Como achar um meio termo? Sem se meter de pato a ganso?

Chegando à quarta rodada do Brasileirão e lá vamos nós, como sempre, reinando a ansiedade, angustia e a inconformidade, pois sempre queremos e exigimos o máximo, mas nem sempre as circunstâncias são favoráveis.

Observando o todo, passo a refletir: nós queremos um futebol vistoso e que agrade ao torcedor com espetáculo, muitos gols, belos lances, jogadas de efeito e muito mais, mas a verdade é que ainda não temos elenco para isso. E esse contexto não é aceito pela maioria da torcida no estádio ou em suas salas em frente a seus televisores.

Eu acredito que a maioria dos envolvidos no processo, especialmente os que gerenciam o Clube, devem saber que em alguns setores faltam jogadores mais qualificados. Aí vem aquela pergunta, por que não os contratamos? Por que falta dinheiro ou conhecimento de mercado da bola? Estamos atrasados e vamos correr um enorme risco, pois se fala em outros jogadores a contratar e tem os que chegam a partir de junho. Teremos que torcer para que todos se incorporem e se adaptem imediatamente ao País, Cidade e principalmente ao Clube e ao futebol brasileiro, uma vez que no mínimo dois vem de fora. Sabemos que nem sempre isso ocorre de imediato.

Quanto ao custo na montagem de elenco, o Atlético de Madri acaba de nos dar um belo exemplo de como montar uma boa equipe, pois com um terço dos custos do Real Madri, fez uma final de igual para igual, não seria crime caso tivesse vencido o confronto.

Embora não seja um entusiasta do chamado futebol de resultado, não vejo outra saída de imediato. Vamos ter que ranger os dentes e torcer que continue dando certo, pois até o momento confesso que a soma de pontos tem sido melhor do que eu esperava. Que volte o Rodrigo Dourado, Valdívia e o Seijas, que juntos consigam dar uma dinâmica melhor ao time e que os especulados como possíveis contratados tenham realmente uma qualidade superior.

Quanto ao tão polêmico uso dos três volantes, não creio ser o principal problema e sim como se posicionam e movimentam-se juntamente com a equipe, principalmente os laterais que devem participar com muito mais liberdade das tarefas ofensivas. Que o jogador que está com a bola não pense sempre no companheiro que está imediatamente posicionado atrás, pois o processo de avanço da equipe está muito lento, uma vez que parece que sempre a bola tem que passar pelos pés de todos os jogadores do sistema defensivo, falta verticalidade.

Cabe ao técnico ajustar esses detalhes, ter mais cuidado com a fluência verbal para não causar desentendimentos no grupo, mesmo quando ele tenha razão na essência, mas não no modo de manifestar seu desagrado com determinados atletas e seus destemperos. E ao torcedor, um pouco mais de boa vontade com o técnico, que com o elenco atual se ele incorporar o vamos para dentro deles, certamente ficaremos fora das disputas ainda no primeiro turno, pois ainda não somos ganso.

Para falar em flores, com muito sacrifício, veio mais uma importante vitória, dessa vez contra o Santos e dentro da Vila Belmiro, tarefa difícil para todos, mas muito especialmente para o Colorado que sabidamente até o ano passado tinha um péssimo retrospecto dentro da casa do Rei Pelé e de talvez um dos clubes mais venerado pela sua bela história sedimentada. Muito pela mística de ter feito florescer o melhor jogador de todos os tempos e simplesmente escolhido como o atleta de século, entre todos os esportes.

Num embate muito disputado, mais uma vez vimos nosso recém contratado, novo camisa nr. 01, Danilo Fernandes, fazer uma bela partida. Nas poucas vezes que foi necessário, esteve muito bem. Mais uma vez Willian deu conta da lateral direita, dentre os laterais que atuam no brasileirão não deve nada para ninguém, embora deva treinar para melhorar seus cruzamentos.

Paulão e Ernando, dentro do habitual, estiveram bastante seguros, com raros momentos de indecisão.

Artur, tal qual Willian, teve uma partida equilibrada, e também necessita aprimorar os seus cruzamentos, pois deixa a desejar nesse fundamento, porém não comprometeu.

Fernando Bob, um pouco abaixo do seu rendimento normal, em alguns momentos vacilou, perdeu o tempo da jogada, anda jogando um pouquinho menos do que o habitual, mas não comprometeu e a maior parte do tempo cumpriu suas obrigações.

Chiquinho para mim foi a mais grata surpresa em ralação às caras novas de 2016, muito longe de ser um craque, joga um feijão com arroz, porém muito bem temperado, não sei se vai se manter titular quando chegar o Seijas e retornarem R. Dourado e Valdívia, mas estarei tranquilo quando tiver que ser escalado, inclusive na lateral direita.

Andrigo vai se firmando aos poucos, mas certamente a responsabilidade de ser o principal articulador da equipe ainda me parece um pouco pesada para ele, talvez por isso venha perdendo algumas raras oportunidades de gol, que com passar o tempo não irá desperdiçar, pois tem qualidade.

Gustavo Ferrareis, vem aos poucos tendo oportunidades, também se trata de bom jogador, movimentou-se por todo campo, entregou-se ao jogo, a ânsia em se firmar provocou algumas precipitações, compreensíveis pela sua juventude.

Vitinho é o melhor valor individual do meio para frente do nosso time, seria muito bom se alguém conseguisse convencê-lo a ficar ligado o jogo inteiro, pois em alguns momentos ele torna-se contemplativo, mas quando esteve ligado certamente preocupou bastante o sistema defensivo do Santos, pois dribla com facilidade, tem velocidade e um arremate que leva perigo ao adversário.

Sacha não chamaria de operário padrão, mas de um executivo de excelente produtividade, assim como está arrematando a gol e, muitas vezes com sucesso, é comum apresentar-se dando combate em todos os setores do sistema defensivo, mais uma vez foi de muita valia para a conquista dessa vitória importantíssima, poucos vão faturar três pontos na Vila.

Aylon, sem ser profeta, já havia previsto, terá utilidade nessa longa jornada reservada para 2016; Anselmo ainda pouco observado, mas já deu para perceber ser um atleta de boa imposição física, terá utilidade, pois nessa posição é muito propensa a lesões

Dos reservas só vou me ater mais ao Alex, pois me nego a acreditar que seu problema seja a idade, por ter, em virtude de minha profissão, me submetido a testes físicos até os 54 anos, sei que um atleta de vida regrada não teria uma decadência tão grande aos 34 anos e espero que alguém dentro do clube o faça se reintegrar e conscientizá-lo que jogando o que sabe e pode, seria muito importante para que o Colorado seja um real pretendente à conquista do Campeonato. Quando entrou em campo nota-se ser um jogador diferenciado como todos sabem, mas também é indisfarçável sua contrariedade. Esse é um meio de vaidades e certamente vale a pena tentar aplacá-la, seja de quem for, e manter no elenco um jogador que acredito que no mínimo quinze dos participantes gostariam de ter em seus elencos. Só a cobrança do escanteio no jogo de hoje já justificaria o empenho em resgatá-lo do ostracismo que talvez ele seja o responsável.

Finalizando, digo que foi um jogo parelho, muito disputado, mas certamente não houve crime, se alguém tinha que ganhar, foi feita justiça e mesmo ainda não sendo ganso, como um simples pato, vamos comendo milho pelas beiradas.

Um abraço colorado,

Arioldo Roldan