Generalidades, Desencantos e Encantos.

Reza a lenda que em uma determinada cidade residia um consagrado lutador Campeão Mundial de Boxe, certo dia outro lutador também com belo cartel, porém de menor envergadura, o encontrou recuperando-se de outras lutas. O campeão estava trôpego ou um tanto bêbado e, aproveitando-se da ocasião, o segundo o espancou severamente.

Não passou muito tempo para que ocorresse um novo encontro e a realidade fosse restabelecida, quem é rei nunca perde a majestade, e o velho campeão voltou a ocupar sua verdadeira posição que é fazer seu oponente beijar mais uma vez a lona.

DESENCANTOS

Ao término do primeiro Grenal do Brasileirão tomei uma decisão de não acompanhar como sempre fiz tudo o que a imprensa esportiva gaúcha, através de todas as mídias, abordava, principalmente sobre o Internacional e hoje não tenho dúvida de tratar-se do que mais me desencanta no futebol, superando até as lamentáveis arbitragens que ainda acredito serem frutos de despreparo dos apitadores. Mas as abordagens e o tratamento diferenciado dado aos dois clubes chega a ser constrangedor.

Para um dos lados há um desespero em se criar uma agenda positiva, eles não se constrangem, tem um estádio que já foi comprado umas dez vezes, mas até agora nada de papel assinado. Do outro clube só se vai atrás de problemas de toda a ordem, vendem antecipadamente jogadores por cem milhões em véspera de jogos decisivos de Libertadores, jogadores estão contra o técnico, reuniões secretas e aí por diante. Nossos técnicos são cercados de problemas, o Murici não servia, pois é muito mal-humorado; Abel ofensivista e a boca pequena dizia-se que bebia demais; Diego Aguirre não servia pelo rodízio; hoje o Argel nem Português sabe falar, mas ele tem que dar aula para o Enem ou montar o time? E o pior de tudo é que não vejo uma ação das pessoas que deveriam fazer uma defesa firme e coerente do nosso clube.

Hoje ao amanhecer tentei voltar a minha antiga rotina e ver como estavam sendo tratadas na mídia Gaúcha as coisas do grande clássico ocorrido ontem, comecei cedinho na rádio que tem mais espaço destinado ao futebol e continuei ao longo do dia, onde soube que mais uma vez houve brigas entre torcedores, pretensamente organizados do colorado. Quando o Clube vai achar uma maneira de impedir essas pessoas de acessar o estádio? Será que ainda é utilizado dinheiro arrecadado dos sócios para subsidiar esse tipo de atividade? Também fiquei sabendo que numa área da Cidade um grupo formado por colorados agrediu uma moça, pois ela não quis entregar uma bandeira e sua camiseta do adversário que a mesma vestia, não temos leis capaz de puni-los severamente para impedir tal atitude e inibir futuros transgressores? E as cadeiras quebradas aqui e lá quando vão acabar? Quando vão responsabilizar e punir?

Também fiquei sabendo, através das TVs e rádios, que a derrota não significou quase nada para o rival, talvez tenha sido até bom, que só um que se encontrava mordido queria ganhar e para o outro era indiferente. Achei muito interessante, pois sempre que o Internacional perde um Grenal eu escuto que o clássico é um campeonato a parte, que no mínimo haverá sequelas anímicas. Hoje estou voltando a acompanhar o meu time pela mídia nacional, pois esse período afastado da cobertura da aldeia fez bem ao meu humor esportivo.

Confesso que a baixa auto-estima coletiva reinante nas hostes coloradas tem me preocupado, não estou alienado e também esperava um desempenho melhor do meu Clube, mas daí achar que a cada confronto vamos ser goleados seja por quem for estou fora, não é todo dia que o Real Madri, São Paulo e logicamente o Internacional, por pior que estejam, serão goleados.

ENCANTOS

Estar sempre ciente que cada jogo tem sua própria história, quem morre de véspera é ave natalina. Quem não tiver o devido respeito pelo Internacional certamente será surpreendido e castigado.

Sei que futebol é jogo e que apostaram na Libertadores todas nossas fichas, mas não esqueço que faltou somente um gol, assim como na Copa do Brasil, não vejo como um vexame, pois os adversários eram qualificados. O passivo ficou enorme em virtude do praticamente abandono da disputa do primeiro turno, saída de atletas importantes por vendas, lesões, e outros dissabores ainda maiores que nem vou citar.

A contratação do Argel achei um tanto temerária, pois entendo que comandar um grande clube como o nosso é tarefa das mais difíceis, temo que ele se enforque com a própria língua, pois fala demais, porém sou obrigado, por dever de justiça, a admitir que, com todos os problemas que herdou e outros que talvez tenha implantado, é louvável que ainda lute pela consolação de uma vaga na Copa Libertadores.

Encanta-me a ideia de morrer de pé e lutando, sei que está muito difícil, mas não impossível, vamos lutar por duas vitórias contra dois adversários difíceis, se aparentasse facilidade eu já tinha entregue as fichas, sempre vi nosso time se haver melhor contra grandes adversários, vamos à luta.

Um abraço colorado,

Arioldo Roldan