Governança Corporativa – Poderia ser aplicada nos clubes de futebol?

 

Nesta fase difícil do nosso Inter, está difícil para nós colorados falarmos de futebol pura e genuinamente. Por isso, melhor falar sobre um tema que, se não se aplica ao futebol, lamentavelmente, pelo menos serve para fazer cócegas no nosso cérebro.

Sou um defensor incorrigível da Governança Corporativa. Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

A Governança Corporativa exige quatro princípios fundamentais: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.

Imagem (Yahoo)

#01 – Transparência – Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização.

#02 – Equidade – Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.

#03 – Prestação de Contas – Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papeis.

#04 – Responsabilidade Corporativa – Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazo.

Governança Corporativa é um tema em evidência no Brasil e no mundo quando se fala em eficiência e transparência na gestão de uma empresa.

Governança Corporativa demanda a existência de um Conselho de Administração. Um bom Conselho normalmente é composto de 3 membros indicados pelos sócios ou donos da instituição e por 3 membros externos independentes. Isso garante que interesses políticos não prevaleçam sobre o interesse geral.

Não me surpreendo quando ouço os cartolas e até pessoas da imprensa dizendo que o modelo clube-empresa não funciona, porque, assim como na Política, quando se organiza uma empresa onde os princípios acima são irrevogáveis, a incompetência de seus dirigentes (para não dizer suas irresponsabilidades e irregularidades) ficam expostas de maneira irreversível e inexorável, afinal, nenhum ser humano gosta de ser controlado. Pelo contrário, gosta de controlar os outros.

Eu sonho um dia meu Inter aplicar na íntegra os princípios da Governança e inovar na gestão de um clube de futebol.

Em linha com estes princípios e usando isto como exemplo, outro dia li em uma página de torcedores colorados alguém propondo terminar com as categorias de base, uma vez que de lá nada de bom tem saído, sobretudo pelo alto investimento feito pelo clube. A proposta contemplaria a utilização destes recursos para contratar jogadores prontos. Para mim isso seria como matar a vaca para exterminar o carrapato, porque acredito firmemente que a solução de qualquer clube sempre está nas categorias de base. Demais a mais, se todos os clubes pensarem igual, iríamos contratar jogadores prontos onde? Quem iria preparar os jovens para serem profissionais? Enfim, acredito que se as categorias de base não estão produzindo resultados é preciso diagnosticar as causas e adotar medidas para ajustar, reformular e medir desempenhos de todos os profissionais, como age qualquer empresa em relação aos investimentos e ativos produtivos ou improdutivos.

A aplicação dos princípios de Governança Corporativa com seriedade e honestidade ajudaria os clubes em todas as áreas, disso não tenho dúvidas. Sempre acreditando que resultado é um produto de um conjunto de ações coordenadas.

 

 

8 thoughts on “Governança Corporativa – Poderia ser aplicada nos clubes de futebol?

  1. COLORADOS, SOMENTE A VOLTA DO RESPEITO E MUDANÇA DE ATITUDE PODERÁ MUDAR O ASTRAL DE TODOS!!!

    Sabemos que entre muitos jogadores contestados o treinador Guto tem escalado o que possui de melhor dentro do grupo, e mesmo sendo LÍDER da SÉRIE B, os escolhidos não entendem o que ele pretende independente do esquema proposto e o jogo fica terrível.

    Os ânimos de todos estão exaltados dentro e fora do vestiário e isto não é legal nesta reta final, quando precisamos que o CLUBE esteja em primeiro lugar para alcançar o objetivo de todos que é subir para a Série A.

    Quando os resultados não acontecem dentro do campo como desejam, depois vem o jogo de BOLA de PALAVRAS dos repórteres, diretor de futebol, treinador e jogadores, mas o PRESIDENTE COLORADO tem que entrar neste jogo.

    A aplicação do respeito e a mudança de atitude serão as táticas mais corretas para este tumultuado momento, por que todos precisam ser serenos para não falarem besteiras que possam destruir tudo de repente e agravar muito mais a esta aterrorizante situação que ainda estão metidos.

