Chega dezembro e com ele vêm o natal, o réveillon, as férias, depois o carnaval…
Na verdade, o ano seguinte só se inicia mesmo depois de encerradas as folias populares, o grande carnaval. Carnaval é um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante fevereiro ou início de março, durante o período historicamente conhecido como Tempo da Septuagésima (ou pré-quaresma). O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile combinando alguns elementos circenses, máscaras e uma festa de rua pública. As pessoas usam trajes durante muitas dessas celebrações, permitindo-lhes perder a sua individualidade cotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social. As etimologias populares afirmam que a palavra vem da expressão do latim tardio carne vale, que significa “adeus à carne”, significando o período de jejum que se aproxima. No entanto, esta interpretação não é apoiada por provas filológicas.
A expressão carne levare do italiano é uma possível origem, que significa “remover a carne”, uma vez que a carne é proibida durante a Quaresma. Na real o ano se inicia depois das águas de março.
Nada melhor que uma boa enxurrada para varrer as cinzas do ano anterior e então começar vida nova. Nada melhor que as refrescantes águas de março, que esfriam nossa cabeça para enfrentar mais um ano de luta… É verdade que, em cidades como Porto Alegre com problemas tão graves como os de segurança, essas águas são muitas vezes sinônimo de preocupação á todos nos.
Certamente não eram as chuvas que Tom Jobim tinha em mente quando compôs “Águas de março”. A letra de Tom Jobim é basicamente descritiva, reportando uma série de elementos que visam construir a atmosfera desencadeada pelas chuvas num ambiente mais rural. Sendo descritiva, não conta com uma progressão dramática, um desfecho.
A natureza nos fornece, de forma constante, excelentes lições. As estações que se sucedem nos falam da obediência a leis previamente estabelecidas pela Divindade. A fauna e a flora que se submetem ao rigor do inverno, que hibernam, parecendo morrer e ressurgem aos toques da primavera, nos lecionam a perseverança na luta pela vida. Entre as aves, a águia nos traz especial lição. Ela é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos. Mas, para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Aos quarenta anos ela está com as unhas compridas e flexíveis e não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva.
Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas. Voar é, então, muito difícil. A águia, nessas circunstâncias, só tem duas alternativas: morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão, onde ela não necessite voar. Após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só depois de cinco meses sai para o famoso voo de renovação e para viver mais trinta anos. Em nossa vida, também necessitamos de processos de renovação que, de um modo geral, são dolorosos. Para se conseguiu alçar o voo da vitória, devemos nos desprender de costumes, crenças, tradições, vícios que nos mantêm presos ao chão da ignorância.
É, sim, um processo doloroso, porque demanda esforço e vontade. Também um processos de incubação. É preciso se sentir insatisfeito consigo mesmo e desejar crescer um pouco mais. Sentir-se incompleto com um livro só, com um pensamento apenas ou com uma visão somente. É necessário pensar além das ideias comuns e acreditar que se pode mudar, não importando se nos encontramos nos áureos dias da juventude, nos vibrantes dias da madureza ou na esteira da velhice. Sempre é tempo de atender aos apelos do progresso, aprender e melhorar-se. É necessário refletir, trabalhar, estar sempre pronto para aprender e reaprender, não se permitindo jamais o comodismo.
Mas o que isso tudo tem haver com o futebol? Tudo e nada ao mesmo tempo. Se pararmos e analisarmos tudo que se passou ano passado, pode se perceber que há uma transição de tudo que se fez ate agora. O escrete vermelho passou e passa por um estagio de modificação muito grande, e que esta longe de seu ápice. O termo da figura de linguagem da água pro vinho descreve exatamente esse processo. No entanto alguma coisa se mostra como algumas peças que estão aparecendo na zaga, meio campo e no ataque. Um bom xerifão esta a caminho e um centroavante fazedor de gol pode estar sendo criado dentro de casa. É muito cedo ainda para rasgar elogios, porem jogadas ensaiadas já se é possível ver, coisa que não se tinha ano passado. Alias ano passado não pode ser referencia pois não se tinha nada. O ressurgimento e doloroso e demorado, ainda a de se ter muita paciência. Talvez algo que nos humanos não saibamos exercitar com mais frequência. No futebol não há espaço para imediatismo, será preciso muito trabalho por parte diretoria, comissão técnica, dos jogadores e também da torcida. Essa sim calejada, surrada, e ainda ferida por tudo que se sucedeu outrora. Renovação tem origem no vocábulo latino renovatĭo. O termo está associado à ação e ao efeito de renovar (tornar algo no seu estado inicial, deixá-lo como novo, restabelecer algo que se tinha interrompido, substituir uma coisa velha por outra nova da mesma categoria ou natureza, substituir algo). Essa renovação era preciso e urgente espera-se que as águas tragam o novo projeto. É um mundo intermediário, e onde a chuva cai como uma bênção. O projeto, no entanto, respeita o ciclo natural: só é possível começar de fato a construção da casa quando cessarem as chuvas. Com a terra seca e o outono, então uma nova vida pode lançar as bases.
Saudações.
Adriano Garcia
Diretor Regional InterGrande Porto Alegre
Diretor Regional InterGrande Porto Alegre
Bom dia Adriano
Hoje finalmente consegui ler com calma o teu belo texto. Parabéns, amigo, nos força a uma reflexão sobre tudo que aconteceu recentemente, está acontecendo e ainda vai acontecer por um bom período de tempo com o nosso clube do povo. Vai exigir muito trabalho, mas sobretudo muita compreensão por parte da Nação Colorada.
Uma formiga quando cai levanta-se em décimos de segundo. Agora quando um gigante desmorona o reerguimento é bem mais demorado!
P.S.: Confesso humildemente que não sabia desse lance da águia, que faz essa espécie de retiro de cinco meses para recauchutagem e quase dobrar o seu tempo de vida. Vivendo e aprendendo!
Força ao grande Inter!
Olá Amigo Adriano e demais abençoados do BAC.
FONTE DA VIDA –
Letra e Música: DEUS e Dorian Bueno –
A água que jorra lá do céu…
Vem cristalina e cheia de pureza…
Fonte da vida, pra fortalecer…
É a palavra de Deus…
Pra nós vivermos…
Beba desta água milagrosa…
Mesmo que seja apenas uma gota,
Ela vai lhe transformar, deixar fluir…
Este poderoso grande rio…
Dentro de nós,
Ele vai muito crescer…
Pra se tornar, um puro oceano…
A nossa fé, será fortificada…
Para dizer, Jesus como eu Te Amo…
Deus é água,
É vida e a palavra…
Misericórdia e perdão,
Nós vamos ter,
Pela fonte…
Desta dádiva de Deus…
Seremos salvos,
Conforme prometeu.
Amém, amigos Colorados.
Abs. Dorian Bueno
Adriano, muito interessante a tua postagem. As analogias fazem pensar e nos enviam magicamente para o futuro. Em síntese, concordo contigo, essa processo de renovação é difícil e não pode ser encarado com imediatismo. Esse novo Internacional precisa muito da competência e lucidez da nova gestão e a compreensão e apoio irrestrito da torcida Colorada. Apesar da ansiedade e dos efeitos das frustrações dos últimos anos, mantenho minha esperança e confiança que sairemos muito melhores depois do fracasso de 2016.