Modelo de gestão: primeiro round

Gostaria de falar de um assunto que vi pouco se comentar em cima dele: a saída de Aod Cunha do Internacional. Vi a entrevista que ele deu ao programa do Juca Kfouri, na ESPN Brasil, e constatei que ele não estava no Clube “à passeio”. Sabia o que falava e dava para perceber que ele sabia onde estava e aonde queria chegar. Na entrevista ele usou uma frase muito corriqueira no meio futebolístico, “no futebol as coisas são diferentes”, referindo-se as peculiaridades na gestão. Peculiaridades essas que talvez tenham sido a causa principal e que o motivaram a saída do primeiro CEO de um clube de futebol no Brasil. Até quando o maior esporte do planeta irá se curvar para os mandos e desmandos de alguns? Pode ser verdade que ele tenha deixado o Inter, realmente, motivado por uma nova e grande proposta de trabalho, mas não vamos nos iludir que as resistências às mudanças existiam nos bastidores?

Pois bem, acredito que o Inter não desistirá da sua gestão profissional no futebol, até porque isso será uma tendência dos nossos clubes, mas até quando eles irão resistir a isso? A Europa já mostrou para nós que o modelo dá certo e funciona, entretanto insistimos que não apliquemos aqui no Brasil. Como o próprio Aod falou na entrevista “devíamos aprender com o que deu certo e também com o que deu errado”, para não repetirmos os erros.

Essa entrevista foi ao ar no último final de semana, gravado na última sexta (dia 06/05), o qual ele explana suas ideia, seus conhecimentos e os projetos do Clube, falando de forma tão clara e objetiva que nem parece que três dias depois não seria mais o executivo chefe do Sport Club Internacional. Perde o Inter, perde o futebol brasileiro que não consegue se impor aos métodos antigos do esporte, com o amadorismo prevalecendo em um negócio dos mais rentáveis no planeta: o futebol.

Vamos torcer que a maré baixa passe logo pela Av Padre Cacique e que os ventos a favor voltem a sobrar dentro e fora do campo.

>> Confira aqui trecho da entrevista de Aod ao programa Juca Entrevista.

Débora Silveira – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
INTER, para sempre eu vou te amar!

7 thoughts on “Modelo de gestão: primeiro round

  1. Também fiquei muito surpreso com esse acontecimnto.Mais um mico para nós. Anunciaram com tanta ênfase a contratação do AOD e agora ele simplesmente pega o bone. Mas estamos vendo os resultados dentro do campo desde dezembro do ano passado. Estamos nos tornando um museu. Vivendo de passado, embora recente. Não ganhamos nada ha muito tempo e continuamos gritando “campeão de tudo”. Mas sabendo dos últimos acontecimentos como renovação de Indio, renovação de D’Alessandro e pior ainda renovação de Bolivar? Pelo amor de Deus onde vamos chegar. Precisamos urgente voltar a utilizar nossas bases (os meninos ganham tudo que disputam) e deixar de trazer medalhões que estão “quebrando” nosso Clube. Acho que a saida de AOD vai por aí e mais as obras do Beira Rio que também estão com cartas marcadas. Ou nos alertamos logo e partimos para a pressão ou nosso futuro será incerto e quem sabe muito horrivel. Vem aí o brasileirão e digo agora antes de começar “NÃO TEMOS TIME”. Este bando de velhos não aguentarão a maratona de jogos. “RENOVAÇÃO JÁ”. Vejam que os que querem reformas estão sendo excluidos. É muito perigoso o nosso quadro. Parabéns Débora e amigos que comentaram este assunto. Abraçao

  2. Débora,

    respondendo a tua pergunta: ” Até quando o maior esporte do planeta irá se curvar para os mandos e desmandos de alguns? ”

    Até o momento em que estes “alguns” não sejam apoiados e tidos como “sumos sacerdotes” por pessoas que são manobradas a bel prazer, inebriadas com o pão seco e o circo que os “alguns” distribuem como “prêmio” por sua fidelidade.

    abraços !

    Puerta

  3. É realmente estranho o passo para trás que o INTER acaba de dar. Mais parece um confronto de idéias do que qualquer outra coisa. Ele queria cortar gastos e isto não se faz em um Clube sem mexer no Futebol e ai provavelmente acaba batendo de frente com os homens do poder e perde o mais fraco, “eu acho”.
    Independente do real motivo, a Débora acerta quando diz : “até quando….”
    Abç

  4. Débora,
    Lembras do dito: “Há alguma coisa de podre no reino da Dinamarca”.
    Pois bem, conhecendo o AOD, o mesmo foi contratado para acertar administrativamente (e financeiramente) os assuntos relacionados ao INTER. A dita profissionalização era justamente modernizar a estrutura de gestão colorada, pois muitos vícios e processos antigos ainda se encontravam nela inseridos.
    Pelo que percebi, o Aod começou a bater de frente: contratos e transação de jogadores, reestruturação do Beira-Rio, racionalização de procedimentos e custos entre outras coisas. Mexeu com a estrutura, que não deixa de estar repercutindo com os péssimos resultados obtidos pelo futebol nos últimos meses. Pelo que acompanhei, a Presidência não conseguiu, ou não teve forças para segurar a barra e implementar a ação proposta pelo Aod, que é um executivo de alto nível e tem fácil mercado de trabalho. Sendo assim, o mesmo pediu o boné e foi embora. Tenho informações que já está empregado em um grande grupo empresarial gaúcho.

  5. Acho q o dinheiro da iniciativa privada bateu de frente com o amadorismo da gestão esportiva. Mas em uma cousa o Aod tá certo. A renda se concentra no eixo rj-sp e tão logo os grandes compradores do exterior não serão tão compradores assim e no Brasil poucos clubes serão grandes de verdade e o Inter segue atras por não fazer parte deste eixo e seria necessario abrir o olho…

  6. Alô você Débora!
    No mínimo, curioso o desfecho dessa história. No meu entendimento uma decisão de demissão, em alguns momentos não combina com o teor da aludida entrevista. Quem tangencia o futebol brasileiro, sabe perfeitamente que condutas repetidas a qual chamamos de vícios chegaram com Charles Müller, se instalaram e foram se aperfeiçoando ao longo do tempo, se é que podemos assim dizer. Gestão é acadêmico, é atual, é a moda o momento enfim. O produto na prancheta ou acabado é muito bonito, mas é extremamente doloroso. Castelos tem que ruir. Paradigmas deverão ser quebrados. Haverão choros e ranger de dentes. Alguém tem que ficar de mau com o mundo se não, não vai. Não é isso? Pode até não ser, mas quando as coisas não são satisfatóriamente explicadas dão asas a imaginação.

  7. Débora, me surpreendi ontem quando li que o AOD já havia deixado o clube. Me surpreendi por que achei que o INTER estava realmente investindo na profissionalização do futebol de forma incisiva. Vejo que ainda existe, por parte de poucos, porém influentes, a idéia de do Beira-Rio feudal. Sem exageros. Estamos vendo isso acontecer dentro de campo quando jogadores em baixa produtividade permanecem no campo, não sei a mando de quem. Quando saímos do estádio em Abu Dhabi, no ônibus que levava os torcedores até o estacionamento dos ônibus particulares, um senhor ao meu lado lamentava dizendo: “Isso era sabido! Todos sabiam.” Era um conselheiro que não lembro o nome. Ele estava profundamente indignado, dizendo que as coisas no Beira Rio funcionam de uma maneira que o torcedor não conhece. Enfim, torço para que meu querido INTERNACIONAL volte ao topo, logo, logo! Um abraço e parabéns pela análise que poucos fariam!

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