Personagens

Existem pessoas que marcam sua passagem pelo seu talento, umas são bafejadas pela sorte diriam alguns ou que o seu destino já estava traçado diriam outras. Existe uma máxima que diz: “O homem certo no lugar certo” ou ele estava no lugar certo na hora exata. Há outros ainda que se utilizam de citações bíblicas ou quase bíblicas como: “Deus escreve certo por linhas tortas.

O gordo Daltro Menezes montou a base do que seria o grande time da década de setenta. Escurinho, Flavio, Paulo Cesar (que a crônica gaúcha, resolveu acariocar e chamar também de Carpegianni porque este foi jogar no RJ e lá já havia um PC, o do Botafogo, também conhecido como Cajú) Cláudio Duarte e muitos outros. Isso foi em 1969. Alguns desses jogadores foram multicampeões, mas dois em especial foram octa campeões gaúchos, Claudio e Escurinho.

Pode-se discutir Claudio Duarte, o Claudião,

tecnicamente eu particularmente o achava lento no enfrentamento pessoal com os terríveis ponteiros esquerdos da época: Nei do Palmeiras, Edu do Santos, Júlio Cesar do Flamengo, Zé Sérgio do São Paulo entre outros. Na contra mão tinha predicados que faziam com que se olhasse para ele de maneira especial. Futebolisticamente, Claudio tinha uma imposição física muito rara, invejável diria eu. Um chute capaz de mandar a bola das cercanias da grande área defensiva até a área adversária, muitas das vezes para encontrar a cabeça do Escuro. Mas das qualidades de Cláudio uma das que mais nos chamava a atenção era a liderança. Uma coisa muito natural. No meio de feras como Figueroa, Manga, Falcão, Lula, por exemplo, Claudio se fazia ouvir e respeitar, quem convivia com ele sabia disso. Essas qualidades e, especialmente a última o levou a ser escolhido como o primeiro presidente do sindicato dos atletas profissionais do Rio Grande do Sul.

Sua convocação para a seleção que disputaria a copa de 1978 era dada como certa, estava no auge, porem uma lesão abreviou sua carreira aos 27 para 28 anos de idade. Ainda tentava a recuperação, mas confidencialmente já se falava que sua carreira estava precocemente encerrada. Depois da saída de Rubens Francisco Minelli, extraordinariamente bem sucedido, o Inter tentou reeditar seus bons momentos de 1976 com Carlos Castilhos em 1977, antigo goleiro da Seleção Brasileira que havia montado um ótimo time no Operário de Campo Grande, MS e na seqüência Carlos Gainete Filho, ex goleiro do próprio Inter, aliás, o goleiro da inauguração do Beira-Rio. Este vinha indicado pelo brilhante trabalho que havia feito em vários times de menor expressão e por fim em um grande, o Bahia.

Em março de 1978, Claudião trabalhava firme no departamento médico do Inter buscando ainda a recuperação de sua lesão. Foi quando o então presidente Marcelo Feijó e o vice de futebol Gilberto Medeiros o pediram para assumir durante uma semana o cargo de treinador do Inter, enquanto eles procuravam substituto para o então técnico Carlos Gainete. Cláudio permaneceu durante quatro meses no cargo e foi o técnico mais jovem a dirigir o Inter com apenas 27 anos. Detalhe, naquele ano o Inter foi campeão gaúcho com Cláudio no comando e, este patenteando expressões como” Pega-Ratão”, uma armadilha que preparava para iludir o adversário. Nesse caso era o homem certo no lugar certo a escrever por linhas tortas sua vitoriosa trajetória. Grande  CLAUDIO ROBERTO PIRES DUARTE, personagem do SC Internacional.

Paulo Melo – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Vamo, Vamo INTER