A história do Futebol Gaúcho passa, necessariamente, pelo abismo que torna Internacional e Grêmio tão diferentes, partes de realidades completamente distintas, como se fossem times de mundos opostos. As grandes conquistas e o fato de possuírem dois enormes estádios são os únicos pontos em comum entre os clubes. Não há mais qualquer semelhança, nem dentro nem fora de campo.
A forma de gestão, aliás, serve para ilustrar tal abismo. O time da Azenha pagou um mico histórico em cair pela segunda vez na pegadinha do Ronaldinho. Chegou a anunciar o craque no vestiário e começou a organizar uma festa. Quebrou a cara enquanto perdia Jonas, o artilheiro do Brasileirão, nos bastidores. O Inter passou por um processo eleitoral sem grandes desgastes, embora isso fosse inevitável, pois todos queriam a tutela de um dos maiores papões de títulos da década. Dentro de sua filosofia trouxe os reforços e, acertadamente ou não, manteve o técnico, pois é de seu entender dar tempo ao trabalho da comissão técnica. O azuis, depois de perder meses buscando o dentuço, ficaram desesperados por trazer alguém para dar uma resposta. Vejam bem: não se tratava de convicção, apenas a velha rixa do futebol gaúcho.
Agora o Grêmio mira os sócios que o Inter já tem. O Inter busca dobrar. O desafio dos vermelhos é manter a marca do clube no efêmero cenário futebolístico mundial, pelo menos para nós sul americanos. Mas o que esperar da diretoria Colorada, dividida, em fazer um bom time, dobrar os sócios, ficar de olho no rival e tocar as obras de um novo estádio? Aqui, as diferenças entre os dois clubes gaúchos ganham outras proporções.
O Inter sabe o que quer e teve seu planejamento forjado no caminho iniciado por Fernando Miranda, estratégicamente executado por Fernando Carvalho e, agora profissionalizado por Giovani Luigui. O Grêmio, procura se manter grande, mas parece um cego tateando parede à procura da maçaneta da porta em um quarto escuro, sem muita certeza se vai ou se fica. O Inter possui mais de 109 mil sócios e os cargos da diretoria são disputados no voto por grupos consistentes, com projetos para o clube. No outro lado, os interesses pessoais e vaidade estão acima de qualquer coisa, pois até o técnico de lá parece ser um Vanderlei Luxemburgo de bombachas.
A consequência disso é planejamento, esmero na formação das categorias de base, cuidado na hora das contratações e uma elaboração coletiva da estratégia para conquistar títulos em todas as esferas. Nem sempre se acerta (veja os casos de Cleber Pereira, Edu, Bustos, Ilan, Mundial 2010, etc…), mas os acertos são maiores que os erros. O Inter é um dos maiores vendedores e formadores de jogadores do Brasil. O Brasil é o país do futebol…então o hino está certo: “celeiro de ases”.
Por isso, senhoras e senhores, discutir se a barreira abriu ou se fulano perdeu gols é pouco, é não sair da superfície. Insistir na velha máxima de que a torcida precisa chegar junto nos momentos difíceis é caso comum. O “Arquibancada” jamais vaia o time, mas também é preciso lutar para que as coisas mudem de vez.
FILOSOFIA DE CHOCOLEITE: Na quarta feira o Inter tomou o gol de empate aos 49 do segundo tempo no ultimo lance do jogo. Logo após eu pensei: “coisas que acontecem no futebol”. Mas depois, pensando friamente eu já creio que a coisa não aconteceu ao acaso,não foi azar. Se o Inter tivesse um sistema que prendesse a bola na frente o Lauro não seria vazado. Entrou o Rodrigo,o time recuou e o Emelec (óbvio) foi com tudo, pois não tinha nada a perder. Um dia me falaram que o chocoleite de garrafinha era diferente daquele envasado em pet. Falei: -“ Que nada, é tudo igual.” Depois um representante da empresa me confirmou que o leite utilizado era diferente mesmo,etc… O Inter foi a mesma coisa, tipo chocoleite de caixinha, jogou no 4-4-2 (?) com o Zé adiantado, mas o “leite” seria diferente se tivesse o Cavenaghi ao lado do Damião. Com o argentino na frente, teríamos uma outra composição de meio (mesmo com o 4-4-2) e naturalmente o Inter “empurraria” o Emelec para o seu campo como um gostoso achocolatado de garrafa… Ê seu Roth! Beijocas……
Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
Inter: no campeonato das paixões és líder invicto e isolado!
É vamos esperar pra ver os passos dessa gestão em relação ao uso do complexo Beira Rio com essas reformas….
Sim,nem sempre foi assim,reporto-me nos ultimos anos. A gestãoestá sendo primorosa ultimamente,mas o planejamento de grupo..ê TIMECO C.
Alô você!
Irreparável texto. Tanto nas diferenças existentes, onde em minha opinião houve uma inversão de posições nas últimas décadas. Um buscando sempre a novidade a modernidade a atualização, enfim a busca do “Top contemporâneo”. O outro repousando em uma soberba que lhe valeu o atual estágio. A analogia entre o leite e o time foi perfeita.
Um abraço
Simone
Mas essa diferença nem sempre foi assim! Uma vez comprei com uns amigos uma empresa de cosméticos de uma marca conhecida para remontar a marca e revender a empresa. Entre outras coisas fechamos um acordo com Grêmio e Inter para uma deo colônia com a marca dos times. Pois bem, o negocio com o Inter demorou muito mais para fechar e terminou muito mais barato que o da Azenha. por pura confusão da direção do Inter da época!
No tempo do Império Otomano e depois do genro que foi alçado presidente para nao incomodar o sogro na empresa (quando nem isso deu certo virou político 🙂 ), a direção da Azenha sempre foi superior. Nao foi a toa quase duas décadas apanhando!
Aureo