Não sou expert em táticas de futebol. Muitas vezes, ao escutar os comentários pós-jogo, tenho a impressão de que pouco sei sobre as funções que alguns jogadores executam, pelos elogios ou críticas que recebem, muitas vezes numa posição contrária à minha visão de jogo.
Lembro-me bem, quando aos meus 16 ou 17 anos, cortava cabelo com o cabeleireiro Nei Oliveira. O mesmo que criou o time TRIANON para partidas beneficentes de final de ano. Ia lá porque ele cortava o cabelo de diversos jogadores. E era uma grande oportunidade de tietagem. Como a segunda-feira era o dia de folga dos jogadores, muitos aproveitavam para cortar o cabelo. E lá estava eu, na fila, não importando ser passado para trás na vez. Afinal de contas, era a oportunidade de ficar um pouco mais de tempo no salão. Mas o assunto não é o meu corte de cabelo, mas o aprendizado que tive com o próprio Nei Oliveira. Um destes aprendizados eu faço uso até hoje, cerca de 30 anos após recebê-lo: olhar o posicionamento do time nos 5 primeiros minutos de jogo. O Nei Oliveira dizia:” É no início do jogo que se percebe a tática adotada pelo técnico para aquela partida“. Ele afirmava que, durante este período, os jogadores ainda estavam com as instruções muito claras, ainda sem terem seus comportamento modificados pelo andar do jogo.
Com base neste parco conhecimento estratégico, vou atrever-me a descrever como vi o INTER no ano passado e, a menos que tenhamos novos talentos e/ou uma mudança conceitual do Celso Roth, deveremos ver repetido em 2011. O esquema será o 4 x 2 x 2 x 1 x 1
Não vou chamar o Celso Roth de retranqueiro, mas que ele é muito conservador, penso que ninguém pode contestar. Desta forma, a defesa terá os 4 zagueiros, excluindo a possibilidade do 3x5x2.
A meia-cancha, como também é do gosto do atual Diretor de Futebol, Fernando Carvalho, deverá ter 2 “cabeças-de-área” padrão. Como isto também agrada o conservador Celso Roth, fecha a parte tática defensiva do INTER 2011.
Os outros 2 meio-campistas devem ter a missão de chegar mais à frente, mas tendo como primeira função a marcação, depois a chegada à frente. Como é difícil ter um jogador com esta aplicação toda, penso que a voz do vestiário deverá fazer valer a função que o técnico acha melhor a ser executada: a marcação.
Na frente, um atacante de movimentação, de velocidade, e um “homem de área”, com forte presença à frente. Ambos, por uma exigência tática do futebol moderno, devem cumprir a função de marcar a saída de bola da defesa adversária.
Não sei se fui claro na minha explanação, mas quis dizer que o nosso time tem um desenho tático conservador, defensivista. A função de marcação é mais bem vista do que a de criação. Analisando o nosso time a partir da meia-cancha, percebo que nenhum dos nossos volantes, Guiñazu e Wilson Matias, possuem o perfil de 1º volante. Entretanto estão lá, escalados com esta função. O outros 2 meio campistas, os mais avançados, são D’Alessandro e Tinga. Este último ainda realiza a dupla função de defender e atacar. Já o argentino, apesar de alguns jogos demonstrar interesse na marcação, não é muito “ligado” nesta função. É o cérebro do time e possui uma técnica invejável. O atacante Rafael Sóbis, que sempre foi um homem de área, finalizador, está cumprindo uma função de armar o nosso ataque, vindo do meio campo na direção da área adversária, pelas extremas. O Alecsandro, que tem o porte de atacante de área, vive saindo da posição e buscando a jogada na intermediária, muitas vezes até realizando cruzamentos para a área. Isto mesmo, o nosso centroavante faz cruzamentos. Para quem ele cruza, pergunto eu? Sóbis? D’Alessandro? Tinga? Parece brincadeira, pois estes três jogadores não possuem mais de 1,75m de altura cada um. Isto me faz crer que temos um desenho tático defensivista e com jogadores não cumprindo as referidas funções. Tem como dar certo?
Gostaria de saber de vocês se estou equivocado ao classificar a tática do nosso time como, digamos, conservador?
Nolci Santos – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado, nada vai nos serapar!!!!
Cauteloso, defensivista ou conservador…Eu defino isso como abdicar da grandeza, administrar o jogo sem objetividade ou como dizem alguns analistas sem verticalidade. A equipe do Juarez Roth tem jogado assim, contra times mais fracos como o inexpressivo e ingênuo Mazembe foi assim, posse bola, toques laterais e falta de jogadas coletivas. Raramente, alguma individualidade tenta alguma investida ao gol. Com a situação atual do grupo, sem reforços de qualidade e especialmente sem as dispensas necessárias, fica a apreensão do que poderemos fazer, considerando que a Direção vive numa letargia e um conformismo de impressionar. Isso tudo a começar pela permanência do treinador e de alguns profissionais “admirados” por ele e pela Diretoria.
Nolci, faltou postar algumas fotos com o cabelinho cortado pelo Nei (brincadeira, hehe). Em relação a sistema táti co, o que mais me chamou a atenção foi a inclusão de 3 volantes. Ora, se tornou-se público que o INTER B de Enderson Moreira adotaria sempre o sistema tático praticado no INTER A de Celso Roth, é só aguarda a apresentação e os primeiros treinos do “A” e conferir, pois tenho o pressentimento de que haverá 3 volantes. Isto é ser defensivista ou “mais cauteloso”?
Bom Nolci, não gostaria de explicar desta forma mas vamos la….
Não acho que nenhum dos nossos volantes tem esta característica de 1º volante. Os maiores talentos que temos são os jogadores de armação ( Giuliano, D’Ale e Oscar), ams mesmo assim o Celso Roth prefere fazer a péssima e velha retranca. Time comigo jogaria para frente, até pq as características dos jogadores que tem no plantel é a de um time que joga no ataque e não na defesa, que por sinal é velha e lenta. Gostaria de saber aonde esta o Dalton que arrebenta nso treinos e nunca é utilizado, alguma coisa tem ae. Mas no resto a formação tática que colocaste esta certa. Eu particularmente chamo ela de tática “chama derrota”.
Abraço
Lamentável, mas parece que o time B também tem o mesmo problema crônico do time A…. Falta agilidade / velocidade no ataque e as finalizações são uma vergonha…. No ano passado cansamos de ouvir que precisávamos trabalhar mais esse aspecto, já que chutamos pouco a gol… se definitivamente não houver mudanças corremos o risco de mais uma vez morrermos na praia…
Olha Nolci sua análise tática é a mesma que eu faço. A esquematização proposta pelo Roth até funcionou razoavelmente nos jogos finais da Libertadores pela velocidade e inspiração do Taison que chegava à frente com mais frequência do que o Sóbis conseguiu chegar nos jogos posteriores, ressalvando-se a sua volta de lesão e característa de área. Mas convenhamos que o conservadorismo do treinador chancelado pela Direção não leva em consideração as aptidões dos atletas do grupo Colorado. Há também carência no apoio mais qualificado dos alas (laterais como queiram). E o que parece ser em tese uma segurança defensiva nos deixa vulneráveis pela ausência de um volante de marcação com posição definida, considerando que o treinador e a direção não perceberam (pasmem) que o Wilson Matias não esse jogador. Sem falar na pérola do “espetacular” que foi muito forte mesmo! Abraços.