Na entrada do GIGANTE DA BEIRA-RIO, no jogo de sua reinauguração contra o Peñarol, foi distribuído um encarte, no qual está registrado na 2ª folha o seguinte: Foi com gol de Figueroa que o INTER começou a ficar grande. Desnecessário citar os responsáveis pela sua edição, cujos nomes estão estampados na folha inicial da cópia anexa.
Ao vermos o que estava escrito, ficamos intrigados, para não dizer indignados, e passamos a nos perguntar o motivo daquela colocação, porquanto se infere que a grandeza do S.C. INTERNACIONAL foi atribuída somente a partir do 1º título brasileiro ganho, quando, na época, a quase totalidade dos clubes não o tinha conquistado.
Ao ler aquela matéria, veio-me à memória o samba de Noel Rosa, que sugeriu o nome do texto, cuja letra assim expressa: Quem é você, que não sabe o que diz. Meu Deus do céu, que palpite infeliz…
Sim, porque o conceito de grandeza de um clube, estabelecido no folheto recebido, está muito aquém das noções que conhecemos para essa finalidade. A começar pela medida de seu patrimônio, tanto físico como humano. Talvez o responsável pela matéria não soubesse que naquele momento (1975) o conteúdo patrimonial do INTER já era entre os maiores, senão o maior dos clubes de futebol do País. Para se ter uma idéia, já possuía o 2º maior estádio particular (Gigante da Beira-Rio), somente perdendo para o Morumbi e havia pouco antes (1973) inaugurado seu ginásio de esportes, o Gigantinho, considerado, na época, o de maior capacidade do País. Se agregada a área do Parque Gigante, que viria a ser concluído depois, provavelmente não seria superado por outra entidade futebolística de cunho particular. Isso, sem falar no poder de sua torcida, entre as primeiras e mais vibrantes do Brasil.
Outro aspecto a ser considerado é o histórico que o clube detém. Talvez o responsável pela matéria também desconhecesse que as disputas, até pouco antes, eram praticamente regionalizadas, onde o INTER, neste quesito, já era o maior vencedor.
Por não se situar no eixo Rio – São Paulo, até o ano de 1967, o INTER não disputava campeonatos com agremiações de outros estados. Somente a partir daí (1967), o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, até então de exclusividade de paulistas e cariocas, foi aberto para clubes gaúchos, mineiros e paranaenses. Na 2ª edição também ingressaram times baianos e pernambucanos. Em quatro anos de participação, o INTER chegou a dois vice-campeonatos, respectivamente em 1967 e 1968.
Para não deixar em branco, antes desse torneio, até o advento do Campeonato Brasileiro, houve a Taça Brasil, de participação restrita ao campeão de cada estado. Era, portanto, limitada a algumas das grandes equipes, significando dizer que não podia haver, por exemplo, a simultânea participação da dupla Grenal, dos quatro grandes do Rio ou de São Paulo.
E foi somente no ano de 1971 que iniciou o Campeonato Brasileiro, que parece ser o parâmetro de grandeza estabelecido no encarte. E a 1ª conquista colorada deu-se exatamente 4 (quatro) anos após a sua instituição. Pela ótica tida no folheto, foi aí que iniciou a grandeza colorada.
Se admitida essa condição, o rival da Arena do Humaitá começou a ser grande anos depois, de vez que, somente em 1981 ganhou o seu 1º título nacional, enquanto o INTER já ostentava o TRI-CAMPEONATO BRASILEIRO INVICTO, além de ser o 1º Clube gaúcho a chegar a uma final de Libertadores e ser vice da América.
Contudo, o fato das disputas serem regionalizadas até os anos 60, não invalida a fama e grandeza do INTER tida no cenário nacional e internacional.
A curiosidade e vontade de enfrentá-lo pelos clubes de outros estados e países vizinhos era enorme. Ainda nos anos 40, o famoso “Rolo Compressor” era tido como praticamente imbatível, e foi desafiado pelo Flamengo do Rio, em 1947, o qual veio a Porto Alegre e levou uma senhora goleada de 6 x 2, com 4 (quatro) gols de Carlitos. Curiosamente, foi o maior revés sofrido pelo time carioca, fora de seus domínios, até então. A imprensa brasileira, notadamente a carioca, encantou-se com o time visto aqui no sul. E, portanto, ao contrário do que está afirmado no encarte, a grandeza colorada já era notória, bem antes de 1975.
