Os dez primeiros anos do século XXI se encerrou no último domingo, ao menos para o futebol brasileiro. Considerando o espaço de tempo entre 2001 e 2010, façamos um retrospecto da dupla Gre-Nal neste período:
– 2001: Inter (9.º)/Grêmio (5.º): Uma sina remanescente dos anos 90 ainda rondou o Beira-Rio no princípio da década. O nono lugar era uma constante no Colorado em um campeonato que tínhamos oito classificados para a fase final. O Grêmio, pelo contrário, ainda vivia um momento melhor e por isso conseguia ocupar melhores colocações no final.
– 2002: Inter (21.º)/Grêmio (5.º): Tá certo que o Internacional não caiu, mas o alerta serviu para mudar a história do time. Fernando Carvalho teve muitas dificuldades em seu primeiro ano de gestão, mas, lá em Belém após escapar do descenso, fez uma promessa: “enquanto eu estiver aqui, o Inter jamais passará por isso outra fez“! De fato, cumprido. Já o tricolor gaúcho, ainda mantinha sua força e conseguia chegar nos mata-matas. Respeitado dentro e fora de casa, o time gremista ainda saboreava os últimos laços de força que havia acumulado na década anterior.
– 2003: Inter (6.º)/Grêmio (20.º): Uma nova era se instaurava e a conquista de uma vaga na Sulamericana do ano seguinte fez ressurgir um Gigante. Já no Olímpico, o mesmo sinal de alerta não teve o mesmo som que surtiu no Colorado um ano antes e a “gangorra” do futebol gaúcho mudava justamente ali.
– 2004: Inter (8.º)/Grêmio (24.º – “rebaixamento”): Um campeonato mediano do Inter, sem maiores pretensões. A reconquista da vaga na Sulamericana continuava impulsionando o Clube dentro de uma experiência em campeonatos internacionais, fundamental para seu futuro vencedor prestes a chegar. O Grêmio, em contrapartida, amargava uma das piores fases de sua história com um rebaixamento na posição de lanterna daquela edição.
– 2005: Inter (2.º)/Grêmio (21º – “acesso”): A estrela roubada, um título que será contestado para todo o sempre, até porque o próprio mandatário corintiano disse “o título é de fato e de direito do Inter“. Já no Olímpico, o retorno para a Série A no episódeo “Aflitos”, gerou até um filme. Esta, segundo os próprios gremistas, foi a principal conquista do time no período, justamente o título da segunda divisão em 2005.
– 2006: Inter (2.º)/Grêmio (3.º): Raramente Inter e Grêmio tem retrospectos positivos dentro de um mesmo Brasileirão, eis a exceção à regra! Mesmo campeão da América e focado totalmente no mundial, o time de Abel Braga fez bonito e lutou muito por uma honrosa colocação naquele campeonato. O Grêmio, que vinha da Série B, surpreendeu todos com um bom time logo em seu retorno à elite, garantindo a vaga na Libertadores 2007.
– 2007: Inter (11.º)/Grêmio (6.º): A ressaca dos títulos Mundial e da Libertadores praticamente atrapalharam toda a temporada, tendo restado a Recopa como conquista. Porém, a décima primeira colocação reservou ao Inter uma vaga na Sulamericana do ano seguinte que, de tão perseguida antes da Libertadores, foi conquistada. O Grêmio vinha crescendo e ganhando um espaço que havia sido totalmente tomado pelo rival, mas sucumbiu contra o Boca Jrs. na competição mais importante do continente. Um título ali, poderia ter mudado muito o rumo desta história.
– 2008: Inter (6.º)/Grêmio (2.º): Se o Inter não conquistou a tão sonhada vaga para a Libertadores do centenário, acabou salvando a temporada com um título da Sulamericana. O Grêmio, em contrapartida, estava novamente na Libertadores, mas perdia um campeonato que para os especialistas se encaminhava a cada dia para o Olímpico.
– 2009: Inter (2.º)/Grêmio (8.º): O Centenário Colorado poderia ter consagrado uma gestão muito bem desempenhada pelos dirigentes do Clube, mas o “quase” na Copa do Brasil se repetiu também no Brasileirão, ofuscando um pouco toda uma trajetória de conquistas dentro e fora dos gramados. No Grêmio, continuava imperando o jeito “morno” de jogar fora de casa, muito diferente daquele time dos anos 90. Sua força se resumia “apenas” em casa.
– 2010: Inter (7.º)/Grêmio (4.º): Novamente campeão da américa, o Inter priorizou definitivamente o campeonato mundial, se tornando mero coadjuvante nesta edição do campeonato nacional. O tricolor gaúcho, em contrapartida, virou o segundo turno com a melhor campanha do campeonato, saindo da zona de rebaixamento a uma possível vaga na Libertadores. Mas daí, vai depender de uma derrota do Goiás na quarta-feira que vem, o que é pouco provável.
Enfim, uma década inteira sem um título nacional para os times de Porto Alegre, o que deve ser relevante daqui para frente se levarmos em conta a força e a tradição do esporte no Rio Grande do Sul. Contudo, se fizermos uma comparação no “geral”, a dupla Gre-Nal teve sim um retrospecto muito superior que na última década, encabeçando a tabela por mais vezes e em posições adiantadas… mas o fato é que faltou levantar um caneco, comemorando um título nos pampas.
A grande diferença (me perdoem os gremistas), é que o Inter lutou por títulos, principalmente após a primeira metade destes dez anos, já o Grêmio, se resumiu a comemorar vagas para taças do ano seguinte, chegando ao vexame do rebaixamento, inclusive. Diferentemente dos anos 90, a “gangorra” do futebol gaúcho se inverteu também a nível nacional. Em se tratando de campeonatos internacionais, não há sequer o que comparar e nem o que comentar sobre a superioridade nesta década de um, em relação ao outro.
Que venha mais dez anos, vinte anos, cinquenta anos, cem anos… de muito futebol e rivalidade!
Saudações Coloradas!