“Temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e,por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “complexode vira-latas”. Estou a imaginar o espanto do leitor: – “O que vem a ser isso?”. Eu explico.
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca,voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no fute- bol.Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sar- dento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. Na jácitada vergonha de 50, éramos superiores aos adversá- rios. Além disso, levávamos a van- tagem do empate. Pois bem: – e per- demos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: –
porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos.
Eu vos digo: – o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez que se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o chinês da anedota. Insisto: – para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão.”
O texto acima consta no livro À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993. do notável Dramaturgo, teatrólogo, jornalista, romancista, folhetinista e cronista Brasileiro NELSON RODRIGUES.
Com ele faço uma analogia sobre o nosso comportamento quando as coisas não vão MAGISTRALMENTE bem ou até mesmo indo bem comparamos. Criou-se uma estratégia de mercado para a venda de mais camisetas porque o universo estava saturado, então, todos os times DO MUNDO (ou quase todos) passaram a adotar o famoso terceiro uniforme. Com o visual exausto das cores tradicionais o mercado já não aquecia como dantes então a novidade seria buscar na história das entidades um fato que justificasse o uso de cores não tradicionais, tudo em nome da receita. Monitorada por uma multi nacional talvez da grife mais famosa do mundo,domingo o INTER lançou o seu aguardado terceiro uniforme. ANTES DE MAIS NADA devo dizer que sim, nossa camisa é vermelha e branca, todos sabemos e a adoramos. Se eu tivesse uma só palavra para definir nossa mais recente camisa usaria DISCRETA. Muitos de nós já havíam visto a tal camisa e particularmente ficava pensado: de que cor seria o calção? Vermelho? Não, mesmo não tendo nenhuma credencial de designer me arrisquei a riscar essa possibilidade e deixei em aberto a possibilidade de um calção branco, mesmo que não me agradasse de todo. A solução encontrada foi melhor ainda, veio o calção cinza no mesmo tom da camisa. Agora o traje todo ficou DISCRETO E ELEGANTE. Pois bem confesso que me surpreendeu o número de colorados descontentes com as peças, direito líquido e certo de cada um. PENSANDO UM POUCO, cheguei a conclusão de que alguns mesmo sabendo ficaram aguardando a camisa vermelha entrar em campo. Nossa camisa é vermelha e branco e assim será, repito. Nosso segundo uniforme é e seguirá sendo o branco com suas variações. Essa, de domingo, era só nossa terceira camisa, e segundo a especulação de mercado não será por muito tempo, só isso. Aí alguém pergunta: – Mas porque nesse jogo? Essa é fácil, até eu respondo sem medo de errar. Maior visibilidade, impossivel, Jogo da TV, 43 mil colorados no estádio, é ou não uma grande vitrine. A SACADA FOI MUITO BOA. TODOS OS TIMES TEM TRÊS CAMISAS, só o meu não tem. Essa frase eu ouvi há um tempinho atrás e se agigantaria com o passar do tempo, TENHO CONVICÇÃO. Pau pra comer sabão e pau pra saber que sabão não se come., não é? Nosso time diferentemente de outros clubes como Fluminense, Bahia, São Paulo não pode fazer uma variação maior por terem somente duas cores. Barcelona, por exemplo, que tem origináriamente duas ores, buscou no Brasão da Catalunha o amarelo e o vermelho para justificar suas novas camisas. Outros tantos fizeram busca igual para justificar a buscza de uma resposta ao mercado. A nossa é CINZA, é SÓBRIA, é ELEGANTE, é DISCRETA, mas talvez meu complexo de vira-latas tenha lutado para que eu não dissesse: É BONITA. Perdeu : É BONITA, gostei.
TENHO DITO!!!
Eu gostei do uniforme cinza. Mas não para usar no Beira Rio. Fora ela se justifica e bem: é bonita, uma homenagem as arquibancadas de onde vem nossa força maior….enfim. Mas senti falta do vermelho.Um detalhe no calção, as meias, sei lá….
O problema é que o nosso complexo de vira-lata está em todas as áreas. Enquanto não abandonarmos de uma vez por todas o “jeitinho brasileiro “ e aprendermos a dar valor ao esforço de cada um, sempre seremos vira-latas, não importando como os outros nos vejam. Quanto à camisa, achei válida a iniciativa do time (mesmo não sendo colorada), destacando que aquele que se identificou vai comprar, e quem não gostou basta continuar com as outras duas camisas. Essa é a beleza para mim: a não unanimidade, mas com respeito à opção do próximo.
No meu ponto de vista, creio que fomos muito longe sem ter um terceiro uniforme. A tendência é mundial e estamos atrasados nesse ponto. É normal em todos os setores, lançamentos inéditos encontrarem desconfiança, resistência e aversão. À primeira vista pode até chocar mas depois se vai tomando gosto. Concordo com a cor. E o principal é o Escudo Sagrado! Vamos Colorado!