Em reforço ao que afirmamos, segundo pesquisa feita, entre os anos 40 e 60, que antecederam as disputas nacionais, pudemos constatar que o INTER foi um dos times brasileiros a realizar maior número de jogos não oficiais com equipes fora de seu Estado. Computamos 106 (cento e seis) partidas. É possível que tenha havido mais. Também encontramos, pelo menos, 45 (quarenta e cinco) jogos com equipes estrangeiras, especialmente uruguaias e argentinas. A própria seleção uruguaia, quando ainda ostentava o título de campeã mundial, depois de vencer o Brasil no Maracanã, não conseguiu dobrar o colorado em 1953, ficando no empate de 1 x 1. Inclusive naquele mesmo ano (1953), o colorado já ostentava vitórias em torneios realizados em outros estados, a exemplo do Torneio Régis Pacheco, disputado na Bahia, com a participação dos clubes locais (Vitória e Bahia), mais o Flamengo do Rio de Janeiro.
Ainda nos anos 50, mais precisamente em 1956, o INTER foi base da seleção brasileira (tinha 7 dos 11 titulares), vencendo o PAN-AMERICANO de futebol, no México, em confronto final com a Argentina. Para se ter uma idéia do tamanho da conquista, o triunfo de maior grandeza do futebol nacional, tido até então, era o Campeonato Sul-Americano (Atual Copa América), de vez que o 1º Mundial só aconteceu dois anos depois (1958).
E assim, o colorado passou por muitos embates históricos. E lembramos uma dessas disputas (1962), em que perdia no Maracanã por 2×0 para o famoso time do Botafogo, de Manga, Garrincha, Nilson Santos, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo, base da Seleção Brasileira Bi Campeã Mundial naquele ano (apenas Manga e Quarentinha não a integraram) e num passe de mágica, o INTER passou a dominar o jogo e chegar ao empate em 2×2.
Se fôssemos discorrer sobre grandes partidas e triunfos colorados, antes do gol de Figueroa (1975), a matéria tornar-se-ia exaustiva.
Nosso objetivo foi tão somente mostrar ao responsável pelo encarte que, ao exprimir um palpite como o que foi feito, deveria ter melhor embasamento, conhecendo, um pouco mais, a história do Clube. E nisso o INTER tem façanhas de sobra para mostrar.
Poderá dizer que sua intenção não fora a interpretada, mas o fato é que ficou registrada no encarte distribuído aos torcedores.
Quem sabe possamos auxiliar o Jornalista que, ao invés de dizer: “Com o gol de Figueroa o INTER começou a ficar grande”, diga: “Com o gol de Figueroa o INTER tornou-se ainda maior”.
Saudações Coloradas
Heleno Costi
À COORDENAÇÃO DO BAC,
SE POSSÍVEL E POR FAVOR, MUDEM A COR DO EMBLEMA QUE ESTÁ NO MEU NOME!
Alô você!
Mande uma foto tua para o Evandro que ele cadastra para os teus comentários.
Coloradamente,
Melo
Melo,
E falando em Gigantinho, chega a dar tristeza ao vê-lo tão abandonado e nenhuma prática esportiva é nele executada. A pensar que foi nele que o INTER conquistou o título de CAMPEÃO MUNDIAL DE FUTSAL FIFA em 1997, sobre o freguês Barcelona.
O próprio Pauperio deve ter disputado diversos jogos de Basquete, vestindo o manto vermelho. E hoje é isso que se vê.
Se fosse revitalizado, tenho certeza que ficaria, já não entre os maiores, mas entre os melhores do País. Mas, para tanto, deveriam ser retomados alguns esportes que foram deixados de lado ao longo do tempo. E não somente uma casa de shows artísticos como tem acontecido.
SC
Melo,
E voltando ao Gigantinho que já nos deu um TÍTULO MUNDIAL DE FFUTSAL FIFA em 1997, também sobre o Basrcelona, e a Direção não faz marketing a respeito, fico a me perguntar do porquê está tão esquecido e jogado de lado. Uma revitalização poderia deixá-lo novamente entre os melhores do País. E o INTER poderia reeativar alguns esportes que deixou de praticar, a exemplo do Basquete q
Saldanha e Aquidaban,
É isso aí. Simplesmente procuro mostrar dados históricos para mostrar que o nosso INTER foi, é e sempre será grande.
SC
Wilson,
Acompanhei os últimos anos dos Eucaliptos, que não foram tão agradáveis para nós, pois enquanto costruíamos o novo estádio, eles conquistavam títulos. Nunca esqueço daquela derrota frente ao Floriano por 1×0 que nos tirou o título de 1967. Do famoso “saco de arroz” que um fazendeiro presenteou os jogadores adversários. Mas também lembro de alguns grandes momentos como aquele 3×1 sobre o Cruzeiro de Minas, com golaço de chapeuzinho do Braulio.
Mas as glórias maiores vieram com o GIGANTE DA BEIRA-RIO, sem sombra de dúvidas.
SC
Adriana,
Existem tantos colorados por aí (dentro do próprio BAC) que poderiam concorrer ao título de maior colorado do mundo. É verdade!
Gostei da tua sugestão “O GOL DE FIGUEROA SELOU A GRANDEZA DA TRAJETÓRIA DO INTER ATÉ 1975”.
