Tia Asteróide sempre me disse que gosta de ouvir o Alex falar: “-Embora aquela vozinha ridícula, o guri tem conteúdo”, sempre diz.
É verdade. São raras as boas entrevistas de jogadores de futebol. Alex é uma delas. Como também é a do outro Alex, ex-Cruzeiro e Coritiba, agora aposentado. Jogadores são muito lugar0comum na hora de emitir opiniões, quando não são irônicas ou provocativas, nivelando por baixo em termos de conteúdo.
No Inter, além de Alex, há D’Alessandro, sempre um bom papo. Mas o que me impressionou essa semana foram as colocações feitas por Lisandro Lopez: gostei. Quando a entrevista ia se encaminhar para o fim, o jogador pediu para fazer um esclarecimento curioso. “Eu queria esclarecer que quando fui apresentado aqui no Inter, fui apresentado com o número 31. Achei que ia jogar a temporada toda com esse número. O clube mudou meu número. Não fui consultado. Agora sou o número 17. Quero pedir desculpas se algum torcedor comprou a camisa com o número 31, peço desculpas. Foi o clube que mudou o meu número”, esclareceu Lisandro López.
Isso é raro. Disse que não foi consultado e blá,blá,blá… Até aí se entende por causa da numeração da Libertadores, mas gostei da atitude. Depois também chamou a atenção em falar de deslumbramento e falta de foco no Inter.
Também é raro se auto-criticar. Ninguém faz isso. Geralmente se ‘enrola’ e se fica no lugar-comum das mesmas entrevistas de sempre. O gringo mostrou ter personalidade e também evidenciou o que a gente já desconfiava: o Inter é só Libertadores e o Brasileirão é segundo plano, embora entrevistas (Lopez fora)digam o contrário.
O atacante do internacional Lisandro López criticou não só o desempenho do Inter no Campeonato Brasileiro, mas também disse que os motivos do baixo desempenho do Inter é a possibilidade de sondagens de clubes estrangeiros atrapalharem na concentração.
“Todo mundo aqui na cidade só fala na Libertadores”, comenta o gringo. Aí eu tenho medo. Se a Libertadores não acontecer como é que fica? Apenas mais um regional no ano com uma folha salarial mensal estratosférica???
Lopes continuou afirmando que “tudo isso vai levando a relaxar um pouquinho, de não darmos atenção e importância que o Brasileiro merece (…) neste momento começa a abrir a janela de transferências e acho que algumas cabeças ficam talvez um pouco dispersas.” Muito se falou em Dourado, depois apareceu a proposta de Nilmar, Sasha e Valdívia já estão no mercado faz tempo. O gringo tem razão!
Essas coisas me fazem pensar: Por que os clubes de futebol tem tanta dificuldade em entender o que significa planejar? O planejamento consiste em definir um objetivo e traçar a forma como o mesmo será atingido.
Pode parecer fácil, mas se em grandes empresas é preciso trabalhar arduamente, em clube de futebol do tamanho do Inter, os obstáculos para respeitar e conquistar o planejamento, são ainda maiores. Primeiro é a falta de convicção DE UM técnico. Depois A CONVICÇÃO do técnico. Priorizar Libertadores, ganhar o Brasileirão… O que fazer?
Para ser presidente de um clube de grande porte mundial são necessários muitos anos de vivência e outros tantos de trabalho como exigências normais. Para ser presidente do time do coração no BRASIL são necessários apenas alguns fatores: ser um torcedor apaixonado, ou se declarar como tal; Ter tato político para transitar pelas diferentes alas de “conselheiros”; E por último: ser bem visto pela torcida ou parte dela, principalmente das organizadas. Esta admiração muitas vezes se dá por troca de favores duvidosos.
Planejar para empresa é visualizar o cenário presente, projetar aonde se quer chegar a curto, médio e longo prazo. Felizmente o Inter teve isso em 2001 e sua estruturação continua, embora um pouco perdida nos últimos anos, mas ainda é melhor do que muitos outros clubes. Mas o parâmetro não pode ser os outros. O parâmetro tem que ser o mesmo Inter.
No futebol o objetivo é o mesmo para todas as equipes: ser campeão da competição, ou competições, em disputa. Nisso o Inter tem se perdido quando o assunto é Campeonato Brasileiro. O Grêmio não: é convicto nas suas posições. Não ganha muita coisa há 14 anos e segue firme nas suas convicções: os juízes são colorados e há um complô contra eles! Bonito isso.
Em geral, olha-se apenas o curtíssimo prazo. A forma para atingir o título é muito parecida: montar um grupo de atletas capazes, uma equipe competitiva. Parece simples, mas não é. E o Inter tem se perdido nisso. Cuidado! Devemos (re) começar hoje, contra o Santos, a tirar essa diferença de 8 pontos que, segundo Lopez, os ‘dispersos’ colorados ajudaram a construir.
Beijocas…
Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
Inter: no campeonato das paixões és líder invicto e isolado!
Hoje é o dia que temos que marcar tres pontos. de novo é a hora do torcedor… QUANDO NÃO É?.
PS:Já estávamos sentido falta dos pronunciamentos da “Tia Asteroide”.
Alô você Simony!
Pois mais uma vez das uma sacada muito boa. O posicionamento do L.Lopes é digno de registro, pelo conteúdo e pelo posicionamento dele. Dar satisfação ao torcedor parece não ser lugar comum em alguns segmentos, quando isso ocorre é digno de registro e elogios.
Acertas também quando falas em planejamento amplo , o que parece ser um dodoi do Inter há muito tempo, embora em outras áreas que não o futebol ao que parece as coisas estão em processo de mudança, pra melhor.
E hoje é dia de marcar pontos para não deixar a turma da frente disparar. Fico na bronca com essa história de prioridade. Prioridade é vencer e ponto.
Coloradamente, Melo