Faço parte de uma família de gaúchos, formada por pais e sete irmãos, sendo que desses sete, quatro somos colorados, realmente torcedores do Internacional, já os que torcem fervorosamente pelo tradicional adversário são dois, tendo em vista que a terceira não passa de simpatizante e nem gosta muito de futebol, mas se diz gremista.
Meu pai, falecido em 2014, já perdendo a lucidez no leito do hospital enquanto podia se comunicar continuava a celebrar nosso Internacional. Minha mãe, por questão diplomática familiar, jamais declarou seu clube do coração e mantinha-se como algodão entre os cristais sempre que se estabelecia um embate clubístico, e não foram poucos, quando estávamos todos reunidos, bons e saudosos tempos, isso porque nossos pais já partiram.
Pois há poucos dias, o novo Presidente da FIFA veio a me dar razão em longas e acaloradas discussões, desde 1983 quando algum dos meus irmãos, arrogava-se como Campeão do Mundo, eu lhe dizia que isso não era verdade, pois esse título não existia para clubes, e mais, que quando o criassem, o Internacional ganhá-lo-ia.
Essa tomada de posição da FIFA estabeleceu nas mídias, seja profissionais seja sociais, um debate acalorado e fanatizado, deixando alguns jornalistas e torcedores a ponto de guerra, exceto os do São Paulo, Corinthians e Internacional, os que realmente possuem o Titulo de Campeão do Mundo de Clubes.
Aos profundamente indignados, respeitosamente pergunto, qual o órgão supremo que comanda o futebol nesse planeta chamado terra? Não seria a FIFA? Quando ela ameaça rebaixar qualquer clube brasileiro por não cumprir seus protocolos vale? No caso do colorado foi por protelar uma dívida pelo empréstimo do Silas, ou em 2005 por entrar na Justiça Comum, aí a dona é a FIFA.
Alguns chegam a argumentar em tom irônico, então o Pelé não foi o melhor jogador e campeão do mundo? De clubes não! A FIFA só passou a eleger o melhor jogador do mundo em 1991, Lothar Matthaus foi o primeiro escolhido, então nosso querido Atleta do Século já estava afastado dos gramados há muito tempo, pode ter sido eleito por outras tantas entidades de respeito e Publicações Esportivas.
Quantos Continentes formam a Terra? Não seriam África, América, Antártica, Ásia, Europa e Oceania? Quando é para festejar a derrota do Internacional frente ao Mazembe, aí passa a ter sentido o enfrentamento de mais de dois continentes e vale a flauta, mas quando alguém fala que o mundo, mesmo o da bola, não é somente Europa e América, eles enlouquecem.
Esse é um entendimento que as torcidas do Atlético Mineiro, Atlético Nacional de Medelin e principalmente a do Colorado, tem bem claro por ter vivido a glória de vencer talvez o maior clube do Mundo chamado Barcelona e ter sido derrotado prematuramente pelo campeão do Continente Africano.
Resumindo, quando se disputa Mundial se corre o risco de voltar para casa em terceiro ou quarto lugar, ou se for Intercontinental, volta-se, na pior das hipóteses, vice-campeão. Desde sempre ao acessar o Site da FIFA lá está, São Paulo duas conquistas Intercontinental e um Mundial de Clubes.
Isso desmerece Santos, Flamengo e os demais precursores que venceram o Intercontinental? Claro que não, era a competição esportiva mais importante para clubes, gostaria imensamente que o Internacional tivesse ganhado, quanto antes melhor. Qual a fórmula de disputa mais interessante? É pauta para uma imensa discussão, eu e os torcedores dos dois clubes citados acima, sabemos muito bem que às vezes terá uma pedra no caminho, digo na disputa do Título de Campeão Mundial de Clubes FIFA, que embora todos seus rolos é quem comanda o Futebol no mundo.
Quem sabe diante de tanta inconformidade, possíveis pressões de patrocinadores, imprensa, torcedores, principalmente dos Pampas Gaúcho, a FIFA não junta tudo? Mas que a terra tem mais de dois continentes, isso tem.
Um abraço colorado,
Arioldo Roldan
Arioldo,
Que texto buenacho!
Também não desmereço o título intercontinental de nosso arqui-rival de 1983, eu também gostaria muito de ter ganhado um desses!
Mas campeão mundial, organizado pela FIFA com participação de todos os continentes, só nós Colorados, São Paulo e Corinthians aqui no Brasil.
Muito fácil de entender , seu texto é didático, realista, racional, deveria ser administrado em salas de aula para entendimento de quem não quer reconhecer.
Por que somos zombados por perder pro Mazembe? Por que perdemos? Fiasco sim, mas simples, porque estávamos disputando um mundial com participação de todos os continentes, onde nossas chances variavam de 1º ao 5º. Isso não aconteceu nunca em disputa intercontinental.
O gremista, por mais grandioso que seja o clube, por mais grandes conquistas que tenha, mas não pode estufar o peito e falar que é campeão mundial. Não é!
Nós podemos!
Ah, campeão brasileiro invicto? Só o Inter! Ninguém mais!
Cabe a nós também termos humildade em relação ao papo de segundinos e tal! Também somos e vamos disputar a segundona, fazer o que!
Saudações Coloradas.
kkkkk….o argumento mais tosco de um gremista, que eu li, foi que, se o título do Grêmio (contra os reservas do Hamburgo, que foi a Tóquio com 14 jogadores – tinham 3 na reserva) não valia porque não foi organizado pela FIFA, então o Inter também não foi Campeão Brasileiro porque na época o era organizado pela CBD – Confederação Brasileira de Desportos – e não pela CBF. Só rindo…uma comparação para lá de “inteligente”….então o Brasil só é Bi-Campeão do Mundo porque com o escudo da CBF somente ganhou 1994 e 2002. Em 1958, 1962 e 1970 era CBD.
Honestamente eu não tiro a importância dos títulos dos times Brasileiros – o Santos foi Bicampeão Intercontinental quando o formato era complicado. Tinha que jogar no País do outro time e depois em casa, ou vice-versa, sendo que, no segundo ano, teve que jogar 3 vezes, sendo o terceiro jogo contra o Milan no Maracanã, chamado campo neutro. Lembro que em 1977 o Cruzeiro perdeu de 2 x 0 para o Bayern em Munique e depois empatou em 0 x 0 no Mineirão, sendo que o Bayern desembarcou no dia do jogo no Brasil, jogou e no dia seguinte voltou para a Alemanha. Então, era um formato bem respeitável, diferente daquele modelo que levava os times da Europa e América para um jogo único no Japão.
O modelo atual é muito mais consistente – exceto o fato de colocar um time local mesmo não tendo se credenciado dentro de campo, como foi o caso do Corinthians – e cada vez mais haverá surpresas como foi com o Inter x Mazembe, Atlético x Raja Casablanca e este ano o Atlético Nacional x Yokohama. Chamo de surpresa, porque apesar do “vexame” todos queriam estar lá porque para chegar lá algo muito tem que ter acontecido antes (Libertadores da América).