SC
Melo,
Também estava na dúvida, pois lembrava que a Direção dizia, na época, que o Gigantinho era o maior Ginásio de Esportes do Brasil. e pelas pesquisas feitas, tinha razão. No site do INTER consta que sua capacidade é de 14.000 pessoas. O Maracanãzinho, segundo o Google e Wikipedia, foi inaugurado em 1953 com capacidade para 13.000 pessoas. Com as reformas ficou reduzido para 11.800. Enquanto que o Mineirinho ainda não existia (1973), pois foi inaugurado em 1980. Outros grandes ginásios de esportes da época, como o Ibirapuera, também tinham capacidade menor. Hoje, a bem da verdade, existem muitos ginásios novos e maiores. Quanto ao Arnaldo Cesar Coelho nos aplicou mais de uma vez. Lembro que, nos anos 70, o INTER vencia o Palmeiras por 1 x 0, gol de Tovar, se não me falha a memória, e o Ademir da Guia empatou com gol ilegal (impedimento?). Assim o Palmeiras avançou e ficou campeão. Noutra oportunidade, vencíamos por 1×0 e eles viraram para 2×1. Um dos gols foi do zaguiro …Chevrolet que se apoiou no Pontes e fez o gol.
SC
Grande Heleno! Preciso e correto. O verdadeiro pesquisador nos mostra que a grandeza do INTER não pode servir a oportunistas de plantão, nem tampouco a quem chegou atrasado e quer sentar na janela. Tudo posto em seu lugar, Heleno. Parabéns e obrigado em nome de todos os verdadeiros Colorados! SC
Este é o nosso amigo Heleno, histórico vivo do nosso Sport Club Internacional. Que magnífico trabalho. Ao Inter o que é do Inter, ou seja, sua maravilhosa história de lutas, derrotas, vitórias e conquistas! Parabéns Heleno! Como é bom ser colorado!
Q texto e pesquisa maravilhosa Heleno. Fico me perguntando porque tu não participou do concurso maior colorado do mundo proposto pela empresa que planejou todas as atividades da reinauguração do Gigante da Beira Rio e que culminou no jogo da reinauguração contra o Penharol, com algumas questões respondidas ao vivo.
Mas permita-me considérar que uma manchete é apenas um resumo objetivo de parte de uma parte da matéria jornalística.o que for mais importante ou rende um título curioso, que chame atenção e principalmente venda muito jornal.
Sendo assim, e acompanhando teu raciocínio eu alteraria a manchete para:O GOL DE FIGUEROA SELOU A GRANDEZA DA TRAJETÓRIA DO INTER ATÉ 1975.
Meu editor diria que ficoumuito grande e pouco objetiva. Eu responderia que esta ficou mais fidedigna ao passado do clube. No outro dia,o pegar a edição pronta, saindo da forma eu leria a manchete: FOI COM GOL DE FIGUEROA QUE O INTER COMEÇOU A FICAR GRANDE. E por fim o editor diria mastigando o cigarro.O brasil é maior que o Rio Grande, pô. E sob o olhar de todos na redação se esconderia atrás da mesa….
Heleno.
Preciso ir num Cirurgião, mágico, pai de santo ( hoje é o dia deles.), para que tirem de minha memória os anos em que vendia garrafa e jornal para ir de bonde aos Eucaliptus.
Fazer dividas sacrificantes para poder comprar um titulo de Sócio Paraninfo em 1964.
( Aliás estou esperando até hoje o Grande Painel com o nome de Todos Sócios Paraninfos, que colocariam na entrada do Beira Rio.)
E o que diria o meu pai que me levava pela mão aos Eucaliptus para assitir , aos sábados, Grenal de Juvenis ?
E os jogos que fui obrigado a assistir no Olimpico pois os Eucaliptus não podia ter jogos mais “importantes” ?
E as varias Bandeironas que minha mãe fazia para ir aos jogos no mesmo Olimpico ?
Vai ser dificil esquecer tudo isso e falar para meus filhos que tudo que contei para eles, não existiu .
Não seria mais fácil dar uma olhada no DVD dos 100 anos do Inter – Nada Vai Nos Separar ???
Abraços.
Alô você Heleno!
Perfeito, O Inter firmou-se no cenário com aquela vitória, já que conforme tua narrativa, vários registros apontam para ‘feitos relevantes’ bem antes desse feitos. Considere-se o registro de que em 1968 o Inter só não foi campeão brasileiro por causa do “apito amigo” do senhor Aarnaldo Cesar Coelho em jogo no Parque Antartica validando um gol do Palmeiras (Nei) em um impedimento capaz de ser visto em preto e branco e sem a computarização de hoje.Uma ressalva apenas para a citação a respeito do Gigantinho.Ele era sim um dos maiores do Brasil mas ficava em matéria de capacidade atrás do Maracanãzinho e o Mineirinho, aquelas alturas já inaugurados.
Coloraqdamente,
Melo