pois perdeu a grande chance de jogar no Flamengo, preferindo o Internacional, teoricamente um time com menor projeção”, conta o amigo Sérgio Guilherme Cardoso Guedes.
Ele deu uma entrevista maravilhosa na Rádio Guaíba e parte dela é descrita aqui:
Cheguei a Porto Alegre com o apelido de Bira Burro. Na verdade, ganhei este lindo nome porque escolhi vir para o Inter e não para o Flamengo. O Mengo tinha Zico, Adílio, Tita, Junior, mas eu queria jogar com o Falcão, Mário Sérgio, Valdomiro e ser treinado pelo Ênio Andrade. Disse isso para uma rádio do Rio e os caras começaram a me chamar de Bira Burro. Nem me importei porque tinha um medo enorme. Com 23 anos, eu mal sabia assinar o meu nome e nunca tinha saído de Belém. Imagina, eu só tinha jogado no Remo e, de repente, todo mundo me queria!
Quando cheguei ao Inter, fiquei apavorado quando recebi meu primeiro salário. Era uma dinheirama incrível. O Falcão veio falar comigo e perguntou o que eu ia fazer com a grana. Respondi que ia gastar, ué. O Falcão me falou super-educadamente que eu precisava de alguém para cuidar de mim. Passou dois dias e me ligou a Dona Delmira, mãe do Batista, me convidando para almoçar. Durante o almoço, ela começou a fazer um monte de perguntas: “Meu filho, quanto tu ganha no Inter?”, “O que vai fazer com os bichos por vitória?”, “Tu sabe que a vida de jogador é curta?”. Me deu um monte de lição de moral e MANDOU eu lhe dar toda a grana que eu ganhava.
Ela passou a mandar em mim, era minha empresária. Olha, a Dona Delmira me deixava à míngua! Eu almoçava na casa dela e ela me deixava o dinheiro justo para eu ir treinar e para pequenos gastos. Um dia, ela escolheu um apartamento para mim e disse: “É lá que tu vai morar, Bira. É um lugar que está valorizando. Um bom negócio.” E foi assim que eu arranjei uma mãe gaúcha. Uma baita mãe. Era dureza, mas eu obedecia.
Não fosse ela, o Falcão e o Batista, eu não teria uma filha advogada e um filho administrador de empresas. Teria jogado tudo fora. É gozado como as coisas acontecem. Depois eu me machuquei, fui para outros clubes, rodei o país, mas aprendi a me preparar para o futuro.
Agora espero que o Inter saiba comemorar no ano que vem os 30 anos do título de 1979. E que me chamem para a festa. Tenho 53 anos, sou daquele grupo que foi o único campeão brasileiro invicto. Vai ser difícil nos bater, né? Ninguém chega perto. A gente era bom mesmo. Que time nós éramos, que Flamengo que nada!
Atualmente é Gerente de Projetos Esportivos da Secretaria de Esportes e Lazer do Amapá.
Carreira como jogador:
- 1975-76 – Macapá-AP (categorias de base)
- 1977 – Payssandu-PA
- 1977-79 – Remo-PA
- 1979-82 – Internacional-RS
- 1980 – Universidad de Guadalajara (empréstimo)
- 1982 – Atlético Mineiro-MG
- 1983 – Juventus-SP
- 1984 – Novo Hamburgo-RS
- 1984 – Aimoré de São Leopoldo-RS
- 1985 – Brasil de Pelotas-RS
- 1985 – Remo-PA
- 1985-86 – Chivas Guadalajara-MEX
- 1988 – Remo-PA
Títulos pelo Internacional:
- Campeão Brasileiro em 1979
- Campeão Gaúcho em 1981
Outros títulos:
- Campeão Paraense em 1977, 1978 e 1979, pelo Remo
- Campeão Mineiro em 1982, pelo Atlético
- Campeão Mexicano de 1985/86, pelo Chivas
Alô você MV!
Guardo comigo o som de uma entrevista do Bira ao final de um greNAL em que ele afirmou que apesar de nao ter feito o gol “sossega Leão”, numa alusão ao então goleiro do valoroso co-irmão, vencemos o jogo e o caneco é nosso.
O Bira não era Craque, era centroavante.
SC
Marco,você sempre nos surpreende com postagens inteligentes e com histórias de “gente” que realmente contribuíu para a grandeza de nosso Internacional. Muitas vezes a gente esquece de jogadores como o Bira, que se não foram as estrelas, contribuíram, e muito, para as conquistas Coloradas. Olhando a foto e o seu título “enxergamos” um passado recente, mas que está muito vivo em nossas mentes e que até hoje nos enche de orgulho, pois somos torcedores do único clube Campeão Brasileiro de Futebol invicto.