LEMBRANÇAS DE FATOS PITORESCOS DO PASSADO

O mês de outubro traz à lembrança três fatos pitorescos, ocorridos no mesmo período do passado, segundo consta na história do INTER, relatados a seguir:

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  • A QUEDA DO FORTIM DA BAIXADA: Transcorria o ano de 1944, em pleno mês de outubro, e aproximava-se do 6º GRENAL da temporada, tendo o INTER já ganho 4 e o adversário apenas 1. Contudo, o que estava por acontecer seria o mais importante porque decidiria o título citadino. O colorado já era Tetra e buscava o Pentacampeonato. Os azuis tinham vencido o último GRENAL na Baixada (4×3) e por isso incendiaram a disputa. Ademais, tinham melhorado em relação aos anos anteriores e perder no seu estádio, que passaram a denominar de “Fortim” (pequeno forte), seria muito difícil. Achavam até que o título estava no papo, ainda mais que o colorado não contaria com o goleador Carlitos, em vista de cirurgia no joelho feita a menos de um mês.

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Em toda aquela euforia parece que não se deram conta que iriam enfrentar o temível “Rolo Compressor”, vencedor da grande maioria dos clássicos dos anos 40. Com efeito, o INTER obtivera 14 vitórias contra apenas 4 dos rivais até aquela data. A denominação de Rolo Compressor é atribuída a Vicente Rao, famoso folião carnavalesco e chefe da torcida colorada, vindo depois a se tornar Rei Momo da capital por longos anos a fio.

Além do mais, a torcida colorada comandada pelo próprio Rao era imbatível na vibração, mesmo que o time jogasse em campos adversários.

E assim no dia 08 do mesmo mês aconteceu o clássico, no Estádio da Timbaúva, neutro por ser do Força e Luz e o maior da cidade naquela época.

Para os colorados tornou-se terrível pelas circunstâncias do jogo, eis que ao abrir uma vantagem de 2×0, os diabos rubros, assim conhecidos, no decorrer da partida tiveram 3 (três) jogadores lesionados, os quais permaneceram em campo sem condições, apenas fazendo número. Dentre eles estava Carlitos, que acabou sendo escalado, apesar da recente cirurgia e de não ter treinado no período de convalescença. Mesmo assim, assinalou o gol de abertura. Explica-se que, naquela época, não eram permitidas substituições durante a partida. Iniciado o 2º tempo o INTER fez 2×0, mantendo a vantagem até os 23’, quando o rival descontou e aí, meus amigos, foi um sufoco só, pois os rubros precisavam manter a vitória para serem campeões. Imagine com três jogadores lesionados em campo. Nos 20 minutos finais, postou-se todo na defesa para garantir o resultado e o adversário em cima, sem, no entanto, conseguir o gol de empate, em verdadeira jornada heroica dos colorados. Terminado o jogo em 2×1, o INTER sagrou-se Pentacampeão citadino. Na oportunidade foi distribuído o panfleto de gozação, que está anexo, sob o título: O Fortim Caiu. No mesmo, vê-se o Rolo Compressor destruindo o Fortim da Baixada, quebrando, inclusive, o ovo do sonho tricolor, representativo do título. Essa charge ficou tão consagrada que é ainda lembrada nos dias atuais, tanto no Livro Oficial do Centenário como na Agenda Histórica do INTER.

  • JOGADOR ÁVILA SENTA NA BOLA E LÊ JORNAL: Este conto ou lenda como queiram, não encontramos referências em jornais da época, mas é relatado por antigos colorados e consta, inclusive, na citada Agenda Histórica do Clube.

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Após duas semanas da conquista do Penta citadino, mais precisamente em 22 de outubro, seria disputado o 2º jogo para determinar o Campeão Estadual, entre o INTER (Campeão da Capital) e o Bagé (Campeão do Interior) no Estádio da Timbaúva, de vez que o 1º jogo acontecido na semana anterior (15/10), deu-se em Bagé, tendo o time local vencido por 3×1. E, em tais condições, o colorado precisava ganhar a 2º partida para provocar a prorrogação, sendo este o critério de desempate e, se assim permanecesse, sairia o 3º jogo. No tempo regulamentar deu INTER 6×0. E na prorrogação 3×0. Com isso, veio a conquistar o Pentacampeonato Gaúcho, em 1944. E aí surgiu o tão inusitado e pitoresco episódio, eis que nos últimos minutos da prorrogação, Ávila sentou sobre a bola e começou a ler um jornal tirado do calção. Atitude desaforada de menosprezo ao adversário, considerada válida de gozação para a época. Certamente, nos dias atuais, poderia motivar até a expulsão do jogador por provocação e desrespeito ao adversário. O fato não é só comentado pelos antigos que estavam assistindo o jogo, como consta na Agenda Histórica Oficial do próprio INTER, referida acima, que foi distribuída aos associados em 2007. Portanto, não estou aí para duvidar!

  • JOGADORES DIPLOMADOS – DOUTORES EM FUTEBOL: Em setembro de 1945 o INTER já havia conquistado o Hexacampeonato Citadino de forma invicta, pois à exceção de dois jogos com o Cruzeiro, os quais empatou, venceu todos os demais. Era um time arrasador para todos os adversários, justificando o título de Rolo Compressor. E, na data de 30 de outubro, mesmo antes de sagrar-se HEXACAMPEÃO Gaúcho, cada jogador recebeu o Diploma de DOUTOR EM FUTEBOL, devidamente assinado pelo Diretor do Departamento de Cooperação e Propaganda, Vicente Rao e pela Presidente da Legião de Torcedoras, Alayde Jardim Fagundes. A analogia de 6 (seis) conquistas consecutivas, inédita até então no futebol profissional da América, foi feita com a duração do curso de Medicina, que na época durava 6 anos para formação de um Médico. Daí o nome de “Doutores em Futebol”. Em nossa pesquisa, com dificuldades conseguimos uma cópia do diploma concedido a um dos integrantes daquele famoso time, qual seja, do goleiro reserva Di Lorenzi, que pode ser visto na foto dos campeões (antepenúltimo de pé à direita). Só lamentamos o mau estado de conservação da cópia anexada.Doutores em futebol

Desconhecemos outro Clube que tenha manifestado gesto similar. É bem verdade que, para ser diplomado Doutor em Futebol, devia jogar muito e o colorado daquela época não deixava por menos.

Saudações Coloradas

Heleno Costi

3 thoughts on “LEMBRANÇAS DE FATOS PITORESCOS DO PASSADO

  1. Alô você Heleno!
    Maravilha de relato. Me senti ouvindo meu pai me contando a história do dia em que “seu amigo” Ávila sentou na bola. Como escrevestes, isso nos dias de hoje seria passível de expulsão até, ma s está na história e virou folclore, muito bem relembrado por ti. Mais uma vez parabéns pelo trabalho, brilhante.
    Coloradamente,
    Melo

    1. Pois é Melo, eu, piá lá na bucólica cidade de Guaporé, minha terra, ouvia essas histórias contada pelo meu Pai Fiorello (apelido Gildo) e sua turma tanto na sua fabriqueta,como no café da rodoviária ou mesmo na praça, ficava encantado. Essas e outras histórias muito contribuíram para aumentar a paixão pelo colorado.

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