Terceira Era Dunga

Após questionar métodos de trabalho, de ganhar a confiança de D’Alessandro, de apurar a situação do vestiário e tomá-lo sob controle, Dunga desejou saber exatamente com quem vai trabalhar, quais serão os cargos ligados ao vestiário e ter maior controle sobre o fluxo de informações.

“É geral, tem que mexer. As coisas não foram como as pessoas esperavam, mas não é só em jogadores. Tem que ser em tudo, uma postura diferente”, disse. As declarações de Dunga sobre a estrutura do vestiário do Inter antes dele era realmente preocupante. O vazamento de diversos episódios internos do clube – seja com Dorival Júnior, ou seja, com Fernandão, chamaram a atenção de todos.

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Esses dois podem fazer a diferença para nós este ano!

Desde que recebeu o convite do Inter, Dunga tinha a certeza de que não poderia recusar a chance de comandar o time do coração: “O Inter foi o clube que me abriu as portas. Vejo-o como a Seleção: não é quando tu queres, mas quando és convocado. Cheguei aqui com 14 anos. Agora quero retribuir”.

Uma das exigências de Dunga é de que o vestiário não fique tão exposto. Além dele, do seu auxiliar Andrey Lopes e do restante da comissão técnica, que terá Paulo Paixão, serão poucos com acesso livre. A estrutura do futebol terá o diretor executivo Newton Drummond e os diretores Marcelo Medeiros e Luís César Souto de Moura. Para ele, vestiário é questão simples. O objetivo é o campo. Tudo tem o seu momento apropriado. Quanto mais enxuto for, melhor. Quando um jogador entra no vestiário, tem que pensar apenas no jogo. “Não tem celular, laptop. É lugar de foco” – avisa o técnico.

Gosto do estilo de Dunga. Confesso que tive raiva dele na Seleção no episódio com o repórter da Globo. Também achei feias as declarações no microfone à beira do campo pelo Gauchão. Tem horas que ele perde o controle. Não o controle do Inter, mas de postura.

Com ele, é nos treinos e no trabalho do dia a dia que o jogador garante lugar no time. O técnico dá declarações que considero fundamental em um time vencedor:

“Para trabalhar comigo, é preciso ter competitividade, vibração, comprometimento e vontade de ganhar. A pior derrota é chegar em casa e achar que poderia ter dado mais. É preciso sair exausto de campo”.

“Meninos vão ter que buscar. Não adianta só buscar os seus assessores para mostrar trabalho.”

“Não é promessa (a barba). Promessa é de trabalho. Aqui, esse ano, quem não se adapta ao trabalho se atrapalha, chama o assessor, diz que está com dor, começa a chorar, diz que não está se sentindo bem, que não é compreendido, que o Dunga quer mandar em tudo. Não é o Dunga, é a vida que nos diz: quer vencer, se sacrifica. Não quer, não se sacrifica. No pain, no win (da máxima norte-americana, “no pain, no gain” ou sem dor, sem ganho)”.

Dunga não tolera indisciplina. Admitiu ser “cabeçudo”, mas não abrirá mão de comandar com mão de ferro: “Jogador deve ter responsabilidade, tem que estar sempre pronto para jogar. Quando você trabalha bem e tem o grupo fechado, os jogadores querem atuar, seja qual for à posição”.

Esse é o Dunga. Talvez sua contratação seja o primeiro passo para um Inter reorganizado.

Beijocas….

Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
Inter: no campeonato das paixões és líder invicto e isolado!

3 thoughts on “Terceira Era Dunga

  1. Sinceramente, penso que o atual treinador “cobra” o que tem de ser “cobrado” ou seja, que o profissional respeite as expectativas do clube que lhe contratou e faça por merecer o salário e as condições que lhe são proporcionadas para executar a sua profissão. Não existe cobrança exagerada, apenas o que sempre deveria ter sido feito no Internacional e em outros clubes brasileiros. Em qualquer profissão é assim, por que no futebol deve ser diferente? Não sei se é somente minha observação, mas o atual treinador cobra empenho e qualidade em todas as jogadas, digo, em todas as jogadas, um detalhe, é a primeira vez que vejo isso. Ele não exige só raça, empenho, mas sim, qualidade do desempenho de cada atleta. Ao meu modo de ver, foi uma grande escolha e está plantando sementes que o nosso Internacional ainda vai lucrar muito com isso, tanto o clube, como a torcida.

  2. Dunga entende muito de futebol. O futebol dele nunca agradou o eixo e a analise que faziam transferiu-se para sua vida como tecnico. Essa imagem de mal humorado e grosseiro ele cultivou dizendo o que muitos deixam de dizer, mas pensam. Assim como o Melo, eu o vejo como sério, retilineo. Isso deveria interessar a qualquer clube de futebol. A qualquer cargo seja la a empresa ou entidade publica que precise de alguem. Penso que o Inter vai bem. Nao sei se pra grandes voos, mas para arrumar a casa sem duvida. E antes da decoracao sempre vem a limpeza.

  3. Alô você Simone!
    Texto interessante e oportuno. Não estou muito e acordo com essas codificações imprenssianas. É claro, como dizes que ele mesmo admite “ser cabeçudo”, mas no meu entendimento ele só diz isso para ser absolutamente entendido. Na verdade ele quer dizer homem de convicção, opinião forte e que sabe o seu norte. Por outro lado sempre acreditei que as pessoas sentam em uma cadeira em razão de um único motivo: ela estar desocupada. O “vivente” pode estar morto de cansado, mas se a cadeira não estiver vazia, ele não sentará. Vai daí que as atitudes que ele toma são porque não foram tomadas por quem de direito (a cadeira vazia). Não sei se ele é estrategista, tático, profundo conhecedor das teorias de futebol, mas suas qualidades como sério, justo e exigente, me servem e com certeza desagrada a muitos satélites do mundo do futebol.

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