A Primeira Vez

Ano de 1972. O dia era 10 de Dezembro, um domingo cheio de sol na capital dos Gaúchos. Este dia ficou eternamente marcado na minha vida.

Eu, ainda um guri, com meus 9 anos de idade acompanhado do meu querido pai, Nelson Frantz, meu irmão Naldo e meu tio Rui Aguiar… entrei pela primeira vez no Gigante (é assim que o pai diz: Gigante). Eu era pura emoção, pois meu coração já pulsava vermelho desde que me conheço por gente. Até aquele dia, eu apenas acompanhava meu time do coração pelo meu radinho de pilha. Mais nada. O radinho era do pai e eu pegava de vez em quando, e pelas transmissões ficava imaginando como seria o lugar onde o Inter jogava.

Eu nem acreditava que estava chegando o momento de eu conhecer a minha segunda casa. Entramos no estádio, eu mau podia acreditar que estava ali. Fomos caminhando devagar tentando achar um lugarzinho nas arquibancadas do Beira-Rio. Sentamos. O pai e o tio resolveram ficar ali na linha da intermediária do gol que fica próximo ao Gigantinho. Sentamos… Eu com os olhos voltados para todas as direções, não queria perder nada, pois o dia era muito especial. Tenho várias imagens bem vivas na memória daquele dia. Jamais me esquecerei o quanto achei bonito quando olhei aquele gramado bem verdinho, tão bem cuidado. A imagem daquelas listras que ficam na grama após esta ser aparada, ficou bem forte aqui dentro. Aquela torcida imensa, cheia de fé, alegre e esperando o time entrar em campo. De repente passa o picolé. Olho pro pai e nada.

Começa o jogo. O adversário é o todo poderoso Cruzeiro do Dirceu Lopes. Eles saem na frente 1 a 0. Depois o Claudiomiro empata. Vem o segundo tempo e o Dirceu Lopes apronta de novo, 2 a 1. O Schneider não defende aquele chute fazendo com que o pai e o tio se olhassem e resolvessem ir embora. Eu e o Naldo, ainda na condição de guris, não tivemos escolha, mesmo contrariados tivemos que sair junto. E o pior é que nem tive chance de tentar o picolé de novo eu consegui. A gente até meio que resmungou, mas eles não mudaram de idéia. E assim, contrariados, levantamos e fomos em direção à saída. Mas assim que demos as costas pro campo o Escurinho empata de novo. Em seguida, ainda no pátio do estádio o Valdomiro decreta a vitória de virada tornando aquele dia ainda mais especial prá mim. E de novo, vejo o picolé passando… mas desta vez então, o pai para nos agradar e compensar que por causa deles não vimos os gols, resolve então comprar dois picolé da Kibon prá gente.

Meu sonho de guri tava realizado. Tinha ido no Gigante. O Inter tinha vencido e ainda ganhei picolé. Obrigado meu pai por ter escolhido o time certo para torcer. A primeira vez a gente nunca esquece.

Nelson Frantz – Columbus, Ohio/EUA
Dá-lhe Colorado!

6 thoughts on “A Primeira Vez

  1. Oi Beto. Fico muito feliz por ter participado de muitos momentos bons na tua vida. Lembro muito bem daquele dia. Desculpe se não tive paciência nem confiança em nosso time; mas valeu a ida ao Beira Rio naquele dia e em todos os outros que compartilhamos as vitórias de nosso time. Um abração aqui de Floripa. Rui de Aguiar

  2. Bem, confesso que não tenho nenhuma recordação deste dia, simplesmente porque eu era muito pequeno. Mas, pela tua narração, imagino que foi um dia muito especial para ti. As minhas recordações desta época, no Gigante, eram as tardes de domingo em que nós e o Tio Rui saíamos lá de casa, em Cachoeirinha, e antes de irmos ao Gigante, passávamos em uma padaria próximo à casa do Tio, e lá ele comprava pão d’água, queijo, mortadela e coca-cola(a coca era colocada em uma garrafa térmica de 5 litros) e assim podiamos fazer aquela lanche no intervalo do jogo, que para mim, como era muito pequeno, era o que mais interessava.
    GRANDE SATISFAÇÃO EM SER COLORADO !!!

  3. Que maravilha, Nelson. Que relato fantástico. Eu não tive a sorte de ter um pai Colorado. mas tive muitos tios que o eram e que me ajudaram a torcer pelo time de minha mãe. Portanto, as lembranças que tenho são junto aos meus tios, dos meus amigos….Hoje levo minhas duas filhas ao Gigante e faço exatamente isto que narraste. Espero que, quando elas crescerem, lembrem-se do paizinho delas dando-lhes picolé e cachorro-quente, e digam para todo o mundo que são CAMPEÃS MUNDIAIS FIFA. Nolci

  4. Meu primeiro jogo foi o grenal do seculo, onde ganhamos de virada. Nunca tinha visto tanta gente junta e achei tudo maravilhoso. Longa viagem, muito calor e sufoco, mas valeu a pena. Tinha na epoca, 10 anos de idade, e graças ao meu pai, Luis Carlos Cardoso, (te amo pai), fui ao jogo e desde lah, sempre estou nos jogos…

  5. Nelson,
    Eu estava neste jogo e lembro bem do gol da virada do Valdomiro.
    Foi um dos grandes jogos que assisti no Beira Rio.
    Bons tempos. Quem sabe comecem a voltar a partir de hoje.
    Abraço
    Heleno

  6. A Primeira vez que fui no Beira Rio?
    Mas é claro que foi na sua inauguração!!!
    Lembro como se fosse hoje…
    E eu tinha somente 9 anos!!!
    Vi o corte da fita simbólica,,,o Primeiro gol que foi do Claudiomiro…
    Estes momentos não se apagam da mente!!!

    Paulo Roberto Carvalho dos Santos
    Sócio 07.966.00-8
    Colorado desde sempre!!!
    pauloroberto@yellowdream.com.br

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