    Abs. Dorian Bueno, Google+Plus, POA, 08.11.2017

      1. Olá Amigo Naladar!!!
        Grato pelo o incentivo.
        Sinto-me muito bem aqui junto desta grande família BAC.
        Já se passaram dois anos, e eu continuo muito feliz aqui nos comentários.
        Aproveito diariamente estas bençãos de Deus para falar do nosso conturbado Colorado.
        Abs. Dorian Bueno

  2. Alô você Naladar!
    Sua postagem vem com um recheio ótimo. Uma visão de gestão, sem dúvidas. Quer me parecer que determinados setores da atual direção, comungam com sua linha, que é voltada para a modernidade, para a atualidade, visão de gestão, olhar empresarial. Os vícios de um passado recente formam a resistência para a implantação, contudo os passos devem ser dados até que essas “resistências” se sintam desconfortáveis e parem de osbstaculizar o avanço. O fato de ações no CD ter redundado em ações fortes me dão a impressão de que finalmente um grupo de conselheiros resolveu efetivamente realizar seu papel estatutário., e isso pode ser um bom começo,Oxalá se confirme! Parabéns pela postagem.
    Coloradamente,
    Melo

  3. Naladar, parabéns pela tua excelente postagem. No meu tempo de guri se diria que você “tomou sopa de letrinhas”, que significava ter lido, estudado e escrito de forma correta. Li, reli e fiquei pensando a respeito e me lembre de uma frase famosa do grande William Edwards Deming “Não é o suficiente fazer o seu melhor, você deve saber o que fazer, e então fazer o seu melhor” e na sua filosofia de negócios que é resumida nos seus famosos “14 pontos”. É difícil acreditar que no Século XXI ainda tenha gente com mentalidade de séculos anteriores. Concordo plenamente contigo, o nosso Internacional precisa de gente com ideias novas, voltadas à atividade fim, o futebol, mas tratando o assunto como um negócio que envolve um clube ávido a crescer e o sentimento de milhares de apaixonados torcedores. Entendo, mas não compreendo no Internacional, com as receitas que possui, as suas propaladas dificuldades financeiras e, se reais, o imobilismo que ela provoca. Essa maldita “síndrome de mediocridade” e de aceitação da falta de uma posição protagonista, que assolou o nosso clube nos últimos anos, entristece qualquer torcedor Colorado, nessa e em outras vidas. Temos que lutar para modificar essa situação fazendo o chamamento de todos os verdadeiros Colorados para se unirem em um movimento para estudar o que tem sido feito no clube e repensar uma reestruturação completa do Internacional e de todas as suas atividades.

    1. Paupério, obrigado pelo comentário, sobretudo por fazer menção ao grande Guru da TQM, W.E. Deming. Deming, um americano, criador de princípios fundamentais da Total Quality Management, teve nos japoneses seus principais seguidores. Os americanos, com sua prepotência histórica, não aceitaram as ideias de Deming e foram engolidos nos anos 80 pelos Japoneses por causa de Deming. Deming nunca aceitava falar com qualquer pessoa nas empresas. Só aceitava se fosse o CEO ou o Presidente. Deming entende que a aplicação dos princípios da Qualidade requer um grande patrocinador e se este não for aquele que manda de fato, então ele não perdia tempo com assessores e outros asseclas.

      1. Deming entendi bem as dificuldades de comandados aceitarem mudanças e que era necessário o envolvimento “top down”. Apesar de existirem outras alternativas, penso que essa linha de pensamento é a melhor ou a que mais se adequa à prática da Qualidade, pois caso os principais gestores não tiverem os conceitos básicos aceitos em suas mentes projetados na liderança que exercem sobre seus comandados, haverá resistências intransponíveis à mudanças. Mexer na zona de conforto é difícil. Convenhamos, se isso não estiver consciente na presidência do Internacional e em seus diretores, permeando em toda a estrutura do clube, como modo de trabalho de toda a equipe, para atingir metas e objetivos, será impossível gerar uma mudança significativa de rumo e continuaremos de mão em mão, como “cachorro correndo atrás do rabo”.

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