Mais uma batalha no entrevero pampiano

É o pior, mas e o mais importante campeonato estadual disputado no Brasil, pois mais de 95% das vezes acaba em um duelo contra o principal adversário e se ganha não é muito valorizado, porém se perde, já começa um pequeno inferno astral.

E hoje nosso enfrentamento é com o primeiro campeão estadual do RS, um Clube de grande tradição e com a torcida mais vinculada, mais fanática por um time do interior dos sul rio-grandenses.

Tenho retido na minha memória seu estádio Bento Freitas, ainda com arquibancadas de madeiras. A primeira oportunidade que tive de assistir um confronto de dois times profissionais e, para minha honra, foi meu Internacional, nos idos de 1977. Não era pouca coisa para um jovem criado na cidade heroica, a pequena, mas agradável Jaguarão, estar diante de vária lendas do futebol brasileiro e algumas de nível mundial, foi uma tarde memorável.

Hoje estiveram mais uma vez em confronto, o primeiro campeão estadual e o maior vencedor do glorioso Gauchão, Brasil e Internacional.

Foi um jogo um tanto previsível, pois o time pelotense não vive seus melhores momentos e o Inter, por sua vez, aos poucos vai se achando. O técnico vai conseguindo implantar sua metodologia de trabalho, a preparação física, que eu temia, e vai conseguindo um ótimo desempenho, pois a exigência física para jogar como prefere nosso técnico necessita de muito vigor físico.

Desde o início obtivemos um amplo domínio das ações, inclusive com desperdícios de algumas claras oportunidades de gol, às vezes por precipitação, outras por pura imperícia, espero que momentâneas, nas jogadas de finalizações.

Nesse item, cabe um destaque ao centroavante Gustavo, o mesmo desperdiçou três chances inexplicáveis. Merece um desconto, pois é sua segunda partida, deve estar sem ritmo de jogo.

Outra curiosidade, foi a estreia do lateral direito Saravia, mesmo não sendo exuberante, teve um bom desempenho, demonstrando bastante serenidade, jogando sério e de forma simples. Dizem que sua maior aptidão é ofensiva, mas na estreia mostrou bastante eficiência do desarme e recomposições, creio que será titular imediatamente.

Danilo Fernandes reapareceu e transmitiu a mesma segurança de sempre, está à altura do Lomba e eu até tenho uma leve preferência por ele na titularidade, embora não veja injustiça na manutenção do Lomba.

Dois zagueiros, que no momento dividem a opinião dos torcedores, pois disputam posição e preferencias da torcida, Moledo conquistou nossa confiança há um longo tempo, Bruno Fuchs para mim é uma bela promessa de um ótimo zagueiro. A diferença dos dois é um melhor desempenho na imposição e jogo aéreo do Moledo e uma melhor técnica e saída de bola do Fuchs. Espero que essa divisão não venha a prejudicar o mais jovem, pois o Moledo com mais rodagem dificilmente irá se abalar com a pressão das arquibancadas.

Inicialmente, foi informado que seria dispensado, mas confesso que nas últimas duas jornadas me surpreendeu positivamente o lateral esquerdo Natanael, participou bastante das jogadas ofensivas, inclusive com jogadas para gol. Nessa quantidade de jogos acho que dá para dizer que temos três laterais esquerdo, talvez não de alta qualidade, mas poucos no futebol brasileiro possuem, Flamengo e quem mais tem essa raridade?

Lindoso, sendo o jogador nota sete que conhecemos, não tirando coelhos da cartola, mas também sem comprometer. Patrick, um dos odiados do momento, começou meio enrolado, foi melhorando e acabou por fazer os gols da vitória.

D’Alessandro não fez um bom primeiro tempo, acho que muito se deve aos dois jogadores de meio, Nonato e Patrick não complementam o trabalho do gringo, dificilmente tocam a bola de primeira e são mais condutores de bola, os meias não se completam.

Guilherme Pato, mais um jovem que começa a ser testado, hoje teve uma participação discreta, mas demonstra personalidade, não tem medo de arriscar chutes a média e longa distância e tem bom enfrentamento no corpo a corpo.

O primeiro tempo começou com o que denominam hoje de jogo intenso, há pouco chamavam de correria e mesmo com 65% de posse de bola, treze finalizações e quatro oportunidades de gol, terminou com placar fechado.

Ao iniciar o segundo tempo o Brasil deu uma leve esperneada e fez alguma umas poucas tentativas de jogadas ofensivas, tanto que aos 8 minutos, Coudet promoveu duas substituições, Thiago Galhardo e Marco Guilherme entraram no lugar de G Pato e Nonato.

Foi suficientemente para D’Alessandro recuar mais ao meio de campo e com os novos companheiros a bola rolar mais redonda e lógica.

Poucos momentos após substituir o goleiro titular, Rafael Martins, o substituto não teve sorte, com cruzamento de Saravia encontrou Patrick que de cabeça tirou o zero do placar.

Aos 23 minutos, M Guilherme cobrou escanteio e novamente Patrick, dos altos dos seus 1,75 m, usando a cabeça, fez o dois a zero.

Aos 35 minutos, o goleador da noite, Patrick dava o lugar a jovem promessa Praxedes, que vai ganhando experiência e tentando abrir espaço entre os companheiros de elenco.

E assim, cumprimos mais uma obrigação e podemos ficar totalmente focados para o primeiro Grenal de Libertadores.