Antigamente, eu costumava escrever mais sobre o Inter. Parece algo sem nexo, irônico até, mas na época em que o Inter ganhava menos, eu me inspirava mais. Quer dizer, na verdade, relendo meus diversos textos elaborados ao longo da década de 90 e cuidadosamente guardados até hoje, chego à conclusão de que eram, acima de tudo, grandes desabafos. Chegava dos jogos no Beira-Rio e lá ia me trancar no quarto pra escrever minhas palavras de revolta. Se é bem verdade que ninguém as lia (ou, que ninguém nunca as leu!), pelo menos me traziam algum alívio, apesar de jamais compensarem a tristeza que acompanha uma derrota.
Não vem ao caso publicá-los. Passado é passado. No entanto, seguidamente dou uma relida em um ou outro desabafo. Serve para valorizar ainda mais o momento presente. Dou muita importância a cada segundo vivido com o Inter Bicampeão da Libertadores, pois um dia já chorei imaginando quanto tempo levaria até chegar o dia de hoje.
Só para se ter uma idéia do quanto extravasava minhas angústias via lápis e papel, o texto que escrevi no dia 20 de novembro de 1996, após o Inter derrotar, no Beira-Rio, o Corinthians de Nelsinho Batista que, dias antes, havia abandonado o comando do nosso time rumo àquele que chamara de “time grande”, ocupa 5 páginas de um caderno. Termina com a minha alegria de, naquela longínqua noite, chegar em casa aos berros, buzinando e acordando a vizinhança, com quem queria, mais do que simplesmente incomodar, dividir minha satisfação após a “vingança” contra o Nelsinho!
Pois bem: foi relendo, esses dias, os textos de “revolta” que percebi que em momento algum faço referência a algum sonho do tipo conquistar a América. Meu sonho maior foi sempre ver o Inter conquistar o Brasileirão. E isso também parece irônico: como assim? O que é mais importante, ganhar o Brasil, ou a América e o Mundo? Apesar de achar que são títulos igualmente importantes, acredito que a maior parte da torcida, se inquirida a respeito, diria que uma conquista continental ou mundial é mais relevante para o Clube.
Conquistar a América – e por duas vezes! – é um grande feito. Conquistar o Mundo – e tentar reconquistá-lo! – é uma façanha ainda mais grandiosa! Mas, e o Brasileirão? Para mim, é um campeonato cheio de significados. Foi conquistando-o por três vezes, ao longo da década de 70, que o Inter passou a ser respeitado além do Mampituba, e reconhecido como um dos grandes do Brasil.
Por isso, por mais incrível que pareça, mesmo depois de ter visto o Inter conquistar e reconquistar a América, além de subir no topo mais alto do Mundo em Yokohama, permaneço com o sonho guardado dentro do meu coração colorado (feliz da vida por, hoje, poder escrever textos de pura felicidade!): ver meu Inter conquistar o território nacional, acrescentando a quarta estrela deste campeonato no peito!
Silvia Lacher – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Meu coração é vermelho!
Oi Silvia, lindo texto, mas passado é passado. Acho que o grande mérito da Diretoria do INTER, em 2002, foi pensar o Clube como Empresa e não mais apenas uma paixão. Foi espelhando-se nos grandes clubes Europeus que o INTER traçou os planos futuros aos quais hoje estamos colhendo os frutos. Claro, tudo, desde 1909 tem alguma parcela de colaboração, mas o planejamento foi vital para o sucesso. O Clube/Empresa precisa ter administração em todos os níveis, da base ao profissional. Precisa ter caixa, comprando e vendendo produtos (jogadores), Marketing, organização, enfim, precisa pensar como empresa para atingir seus objetivos, pois isto faz com que conquiste cada vez mais torcedores associados. Ainda seremos presenteados com a reforma do Templo Colorado e partidas da Copa do Mundo.
Graças a Deus o INTER organizou-se e hoje é um modelo Nacional já visto com outros olhos pelo mundo afora.
Quem diria, mas a contratação do Celso Roth foi a melhor de 2010. Um novo profissional, moderno e controlador do vestiário.
Então que venha o nosso Brasileirão de 2010, tantas vezes nos roubado e o Bi do Mundial.
Grande abraço.
Evandro
Alô você!
Fostes tão feliz em teu texto que acho que acabastes me levando de carona nessa tua viagem. Tens o privilégio de transmitir emoções utilizando tua caneta com muito talento. Acabo de passar pelos nossos títulos Regionais, Nacionais. Saudades, nostalgia, orgulho, pintou de tudo um pouco. Parabéns pela coluna.
SC
MELO
Parabéns pelo teu texto !! Relembrar também é viver e prova disso é o discurso dos torcedores da Azenha nos ultimos dias ao dizerem que foram os primeiros a serem Bi da América! Tudo bem… eles foram mesmo os primeiros no RS a conseguir estes dois titulos apesar de esquecerem propositalmente de que também foram os primeiros a viverem o inferno da segunda divisão do futebol brasileiro!! Quanto ao futuro, tenho a certeza de que podemos até aposentar o polvo, pois se não chegarmos como primeiro no Brasileirão, o Bi do Mundial já é nosso !! ( Para a queda de vez da soberba dos que habitam o sopé das catacumbas da Azenha )
Gostei do texto Silvia… senti algo be parecido no que relataste, sentimentos do passado revividos. Mas nada como u dia após o outro… os anos 2000 q nos digam. Só falta reconquistar o Brasil!
Prezada Sílvia tudo em nossas vidas são consequencias de pensamentos e ações.
E no futebol não é diferente.
Nos anos 70 fomos TRICAMPEÕES por termos simplesmente 2 técnicos espetaculares ( Minelli e Ênio Andrade) e uma verdadeira seleção de craques.
Os negros anos 80 e 90 foram consequencia de falta de preparo para as novas situações e muitos desmandos.
Chegando no início dos anos 2000 e um grande susto, mas passada essa etapa, tivemos a assunção de um grupo de trabalho extremamente qualificado, que com grande visão e empreendorismo, nos tirou do poço e nos alçou a patamares, outrora, inimagináveis.
Agora não podemos relaxar e achar que basta.
Vamos lutar e ajudar no crescimento do INTER, para que esses sonhos se tornem realidade logo ali, ao virar para a última folhinha do calendário.
O time, por mérito do Roth, está com sangue nos olhos e lutará pelo BR 2010.
Se não for possível, o BIMUNDIAL não escapará.
E eu, sinceramente, já ficarei satisfeito.
Um grande abraço e parabéns pelo belo texto.
Lembro que meu marido foi aos ultimos 4 jogos do Inter pelo Brasileirão de 99..ele estava lá no jogo do apagão contra o Palmeiras, Ponte Preta,Paraná….lembro do gol do saudoso Maicon Librelato e aquela errada do Leadro que entregou a bola de bandeja pro Cruzeiro liquidar o mata mata na Copa João Havelange eliminando o time do Zé Mário….lembro de tempos dificeis e só serviram pra reafirmar meu coloradísmo e a fleuma de que quem é vermelho nasceu pra ser forte!
Brilhante texto, Silvia. Tu me fizeste viajar no tempo e rever todo o sofrimento passado, da falta de fé em conquistar a América e o MUNDO FIFA. Não tive a tua grande idéia de escrever naquela época. Mas lembro claramente o meu sentimento naquela época. Fiquei curioso de ler as tuas anotações. Qualquer dia traga para eu ler, OK?
Parabéns pelo texto.