Bom, meus caros parceiros de blog, para encerrar (DE MINHA PARTE ) o assunto camisa, eu assumo a carapuça levantada pelo Paulo Melo e digo que tenho, sim, esse complexo de vira-latas, quando o assunto é meu time. Meu time é o Internacional, chamado Colorado (por ser vermelho) e não abro mão de suas cores originais. Que façam muitas camisas de outras cores, ou que usem todos os 50 Tons de Cinza, mas eu não arredo pé da tradição da camisa alvi-rubra. Que a Nike use esse cinza de mau gosto, que está mais para reverenciar e homenagear o exército Confederado da Guerra da Secessão do que com as tradições do meu clube. Respeito o gosto dos que acharam uma bela sacada de marketing. Mas eu não gostei. Como não gostaria de ver este blog Arquibancada Colorada aparecer como Arquibancada Cinza. E se outros clubes adotam esse modernismo, eu não sou obrigado a bater palmas. Meu sentimento de torcedor é único. Pode não ser de acordo com o dos marqueteiros ou de muitos torcedores, mas é meu. Achei completamente fora de propósito ver um estádio com mais de 40 mil pessoas pintando o Beira Rio de vermelho e branco, enquanto o time entrava em campo de cinza. Que até os próprios jogadores disseram que atrapalhou muito a partida. Não gostei da cor da camisa e mais ainda, não gostei do momento em que ela foi usada. Ponto final!
Abraços aos parceiros de blog!
Alô Meu Bruxo!
Estou de pleno acordo com o seu comentário e do Sr Roldan em nossa querência somos habituados a determinada rigidez por menor que seja o deslize mas a imprensa do resto do país se mostra muito mais bairrista quando se trata de comparação nacional. Estava no estádio e inicialmente estranhei a cor da camiseta, faltou um trabalho mais aprofundado do Departamento de Marketing do clube, talvez ainda consternados com a perda do nosso Grande Claudiomiro não atentaram para o detalhe, do momento adverso para tal lançamento mas do que a pouco irão acostumando, e tem que haver um posicionamento do Clube para que os desinformados deixem de falar besteiras.
PRM: tem um ex-atleta que joga no Vinte de setembro, conheces, que foi apadrinhado por um “insano Presidente”, que usa uma camisa cinza do Inter há muito tempo. E ele diz que a camisa já está “dando os doces mas não cansa de remendar, inclusive por ele ter engordado. A camisa era de professores das categorias de base. É de bom gosto, sim, mas, segundo o meu entendimento, ainda gostaria muito de ver o Internacional com uma camisa e calção totalmente Preto. Que redenção! Grande abraço
Olá Melo, faz uns três anos que o Internacional virou o patinho feio do futebol brasileiro com ou sem motivos justos está fácil criticar o Clube, sei que em parte se deve a administração anterior que cometeu muitos erros grosseiros, culminando com fatos que não valem a pena relembrar. Hoje acompanhando a mídia nacional e local só assisti severas criticas ao terceiro uniforme. Na Fox rádio um tal Falcincane chegou a dizer que passou em frente ao Beira Rio e não viu ninguém com a camisa cinza que as vendas seriam um fracasso. O incompetente nem sabia que a camisa havia chegado as lojas no sábado, mas não apareceu ninguém da diretoria para ligar e desmascarar o cidadão desinformando o Brasil inteiro. ontem postei no artigo do Jaldemir e repito, achei bonito o uniforme, creio que o momento da estreia foi inoportuno, pois o uniforme do Palmeiras verde não havia contraste com o cinza, prejudicando a visualização, em clássicos acho melhor preservar as cores tradicionais. Essa foi uma falha do arbitro e não do Inter, tanto que corrigiram no segundo tempo. Também sabemos que não existe almoço grátis, essas empresas fornecedoras de material esportivo aportam milhões de reais nos Clubes e tem que recuperar o dinheiro investido e a popularização do terceiro uniforme é uma das maneiras de serem ressarcidas. É uma pratica desenvolvida por todos os grandes Clubes do mundo e inclusive os brasileiros. Por que só o inter foi alvo de tantas criticas? Também prefiro o vermelho e branco tradicional mas achei bonita a camisa e comprarei uma, abraço.
Alô você Roldan!
Realmente, existe uma tendência a achar que não está certo, isso me intriga. No mundo Globalizado se não se adapta aos passos contemporâneos vem uma crítica feroz por faltar iniciativa para buscar recursos, quando dá um passo qu os maiores clubes do mundo já deram vem critica porque não era o momento, porque a cor não é bonita. Se fosse o Verde a cor preferida era do Palmeiras, se fosse azul…, mas aí o cara acha linda a camisa amarela e até a cinza do Barcelona, por que é o Barcelona. É ou não o Complexo de vira-lata?
Coloradamente,
Melo