O grenal volta a fazer parte da decisão do gauchão este ano, após dois anos sem o grêmio na final. Em 2011, após a épica vitória colorada no antigo estádio do rival, Olímpico, o grêmio desapareceu das principais cenas do estadual. Em 2012, o Inter foi à final contra o Caxias e em 2013, venceu os dois turnos sem necessidade de final.
Mas não é sobre a final do estadual que falarei desta vez e sim do campeonato estadual em si. Não sei se todos chegaram a ler o “Dossiê do Futebol Brasileiro” criado pelo Movimento Bom Senso FC (clique para ler), onde são expostas ideias bem concretas, além de comparações com o futebol europeu, a fim de transformar o cenário atual do futebol brasileiro. Os estaduais, que geralmente são competições de menor prestígio – por parte do público devido ao grande número de partidas sem a atuação da equipe principal – é também um alvo de questionamento.
Para alguns torcedores e até comentaristas, o campeonato estadual deveria conhecer seu fim. Os argumentos mais utilizados são relacionados:
– ao desinteresse em partidas contra clubes pequenos;
– à alternância entre campeonatos, por exemplo, libertadores, onde os grandes clubes priorizam a competição sul-americana, tornando o estadual uma obrigatoriedade que nem sempre é realizada pelo time principal, afinal, muitos dos clubes que alternam entre competições utilizam o time reserva nos jogos dados como “menos importantes”;
– qualidade técnica da partida, diminuída na maioria das vezes por gramado em condições ruins até questão de atuação de jogadores reservas.
Entre outros pontos, o dossiê também apresenta um quadro comparativo relacionado à média de público, que nos estaduais cai consideravelmente, salve quando estes jogos são clássicos.
Alguns torcedores, comentaristas – sejam de TV ou de Bar – defendem que o campeonato estadual atrapalha a pré-temporada que deveria ser maior no Brasil. Sem os estaduais, os clubes teriam mais tempo para realizar a preparação para as grandes competições anuais. Outros torcedores, porém, defendem que o estadual é parte da cultura do estado e que nada tira a beleza de um grenal na final de um gauchão, por exemplo.
De fato, clássicos não perdem seu brilho, mas para chegar até o clássico os clubes passam por muitos gramados ruins e jogos desinteressantes – para o torcedor e, é claro, para o jogador. Sou a favor dos estaduais, mas sou contra as condições com que são realizados.
Tim Vickery, colunista da BBC Brasil, defende o fim dos estaduais, mesmo reconhecendo a importância histórica deles. (Clique para ler o texto)
“É verdade que algumas finais e os grandes clássicos ainda podem empolgar. Mas, no contexto do lixo que os envolve, eles têm sido tão raros agora que podemos compará-los com o anel de ouro engolido pelo cavalo.”É necessário uma mudança de visão a respeito dos campeonatos regionais, que deveriam continuar existindo, porém não podem ser vistos como “menos importantes”, duelando com competições mais vistosas como uma Libertadores. É de grande valia repensar no tempo dedicado a cada um, para que todos tenham sua importância destacada.
JÉSSICA LOURES
Jéssica, os campeonatos estaduais, principalmente em um país continental, como o nosso Brasil, possuem sua importância em vários aspectos, principalmente em cultivar um espírito de conquistas, degrau a degrau, permitindo “sonhar” com grandes equipes e competições nacionais e internacionais. Penso que mereça um estudo mais aprofundado, principalmente em estados como o Rio Grande do Sul, sobre a necessidade da participação dos dois grandes clubes, com diferenças monstruosas de orçamentos, investimentos, oportunidades e de qualidade de jogadores. Acredito que aos dois gandes clubes regionais deveria ser garantida a participação no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil e aos de menor expressão a oporunidade (pelo campeonato estadual) de alcançar uma participação nessas competições. A qualidade e a competitividade ficariam garantidas, pois uns estariam voltados a se qualificar no âmbito nacional e internacional e os outros no âmbito regional. Por outro lado, se eu fosse torcedor ou jogador de um time de menor expressão gostaria de estar participando de uma competição do nível do Gauchão com a participação dos grandes clubes. Essas competições regionais trazem muitos benefícios para essas cidades onde esses clubes jogam e isso é importante e deve ser levado em consideração. Esse é um tema que demanda muita responsabilidade e que tem duas maneiras de olhar, uma de quem está por cima (os grandes clubes) e outro por quem está por baixo (os times de menor expressão que querem e precisam crescer). O que não é humano e que necessita urgentemente de uma modificação, é continuar exigindo que os mesmos jogadores participem de competições regionais, nacionais e internacionais, como se todas tivessem a mesma importância.
Alô você Jéssica!
Em tempo: Meu parecer é que se deva encontrar uma adequação para a preservação dos estaduais. Saudosismo? Pode até ser, mas entendo que tem espaço para os estaduais que mirar a Europa é solução para alguma coisa mas a nossa cultura precisa ser preservada e, afinal foi dessa maneira que nos tornamos o país mais vezes campeão mundial.
Coloradamente,
Melo
AlÔ você Jéssica!
A matéria é muito reveladora de que diante da incompetência e do desinteresse dos dirigentes brasileiros, é de se aplaudir a iniciativa dos jogadores. Essa discussão deveria ser levada a todos os segmentos envolvidos. A que tomou a iniciativa coube ainda a retaliação, como no caso Paulo André. A surpresa fica por conta da imprensa que mais uma vez não evidência esse verdadeiro descaso da cúpula.
Coloradamente,
Melo