Relação com o estádio dos Eucaliptos
Inaugurado em 1931, fui encontrar os Eucaliptos pela primeira vez no final dos anos 50. Anos duros, afinal o Renner (já extinto) foi o campeão em 1954, o Inter em 1955 e depois outra agremiação de Porto Alegre arrebataria os títulos de 1956 até 1960, consecutivamente.
Primeira alegria
Após esse período difícil, corre o ano da graça de 1961 e eu, orgulhosamente, cursando o 1º ano primário já estou indo ao estádio Ildo Meneghetti (o engenheiro, que mais tarde seria governador do Estado e que fez uma campanha de arrecadação de dinheiro para adquirir o terreno onde fosse construído o estádio)sempre acompanhado de meu velho pai. Ali, daquele nosso cantinho inferior direito das sociais pela primeira vez vi o Inter de Silveira – Zangão, Ari Ercílio, Kim e Ezequiel – Sérgio Lopes (Claúdio) e Osvaldinho – Sapiranga, Alfeu, Flávio (Larry ou Paulo Vecchio) e Gilberto Andrade, ser campeão e se classificar para disputar a taça Brasil (o primata da atual Copa do Brasil). Sapiranga, um alemãozinho muito rápido oriundo do Floriano, hoje Novo Hamburgo, foi o artilheiro com 16 gols.
O Sacrifício do Velho estádio
A instituição crescia, um estádio maior era necessário e aí o velho Eucaliptos que já havia sido sub sede da copa de 1950, recebendo os jogos de México x Iugoslávia e México x Suíça, sofreu a destinação de todos os recursos do Clube para o preparo da casa nova. Nunca mais o velho reduto pode comemorar um título, mas até suas paredes sabiam que o sacrifício valeria à pena.
Encerramento das atividades
Em março de 1969, as vésperas da inauguração do Gigante da Beira-Rio, o velho se despede com uma partida noturna em que o Inter vence o “vovô” Rio Grande por 4 x 1. O eterno ídolo Tesourinha, que já havia pendurado suas chuteiras participa do final da partida. Após o encerramento o antigo camisa 7, retira suas redes simbolizando o encerramento de suas atividades.
O retorno
Nos anos 90 a Direção maquiou o velho estádio, promoveu um jogo de reinauguração (lá estava eu, no meu cantinho inferior direito agora com meu filho e já sem o meu querido pai a me acompanhar). A intenção era de que fosse aproveitado para jogos das categorias de base. Não passou do jogo inaugural somado a um ou outro jogo de menor expressão.
Outras destinações
Nesse meio tempo, o velho “Ildo”, foi kartódromo, cinema, centro de parrilla e por fim quadras de gramas sintéticas para locação.
Reencontro
Fui a todas as atividades que o “velho” proporcionou. Penso hoje que na verdade eu usava como desculpa qualquer dessas atividades a disposição, para me manter em contato com meu passado.
Despedida
Agora vem a notícia da venda do velho estádio, era inevitável. Mais uma vez o velho vai se sacrificar para que o Inter cresça. Lá se vai com ele um pouquinho da minha infância. Os recursos advindos de sua venda, serão destinados ao programa Gigante para Sempre que culminará com a versão 2014 do “Inter na copa outra vez”. Mas agora é definitivo, ele vai desaparecer do cenário. Um dia qualquer uma dessas modernas engenhocas entra na rua Silveiro e Pruuummmm, põe o velho no chão. Eu sei que tinha que ser assim (tinha?), a modernização exige. O poeta Adoniran Barbosa parece ter feito essa canção para ELE: “Saudosa Maloca, maloca querida…”
Obrigado meu velho e querido estádio dos Eucaliptos (Ildo Meneghetti).
Paulo Melo – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado, CAMPEÃO DE TUDO!
Isso chama-se EVOLUÇÃO!! Fica a SAUDADE e a VIDA segue cheia de ESPERANÇAS !!! Precisamos manter o ritmo !!
Alô vc Melo !!!
O ”velho Eucaliptos” e o novo Beira-Rio, são consequencias do amor e da paixão dessa maravilhosa torcida que temos.
A edificação não mais existirá, mas nunca deixará de povoar nossa imaginação, principalmente de quem nunca esteve lá, e sempre viverá com belos e emocionados relatos como o seu, meu amigo Melo.
Tenho certeza de que aquele seu cantinho estará sempre em seu coração e de muitos outros Colorados.
Grande Melo, não vivi essa época, já nasci no Gigante e com o tempo descobri que um dia tivemos uma outra casa ali pertinho das margens do rio. O teu relato me fez imaginar com carinho um tempo em que não vi, só li, mas que foi o começo do Rolo que muitos anos depois vieram a conquistar o mundo.
Fantástico relato, parabéns!
Caro Melo
Apesar de não ter vivido a “Era Eucaliptos” (sou de 1962), entendo o que estás sentindo. Uma lástima os tempos não serem outros, pois ali poderia haver toda uma estrutura, que abrigasse o museu, categorias de base, partidas “menores”, etc. Pelo menos parece que a construtora que adquiriu a área, tem alguma idéia de memorial, ou algo do gênero. Abraços.
Da nostalgia ao passado recente: Qual das capas do filme ABSOLUTO vcs mais gostaram? Eu gostei daquela que aparece o jogador vibrando e o nome já diz tudo: ABSOLUTO. Amei….