Sorrisos e Lágrimas

Foi sofrido, dramático, em alguns momentos decepcionante. Uma partida que deveria ser apenas mais uma da luta do Internacional para fuga do Z4, mas foi um jogo para história. Eu esperava nunca mais passar pela aflição do embate entre Inter e Palmeiras em 1999, quando na oportunidade estávamos em situação semelhante, flertando com o Z4. Lembro de estar assistindo ao jogo na arquibancada de frente para goleira onde o atacante Celso escorregou ao cobrar a falta. Foi o suficiente para que a bola pudesse chegar a cabeça do capitão Dunga, o herói daquela noite. Noite que tenho certeza ter ficado marcada na memória de todos os colorados, pois não só títulos marcam a memória do torcedor, mas também partidas como aquela.

Ontem não foi diferente, foram dois tempos de tensão, o Coritiba, amarrou o jogo desde o início, catimbando e simulando faltas. Ao Inter restava tentar e tentar o gol, empenho não faltava e esse é um detalhe que vem melhorando a cada jogo, a garra e a entrega dos jogadores em campo. Tínhamos o controle do jogo, mas faltava o controle emocional, o que é compreensível em tal situação, mas esse descontrole afetava o bom desempenho da equipe e isso era bom somente para o adversário. Ao término da 1ª etapa apesar das dificuldades em campo a torcida que apoiou do início ao fim mantinha as esperanças para etapa final.

Iniciado o 2º tempo não houve melhoras na atuação do time colorado, o tempo passava e a aflição aumentava, no relógio o tempo voava. A torcida percebendo que daquela forma nada mudaria, em uníssono começou a gritar o nome de Valdívia, eram 15 minutos da etapa final, gritos quase desesperados de socorro, pois só a vitória interessava. Roth não tardou atender a torcida, então aos 17 minutos providenciou logo duas mudanças, Valdívia no Lugar de Alex e Marquinhos que substituía Ferrareis. A partir dali a vibração da torcida aumentou cada vez mais, isso ajudou combinado com as substituições melhorou a equipe, o gol parecia questão de tempo, foi quando aos 30 minutos, num lance duvidoso a arbitragem marcava pênalti para o Coritiba. Um milhão de pensamentos passavam na cabeça de cada torcedor e torcedora presente no estádio, aquilo não podia estar acontecendo, mas quis o destino que sim. Toda a esperança que restava estava em uma só pessoa: Danilo Fernandes Batista. E se no pensamento de algum colorado ainda restava dúvida sobre a qualidade do goleiro, essa acabou exatamente no momento em que Danilo defendeu espetacularmente a cobrança, salvando o Inter de uma provável derrota.

Esse lance inflamou ainda mais a torcida, era a volta da esperança e a torcida soube demostrar isso a plenos pulmões, não tinha mais como segurar o Inter e o Coritiba percebeu isso, então aos 40 minutos, num belo lançamento de William pela direita a bola encontraria Valdívia na pequena área, mas antes disso ele foi derrubado por Luccas Claro, era pênalti para o Inter.

Todos colorados ao mesmo sorriam e choravam, era a possibilidade do gol que faltava para acabar com toda a aflição daquela noite, para acabar com toda a ansiedade dos corações colorados. Vitinho tomou para si a responsabilidade da cobrança, enquanto alguns colorado permaneciam atentos para a batida, tantos outro fechavam os olhos de pé ou ajoelhados aguardando o desfecho. E não tinha como ser outro, Vitinho bateu e converteu o pênalti que daria a vitória e tiraria o Inter do Z4.

Não seria na qualidade, na supremacia como todos gostariam que fosse, mas seria na vibração. Uma noite tensa, mas que culminou com alegria. Só um gigante com uma torcida gigante que mora num gigante poderia ter realizado mais um feito como o ontem a noite. Um jogo de que ao final foi felicidades, expressadas entre sorrisos e lágrimas.