O tempo e o ídolo

 

Sempre escuto meu pai e meu padrinho – os dois jogaram muita bola pela várzea e foram jogadores excepcionais, além de serem colorados e apaixonados por futebol – falarem do time do Inter da década de 70 e de como aquele time jogava bonito, dava espetáculo e encantava os olhos do Brasil inteiro ao ser tricampeão brasileiro de forma invicta, feito alcançado somente por aquele glorioso time.

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Mas um jogador daquele time era, é e sempre será especial, Paulo Roberto Falcão, um jogador de técnica refinada, maestria incomum e inteligência raríssima, enfim, um jogador completo e totalmente diferenciado, como ficou comprovado pelas inúmeras taças que levantou e títulos e campeonatos que venceu, além de, é claro, ter feito parte da gloriosa e histórica Seleção Brasileira de 1982, onde todos os jogadores eram craques, mas esse não é o tema central do meu texto.

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Falcão era um ótimo comentarista televisivo, do meu ponto de vista, mas queria algo mais próximo dos gramados, foi então que tentou a vida como treinador de futebol, treinou o Inter, clube que o revelou e seu time de coração, por duas oportunidades, com passagens relativamente curtas, muito devido a falta de paciência dos torcedores e dos dirigentes do clube. Foi campeão gaúcho com o Inter em 2011, feito não ter grandioso como os que atingiu quando era jogador.

Paulo Roberto Falcão nos deu três títulos brasileiros nos anos 70 como jogador, poderia ter nos dado esse título também como treinador, afinal esse campeonato nos falta faz tempo, mas não lhe deram o tempo necessário, algo que para alguém do naipe de Falcão, é essencial, afinal ele era inteligentíssimo e se nas épocas em que treinou o Inter tivessem lhe dado o tempo necessário para incutir na cabeça dos jogadores suas ideias, que com certeza eram tão boas quanto às que tinha quando dava show de elegância pelos gramados, ele nos traria essa taça que há um demasiado tempo não sentimos o gosto.

Facão é meu ídolo pessoal, não o vi jogar, infelizmente, mas sempre que ouço alguém falar dele quando era jogador é sobre como era diferenciado. Devido a tudo isso, penso que como treinador – se lhe derem o tempo – fará belos trabalhos e levantará muitas taças, tantas quanto levantou quando era jogador, e espero que todos esses trabalhos e taças que levante sejam no Internacional, justamente pelo fato de que sempre quero o bem do clube, que nesse caso ainda pode ser aliado ao bem estar do meu ídolo.

Quero muito que Bola-bola, como foi carinhosamente apelidado, volte um dia a treinar o meu amado Inter, mas só quero que isso aconteça se lhe derem tempo para exercer suas ideias futebolísticas, se assim for, tenho certeza que teremos grandes alegrias e comemoraremos muitos títulos no futuro.

4 thoughts on “O tempo e o ídolo

  1. Rafael, grande postagem. Acompanhei Falcão durante sua passagem no nosso Internacional desde os tempos de juvenil e posso lhe assegurar que não sei o que o retrata melhor, se o lado pessoal, humano ou a qualidade do futebol que apresentava. Posso lhe assegurar que era um extraordinário jogador de futebol, ótimo companheiro de seus colegas (sempre disposto a ajudar e orientar) e digno defensor das cores de nosso clube. Acredito que seu caráter, sua personalidade e a qualidade de seu futebol, jogado com elegância, inteligência, refino, humildade e empenho, impunha respeito a todos os demais e em qualquer meio. É, foi e será sempre respeitado por todos aqueles que tiveram a felicidade de compartilhar momentos com ele dentro ou fora do campo. Todo mundo tem seus defeitos, o dele, o maior, é gostar tanto do nosso Internacional e, por essa razão, penso que o “cabelo de anjo” não deveria mais se expor a esse “mundinho” questionável do futebol brasileiro atual, que pouco ou nada fazem pensando nos clubes e nas suas torcidas apaixonadas.

  2. Alô você André, seja benvindo a família BAC! PR Falcão, é daqueles jogadores que se eternizaram na história do futebol. Sua trajetória como jogador é impar. Sucesso no INTER, no Roma, na Seleção brasileira. Como comentarista se tornou um analista respeitável pela sua clareza e objetividade. Não conseguiu ainda levar a frente seu projeto como treinador de futebol creio eu, em função de nossa cultura imediatista.

  3. Tive o prazer de assistir toda sua trajetória gloriosa no Internacional e ser um dos grande jogadores da seleção brasileira, quanto o seu desempenho como técnico, nas duas oportunidades teve pouca duração, sendo que na última passagem foi demitido por questões política, pois quando começava a dar um padrão de jogo, foi mandado embora, abraço.

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